segunda-feira, 27 de agosto de 2018

O Canto da Justiça

Conjunto Instrumental "Eurípedes Rodrigues de Carvalho"
da Igreja Presbiteriana  Vila Formosa
A música é uma das mais poderosas ferramentas pedagógicas da humanidade. Calvino a considerava um valioso instrumento do culto a Deus:  E na verdade, conhecemos por experiência que o canto possui grande força e poder de comover e inflamar o coração dos homens a invocar e louvar a Deus com zêlo”(Pensamento Social e Econômico de Calvino -  André Bieler, 1990, pág.577).
Os Salmos formam um precioso hinário do Antigo Testamento e eram usados para ensinar, exortar e conduzir o povo de Deus no amor e temor do Senhor. Podemos dizer que um dos temas centrais dos salmos é "a justiça do povo de Deus". Não sem razão, o Salmo 1, anuncia que “O Senhor conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios perecerá”(Sl 1.6).
A justiça do Reino é cantada em muitos dos salmos e esta justiça é decorrente da própria natureza de Deus. Os justos prezam pelo caminho da justiça, por isso, os salmos celebram a justiça: “A minha língua celebrará a tua justiça e o teu louvor todo dia”(Sl 35.28).
Meus irmãos, a música cristã não tem como finalidade distrair, entreter e alegrar os homens, mas ensinar e fazer aprofundar em nossa alma a justiça do Reino: “Eu também te louvo com a lira, celebro a tua verdade, ó meu Deus; cantar-te-ei salmos na harpa (...) Igualmente a minha língua celebrará a tua justiça todo o dia”(Sl 71.22-24).
A música na igreja é mais que um “embelezamento” da liturgia. Antes, ela deve ser usada com o propósito de levar o povo de Deus à justiça da Lei do Senhor. Por isso, devemos executar nossa música com arte e com temor a Deus. A música da igreja deve cantar a verdade da Palavra e ser usada com muito temor. 
Cantar a Justiça do Reino e ensinar o caminho da retidão aos justos é um trabalho pedagógico ao qual a música cristã deve se prestar. Para tanto, o que precisamos investir nesta área é que homens e mulheres que amem e pratiquem a justiça, conforme as Escrituras ensinam, estejam à frente e sejam nossos líderes, compositores, interpretes etc. Músicos devem se especializar na arte musical, mas músicos da Igreja, devem antes, trilhar o caminho da justiça.

(Publicação em comemoração ao 20º aniversário do Conjunto Instrumental Euripedes Rodrigues de Carvalho da IP Vila Formosa).

Autor: Rev. José Maurício Passos Nepomuceno


sábado, 18 de agosto de 2018

A Vitória Que Vence o Mundo

Cena do filme "The Pilgrim Progress"
Em dias de muita luta para a Igreja cristã, João escreve sua primeira carta com um nítido enfoque de incentivar a igreja a manter-se firme em sua fé e, para tanto, propôs algumas maneiras de nos certificarmos se estamos ou não andando firmes na verdade. 
O apóstolo desafia a igreja a manter firme sua confissão de amor a Deus, por meio do seu empenho de amar o próximo de forma verdadeira e concreta. Ele também provoca a igreja pelo teste da santidade, uma vez que o filho de Deus não pode amar o mundo e sua concupiscência. Por fim, para João, o crente demonstra sua fé por meio de uma doutrina verdadeira, segundo as Sagradas Escrituras.
O tema da Vitória é muito importante para João, especialmente quando lemos o livro de Apocalipse, onde ele repete insistentemente um conceito sobre a vida cristã: “Ao Vencedor” (Ap 2.7; 11; 17; 26; 3.5; 12 e 21). O próprio Senhor Jesus é o “Grande Vencedor”: “Pelejarão eles contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, pois é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão também os chamados, eleitos e fiéis que se acham com ele” (Ap 17.14)
Para João, a nossa vitória é vitória sobre o mundo, isto é, ele considera que a vida cristã é uma batalha dos filhos de Deus contra as estruturas pecaminosas que organizam o mundo apóstata. O cristão não deve se deixar moldar pelo pensamento deste mundo e usar as armas do mundo como instrumentos de sua batalha. Vencer, para João, é confiar que viver de forma reta, justa e santa, conforme nos ensinam as Escrituras, é o único modo que nos leva a agradar a Deus: “Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé” (1Jo 5.4). 
Eu e você somos chamados a crer na vitória de Jesus sobre os poderes deste mundo e nEle depositar toda a nossa esperança (Jo 16.33). Para o cristão, vencer é viver confiando em Cristo e no seu poder e isto se prova por uma vida organizada de acordo com os mandamentos do Senhor (1Jo 5.3-5). 
Mais que a vitória em si, o modo como lutamos e as armas que escolhemos são sinais muito mais evidentes de que estamos fazendo o que é correto e a vitória. As armas que escolhemos para lutar e modo como empreendemos nossa luta neste mundo, podem ser sinais de vitória, muito mais importantes que as próprias vitórias em si. Mais que derrubar gigantes, lutar com as armas Deus é o que se espera de quem luta por Cristo neste mundo. 

sábado, 11 de agosto de 2018

A Importância da Obediência

Quando o povo de Deus pediu a Samuel que lhes desse um Rei, o homem de Deus ficou muito triste e pensou que havia uma rejeição à sua pessoa, Deus porém, corrigiu a Samuel dizendo: “...atende à voz do povo em tudo o que te diz, pois não rejeitou a ti, mas a mim, para que não reinar sobre ele” (1Sm 8.7). 
O que há de mais sério nesta palavra é que a rejeição de Deus como Rei, não significa apenas que eles queriam ter um rei como as outras nações, mas que desejavam viver neste mundo de Deus sem Ele e procurando viver de uma maneira que não tivessem a intromissão de Deus em seus gostos, escolhas pessoais e decisões existenciais. 
Mais tarde, ao resignar o seu cargo diante do povo, Samuel lhes confronta com uma palavra dura. Afinal, diante dos feitos de Deus em relação povo, especialmente dos dias de Moisés até a era dos juízes (1Sm 12.6-11), Samuel protesta que o povo havia pedido um Rei, porque não queria mais que Deus reinasse sobre eles: “Vendo vós que Naás, rei dos filhos de Amom vinha contra vós outros, me disseste: Não! Mas reinará sobre nós um rei; ao passo que o Senhor, vosso Deus, era o vosso rei” (1Sm 12.12). 
Entretanto, apesar deles terem intentado contra o governo de Deus sobre a sua vida, aquele era o povo da Aliança e Deus haveria de lhes abençoar e o ponto central para que eles pudessem, mesmo tendo rejeitado a Deus, restaurar essa relação, era que, tanto eles quanto o rei que eles haviam escolhido fossem obedientes: “(...) não temais, tendes cometido todo este mal; no entanto, não vos desvieis de seguir o Senhor, mas servi ao Senhor de todo o vosso coração (...) Poia o Senhor, por causa do seu grande nome, não desamparará o seu povo, porque aprouve ao Senhor fazer-vos o seu povo” (1Sm 12.22). 
Essa é uma das mais poderosas afirmações do amor gracioso de Deus, que leva o homem pecador a ser amado por Deus, mesmo quando este prefere deixa-lo. Entretanto, o alerta mais importante deste texto aponta para o fato de que a obediência a Deus é o sinal deste agir da graça. Em outras palavras, a minha obediência aponta para a graça de Deus que age em mim e cuida de mim de forma amorosa. Por outro lado, a perseverança na maldade, isto é, em viver sem Deus no mundo, trás terríveis consequências: “Se, porém, perseverardes em fazer o mal, perecereis, tanto vós como o vosso rei” (1Sm 12.25).