domingo, 27 de março de 2011

O Preço de Uma Vida Devocional - 27 de março de 2011.


Autor: Rev. José Maurício Passos Nepomuceno

A cada dia que passa, constatamos a falta de “devoção cristã”. A queda do interesse pela devoção tem tornado o cristianismo uma religião apequenada, não no número de fiéis, mas na aproximação entre os cristãos e Deus. A mais danosa consequência desta ausência será sentida no modo como os cristãos vivem em meio à sociedade.
Quando encontramos a prática de devoção mais intensa em algum grupo, quase sempre, está ligada a um desvio doutrinário, que procura usar a vida devocional de forma pragmática, na intenção de barganhar valores espirituais. Isso, infelizmente, também colabora para o desequilíbrio no contato com o mundo fora da devoção.
O que seria necessário para que nos dispuséssemos mais facilmente à manutenção de uma vida devocional verdadeira? Como seria essa devoção?
A disposição para uma vida devocional mais completa passa pelo sentimento da “necessidade de Deus”. Essa é a ideia fundamental da vida devocional, ou seja, um sentimento de incompletude que nos faz buscar em Deus a complementação do nosso ser.
O outro lado dessa necessidade de Deus é a consciência do pecado e os seus profundos efeitos sobre nossa mente e disposições mais profundas do ser. Em outras palavras, devemos considerar seriamente que podemos cair na rotina de viver mais fortemente controlados pelo velho homem, que ainda serve ao pecado, do que pelo Espírito de Deus, residente em nossa nova natureza cristã.
Para saciar essa sede da alma na busca de Deus e da mortificação da carne você deve repensar o modo como tem vivido o seu relacionamento com Deus. Identifique os espaços de sua vida que estão ocupados com coisas desnecessárias e que têm influenciado as suas decisões e comportamentos, denunciando a sua falta de proximidade com Deus.
Não existem regras definidas para uma vida devocional. Ou seja, não há uma cartilha que lhe diga o horário, a quantidade de tempo ou os elementos de uma verdadeira devoção. Na verdade, creio que a melhor maneira de vivermos de forma devocional é agirmos como quando temos fome, ou seja, lançamos mão do alimento e comemos. Assim, procure alimentar-se de Deus, quando sente fome de Sua presença. O que acontecerá quando você conseguir viver de maneira devocional? Descobrirá que o seu amor e devoção a Deus são como uma gota no mar e desejará amá-lo mais, sempre mais. Também se aborrecerá contigo mesmo, ao descobrir que o bem que você tanto deseja, não está tão presente em você, quanto está o mal.

domingo, 20 de março de 2011

Jesus Pagou o Preço da Exclusão Social - 20 de março de 2011


Autor: Rev. José Maurício Passos Nepomuceno
Uma das nossas necessidades mais importantes é a da admissão no meio social. De uma maneira ou de outra, o ser humano, dentro de um quadro de normalidade, procura o refúgio de um grupo social, no qual deseja sentir-se aceito e amado. A família é o nosso primeiro e mais importante grupo social.
Na família, o amor que nos é dedicado, em particular nos primeiros anos de vida, ajuda em muitos sentidos a construir nossa auto-estima e personalidade. Ali, o amor é gratuito, natural e quase que totalmente incondicional, pois nossos pais nos amam, pelo simples fato de sermos seus filhos.
Ser excluído dos nossos grupos sociais causa uma grande e terrível dor. Um inexplicável sentimento de tristeza nos acomete quando somos alijados da condição de pessoas queridas e amadas e passamos para o grupo dos esquecidos, negligenciados e  abandonados. Pior ainda, é quando nos tornamos parte daqueles que são ignorados e odiados pelos outros.
A irmandade de fé é um grande alívio para todos nós que nos tornamos cristãos. Porque o caminho natural para quem desejar viver fervorosamente o seu cristianismo é ser preterido na sociedade humana. Paulo chega a dizer a Timóteo que a perseguição é certa para quem viver piedosamente e Jesus não nos escondeu o fato de que o mundo nos odiaria. Portanto, manter comunhão com os irmãos de fé será o refúgio para a nossa saúde emocional, mental e espiritual.
Mas, agora pense um pouco em Jesus. Num certo sentido, ele era um homem muitíssimo solitário. Ele jamais se refugiou na solidão por qualquer anormalidade no seu comportamento, mas acabou sendo obrigado a ela muitas vezes.
Jesus foi preterido pela sociedade judaica, quando lhes disse ser o Messias; abandonado pelos seus amigos, quando preso pelos guardas romanos e questionado e tratado como louco pela sua própria família (mãe e irmãos). E, quando na sua maior dor, a Cruz do Calvário, ele estava completamente só.
Jesus pagou um elevado preço! Pois, como homem, ele precisava de companhia. No Getsemâni, pediu aos seus discípulos que ficassem com ele e orassem com ele, pois sua alma estava angustiada. Eles, entretanto, dormiram e não puderam acompanhar o amigo até o fim.
Pode ser que, em algum momento da nossa vida, a exclusão do meio social seja o preço a ser pago. Isso é o que já acontece com os crentes que vivem nos países onde há intolerância à nossa fé. Hoje, enquanto o mundo descamba para uma excessiva permissividade na ética e na moral, por isso seremos testados nesse processo de exclusão social. Você está disposto a pagar esse preço?

domingo, 13 de março de 2011

Jesus Pagou o Preço das Dores na Alma - 13 de março de 2011

Autor: Rev. José Maurício Passos Nepomuceno
Às vezes, parece ser muito simples dizer: Jesus Cristo morreu por nós. De fato, a frase sugere um conteúdo simples no qual devemos crer. Não obstante a simplicidade da fé, a obra de entrega de Jesus custou-lhe muitíssimo caro e foi um trabalho de grande complexidade em todos os sentidos.
O profeta Isaías nos diz assim: “Todavia, ao SENHOR agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado” (Is 53.10). Em outras palavras, para Jesus a morte na cruz não era apenas o final de sua vida biológica, mas apresentava-lhe muitos outros desafios. O mestre sofreu dores no corpo, mas também profundas dores na alma.
Ao SENHOR agradou moê-lo - pode parecer uma simples frase de efeito, mas não é! Jesus foi triturado em sua alma. Ele, que nunca experimentara a falta de comunhão com Deus, que nunca vivera um segundo sequer sem a presença de seu Pai Celestial, por alguns momentos no Gólgota teve roubada completamente a alegria da comunhão com Deus. Por isso, desesperadamente ele clamou: “Lama Sabactani?” (Por que me desamparaste?)
Ele não estava reclamando com o Pai, nem desabafando contra o seu bondoso Deus. Mas à sua procura, como uma criança, em um lugar escuro e desconhecido, clamou pelo Pai.
Fazendo-o enfermar - o pecado atinge o homem no mais profundo do seu ser, a sua alma. Jesus não sabia o que era sentir isso, não podia sabê-lo, pois não pecou jamais. Nunca o pecado lhe fizera uma só ferida na alma. No entanto, ao ser levado à Cruz e sentir o golpe da perda de comunhão com Deus, pesaram-lhe na alma todas as feridas que os nossos pecados podem causar à alma de um homem. De uma só vez, ele foi golpeado pela morte espiritual, produzida pelos pecados do seu povo.
Por que Jesus suportou tudo isso? Por que não ouviu o que disse o ladrão e saltou daquela cruz, simplesmente derretendo os soldados com seu poder?
Jesus suportou tudo isso por amor a mim e a você. Porque esse preço não nos seria possível pagar, então, Ele firmemente sofreu em nosso lugar. Por mais que soframos nesta vida, temos o privilégio de dizer que da maior de todas as dores e do pior dos sofrimentos fomos libertos, por aquele que nos amou e pagou o preço por nós.  

domingo, 6 de março de 2011

A Multiplicação do Cuidado e o Reino de Deus - 06 de março de 2011

Autor: Rev. José Maurício Passos Nepomuceno
Entre tantas tarefas destinadas à Igreja, uma tem se tornado cada dia mais importante: o cuidado com as pessoas. Pois, infelizmente, a correria e todas as preocupações da vida, fazem com que passemos pelas pessoas sem percebê-las, não lhes dando atenção.
O texto de Lucas 9.10 a 17, que trata da primeira multiplicação dos pães, nos fornece uma oportunidade singular de reflexão sobre a importância do “por a mão na massa” quando o assunto é cuidar do nosso semelhante, em particular, dos nossos irmãos na fé.
De uma forma geral, há muita semelhança entre o que acontece conosco e o que se passou naquela tarde, na cidade de Betsaida. Depois de um longo dia de cuidados pastorais e ensinos, os discípulos de Jesus perceberam que a multidão estava faminta. Eles tinham uma receita pronta: “Manda embora a multidão para que possam ir aos campos ...e encontrem comida” (Lc 9.12).
Em outras palavras: “Senhor, nossa parte já fizemos, agora deixe-os correr atrás de suas necessidades pessoais, é o papel deles”. Infelizmente, para muitas pessoas é assim que deve ser. Mas a resposta de Jesus vai noutra direção: “Deem-lhes vocês algo para comer” (Lc 9.13). Para Jesus, cuidar dos seus irmãos, até mesmo nas suas necessidades básicas, é função dos verdadeiros discípulos.
Não se tratava de ter ou não recursos. Possuir recursos era um tema definidor para os discípulos, mas, para Jesus a questão era o desenvolvimento de uma visão clara do papel dos discípulos no que tange a estender as mãos e trabalhar em favor do próximo. Talvez, o despertar do amor prático seja um milagre mais difícil de se fazer que a multiplicação dos pães e peixes.
Os discípulos apresentaram suas impossibilidades, isto é, seus pequenos recursos diante da grande demanda que se apresentava no desafio de alimentar a multidão. Jesus, por outro lado, nos prova que, em obediência a Ele no serviço ao nosso próximo, nossas impossibilidades são superadas pelas possibilidades dEle.
Na verdade, quero chamar a atenção para a ligação fundamental entre o crer e o agir. Somos chamados para mostrar o nosso crer, através do nosso agir. O cuidado com o nosso irmão é o resultado mais maravilhoso da nossa fé, pois a torna completamente eficaz, revelando, em última análise, que milagres acontecem também dentro de nós, onde o Reino de Deus está se formando dia-a-dia.
Você já viu isso acontecer em você?