Nos dias do Imperador Constantino, a mudança da Capital do Império levou para o Oriente, mais particularmente para a cidade de Bizâncio, depois Constantinopla, o centro das atenções, fortalecendo, desta forma, a influência e a política da parte oriental do Império Romano.
Depois de Constantino, no final do IV Sérculo, Teodósio assumiu o Império e é ele quem declarou o Cristianismo como a religião oficial do Império. Após sua morte, o Império se dividiu ainda mais, uma vez que seus filhos separaram a administração imperial entre Roma e Constantinopla. A cultura e a língua grega prevaleciam na parte Oriental e o Latim e a cultura romana no Ocidente.
O Cristianismo, por sua vez, continuava sendo único nas duas partes do Império, mantendo-se como a principal razão da unidade imperial, mas não escapou às mesmas influências culturais que, aos poucos, faria distinguir as Igrejas do Ocidente e do Oriente. Pode se dizer que a igreja ocidental, influenciada pela cultura romana, tinha uma percepção mais prática da teologia. Já a igreja oriental, por usa vez, tinha uma atitude mais reflexiva e experiencial.
Essas diferenças começaram a ser vistas também na teologia das duas partes do Cristianismo. Os Ocidentais, seguindo a tradição de Agostinho, preferiam a autoridade objetiva das Escrituras e os Credos escritos, assim como a tradição magisterial da igreja, especialmente na ascensão do Papa Gregório, o Grande.
A igreja oriental, buscou na teologia de Orígenes sua maior influência e orientação, resultando numa forte doutrina mística-racional, que favorecia a liturgia da Igreja como a principal forma de seu cuidado cristão. Desta forma, a tradição da liturgia cristã tornou-se central para a Igreja, fortalecendo seu conceito de ortodoxia litúrgica.
Essas diferenças continuariam distinguido as duas tradições cristãs e com o fortalecimento do papado ocidental culminaram numa grande controvérsia quanto à uma mudança ocidental do “Credo Niceno”, entre os séculos IX e XI. Os orientais acusavam os romanistas de acrescentarem a expressão “e do Filho” na frase sobre a processão do Espírito Santo: “Creio no Espírito Santo, Senhor, doador da vida, e procede do Pai e do Filho” (controvérsia Filioque). Por isso, os cristãos orientais se diziam “ortodoxos”, uma vez que se mantinham fiéis ao Credo Antigo, sem mudanças. Isso gerou o cisma de 1054d.C.
As tradições cristãs da alta idade média, infelizmente se apegaram na construção teológica do período medievo, em lugar de fazer um movimento de volta às Escrituras. Um retorno às Escrituras deveria ter sido a sua estratégia para reconstruir o elo de unidade. Diferentemente disto, a Reforma Protestante fará na busca de um retorno às Escrituras a sua maneira de tentar reconstruir a unidade e a identidade da Igreja.