segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Uma Mensagem de Natal: Não Temas!

Autor: Rev. José Mauricio Passos Nepomuceno

As Escrituras usam muito a expressão “não temas” e, cá entre nós, precisamos mesmo ouvi-las repetidamente da boca de Deus. Afinal, vivemos cercados de coisas que nos causam temor. 
A crescente violência das cidades, assustam cada dia mais. Somos tomados de insegurança e temor a cada esquina, cada farol fechado, ao pequeno sinal ou movimentação suspeita ao redor. Mas nossos temores não se definem apenas pela violência dos maus. Estamos também com medo nos relacionamentos, na criação dos filhos, inseguros e temerosos quanto às finanças, a política, a justiça etc., estamos com medo do futuro.
Mas, curiosamente, a primeira vez que a Bíblia cita o medo, o fez em uma situação bem distinta, porque naquele dia o homem estava com medo de Deus: “E chamou o Senhor Deus ao homem e lhe perguntou: Onde estás? Ele respondeu: ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi” (Gn 3.9-10).
Adão escondeu-se não por vergonha, mas por medo. A voz de Deus aponta em sua mente a santidade do Senhor e fazia-lhe ver seu pecado. Estava nu? Mas ele sempre esteve. Mas, agora sua nudez não podia ser mostrada, ele queria se esconder.
Quando o anjo aproximou-se de Maria lhe disse: “Maria, não temas, porque achaste graça diante de Deus” (Lc 1.30). O medo confundia a sua mente, o que realmente significavam aquelas coisas (Lc 1.29), por isso era preciso que o seu coração sentisse paz.
Encontrar graça - a voz de Deus podia ser ouvida como a voz do amor, porque a graça é amor (Charis). Um amor não merecido, não conquistado, apenas oferecido por Deus por amor. Maria estava diante de Deus e o olhar divino era gracioso sobre a sua vida.
O medo mais profundo de uma alma tem a ver com as coisas eternas. Adão temeu, pois sabia que a voz de Deus o reprovaria. Mas, Maria, ao contrário poderia descansar nessa voz cheia de amor gracioso. A própria Maria engrandeceria a Deus por sua graça: “A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espirito se alegrou em Deus, meu Salvador” (Lc 1.46-47). O temor, cedeu lugar à alegria!
Esse é o propósito da mensagem do Natal, o Evangelho de Jesus Cristo. Não anunciamos uma vida livre das dores deste mundo, mas apontamos para uma vida que descansa em Deus e se alegra nEle.
“Não Temas”, você também! Jesus Cristo é a resposta para o medo da sua alma. Ele lança luz sobre as trevas e paz que vence o medo.


domingo, 14 de dezembro de 2014

Salvando a sua Mente.

Autor: Rev.José Mauricio Passos Nepomuceno

Algumas das mais preciosas lições que aprendemos no Livro do Profeta Daniel estão ligadas ao desenvolvimento de uma fé que  deve crescer mesmo sob condições adversas.
O jovem Daniel começou a sua carreira, determinando em seu coração treinar a sua mente para não ser sufocada pela cultura e a riqueza da corte de Nabucodonosor (Dn 1.8). Ele também se aplicou a conhecer de tudo e se tornou proeminente e importante, mas não se deixou conduzir pelo poder humano. Sua mente aprendeu a confiar somente no pelo poder de Deus e foi assim que permaneceu e se firmou durante todas as mudanças do Império (Dn 1.20-21).
O mais poderoso rei Babilônico, Nabucodonosor, prostrou-se diante do Deus vivo, pelo testemunho de fé de Hananias, Misael, Azarias (Dn 1.28-30), pois eles, como Daniel, também guardaram sua mente de se perverter, pois serviam ao Deus Altísismo (Dn 4.37; 5.21). A sucessão de reinos Nabucodonosor, Belsazar, Dario e Ciro apenas mostrava que Deus guia os homens na terra e nada eles possuem que não venha de Deus (Dn 7.27).
Desta maneira, a mente de Daniel estava sendo preparada para confiar, descansar e esperar no Senhor (Dn 12.12-13). Este é o grande objetivo de Deus na vida de Daniel, salvar a sua mente e protegê-la fazendo-lhe caminhar segura e cheia de fé, mesmo em condições tão adversas.
Infelizmente, nem todos os filhos de Deus estão praticando esta lição e deixam suas mentes à mercê do modo de pensar deste mundo. Preferem pensar como ímpios e consideram a vida sem a grandeza de um Deus que está no controle. Acham que podem realmente viver sem Deus.
Quando o salmista nos diz “não andar no conselho dos ímpios, não se deter no caminho dos pecadores, não assentar na roda dos escarnecedores” (Sl 1.1), está propondo que guardemos nossa mente de pensar e agir como ímpios, por isso, direciona nosso viver para a Palavra, que é a mente de Cristo (1Co 2.16).
Foi na leitura da Palavra de Deus que Daniel percebeu o erro do seu povo e clamou o perdão de Deus (Dn 9.2-4). A Palavra de Deus deve  conduzir a nossa mente (Cl 3.16) e o resultado deste nosso encontro com o verdadeiro ensino sobre a vida é um grande e profundo senso de pecado e dependência (Jó 42.5-6).
A Escrituras nos fala de salvação e propõe uma maneira nova de vermos a vida.  Deus salva nossa mente e a renova para vivermos movidos pela esperança que há em Cristo. A primeira coisa a ser salva na sua vida é a sua mente. Pense diferente, pense como um salvo (Fp 4.8-9)!




domingo, 16 de novembro de 2014

O Reino Eterno do Senhor!






Autor: Rev. José Maurício Passos Nepomuceno

A profecia de Daniel tem como mensagem central o ensino de que “todos os reinos da terra passarão e só o Senhor reinará para sempre”. O capítulo 7 de Daniel é o ponto central desta mensagem. Nele, Daniel descreve quatro grandes animais: um leão alado; um urso faminto; um leopardo de quatro cabeças e uma fera terrivelmente forte.
O profeta fica atônito com aquelas visões e, ainda em sonho, procura uma resposta sobre o que  representam aqueles animais. Ele se aproxima de alguém que  lhe diz que representam reinos que se levantam na terra. Daniel desejou saber mais sobre o misterioso quarto animal e lhe foi dito  que se trata de um reino ainda maior e mais poderoso que se levantaria sobre a terra.
Não obstante a força daqueles animais ou reinos, a ênfase central da explicação daquela visão está na seguinte palavra: “Os santos do Altíssimo receberão o reino e o possuirão para todo o sempre, de eternidade em eternidade” (Daniel 7.18). Algumas expressões apontam significativamente para a visão que  o Senhor quer que  tenhamos da realidade que nos cerca.
Os santos do Altíssimo - Deus deseja que nosso coração se aquiete no fato de que Ele nos separou para si mesmo. Essa quietude do coração deve surgir de uma percepção, não de nós, mas dAquele a quem pertencemos: o Altíssimo.
O Altíssimo (Elyon - o Supremo)- essa profecia usa muito esse termo para se referir a Deus. Só no capítulo 7, quatro vezes. Deus espera que compreendamos que todos os poderes desta terra estão submetidos à Ele. Mesmo quando se rebelam eles são como uma pequena nuvem que o vento empurra. O próprio Nabucodonosor testemunhou isso quando foi levado por Deus a viver como animal e por ele foi restaurado (Daniel 4.34-37).
Receberão o reino - Daniel aponta para os santos e declara que, por causa do seu Rei, eles receberão o reino. Com isso, está propondo ao povo da Aliança que saiba que Deus não está perdendo a batalha, mesmo quando o seu povo se encontra em cativeiro. Às vezes, pensamos que o prosperar da maldade pode indicar o fim do temor de Deus no mundo. Mas essa profecia vem nos fazer crer que, mesmo quando as coisas estão muito ruins, nosso Deus está no controle e o seu plano é conceder a vitória àqueles que lhe são santos e fiéis.
Todo sempre, de eternidade em eternidade - Essa é a nossa maior esperança: o dia em que o Reino do Senhor estará estabelecido para nunca mais dar lugar ao pecado, à tristeza, aos inimigos. Crentes devem manter sua fé e continuar crendo e esperando, porque esse Dia virá e não tardará!
 

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Solus Christus - A Reforma é o centro da Reforma

Autor: Rev. José Maurício Passos Nepomuceno

Entre os lemas primordiais da Reforma Protestante, encontramos na expressão “Solus Christus” (Cristo Somente) uma proposta revolucionária para o modo como os cristãos devem entender sua própria ligação  com Deus. Na medida em que avançamos nas décadas do século XXI, a Igreja Cristã vai reeditanto uma espécie de velha heresia da Idade Média. Trata-se da busca de Deus por meio dos esforços humanos.
Na Idade Média, a Igreja notabilizou uma espécie de cristianismo segundo a força humana. Para que a vida com Deus estivesse em ordem era necessário contribuir para a construção de uma Catedral, ou investir valores no pagamento de indulgências. Naqueles dias, a salvação era considerada como o resultado das ações beneméritas dos homens. Também em nossos dias, muitos estão ligadas aos diversos ministérios cristãos e inquietos em fazer alguma coisa para merecer sua salvação.
A Reforma Protestante proporcionou um retorno ao princípio escriturístico de que o relacionamento do homem com Deus é fruto exclusivo da obra vicária de Cristo: “Ninguém vem ao Pai, senão for por mim” (João 14.6). Com essa proposta, o cristianismo estabelecia um princípio baseado  na cristocentricidade de todas as coisas. Em outras palavras, Cristo é o único Senhor do Universo e tudo gira em torno dEle. Assim também nossa salvação só pode ser conquistada mediante a morte de Cristo na Cruz.
“Cristo Somente” é um fundamento que extrapola as linhas da teologia da salvação ou as próprias questões da religião, porque fundamenta um modo de viver. Com Cristo no centro de todas as coisas, o homem começa a viver um padrão que foge ao modelo que faz do ego o centro de todas as coisas: “Importa que ele cresça e eu diminua”, foi assim que João Batista fez a sua vida girar em torno de Jesus Cristo.
Uma grande “reforma” estará de fato acontecendo em sua vida quando o Senhor Jesus passar a ser o verdadeiro centro de seus interesses. Mas como isso pode acontecer na sua vida? Passe a considerar que tudo o que você faz tem uma relação direta com Cristo e que não existe nenhuma ação realmente neutra. Até as coisas mais corriqueiras pertencem a Cristo e o modo e as motivações com que realizamos nossas ações caem nos pratos da balança e devem agradar a Cristo Jesus.
Uma vida reformada pelo potencial da expressão “Cristo Somente” passa a ser definida pelo conhecimento que obtemos de Cristo na sua Palavra. E por isso, podemos dizer que ninguém alcançará o patamar de viver para “Cristo Somente” (Solus Christus) se também não confessar “A Escritura Somente” (Sola Scriptura).


domingo, 19 de outubro de 2014

Sola Scriptura - O ponto de partida de toda "Reforma"

Autor: Rev. José Maurício Passos Nepomuceno

Jogos de tabuleiro podem muito falar acerca do espírito de uma época. Após as Grandes Guerras surgiu o grande jogo “War” (Guerra). Nele, os participantes jogavam para conquistar terras e destruir seus inimigos. Após a crise econômica de 1929, veio o famoso “Banco Imobiliário”, cujo objetivo era levar os oponentes à derrocada financeira e o vencedor era aquele que acumulasse para si todo o capital disponível.

Na verdade, para muitas pessoas, a vida é um grande jogo para suplantar os seus oponentes com jogadas mirabolantes e existe um jogo muito mais sério que busca conquistar as consciências dos outros e transformá-las segundo os seus interesses. Em nossos dias, vivemos tempos assim, pois  muitas filosofias trabalham para ganhar a consciência da  população, principalmente dos mais jovens. Este esquema de dominação pelo aprisionamento das consciências não é novo. As Escrituras nos dão exemplos de tempos assim.

“No terceiro ano do reinado de Jeoaquim, rei de Judá, veio Nabucodonosor, rei da Babilônia, a Jerusalém e a sitiou” (Dn 1.1) - Neste tempo, a poderosa Babilônia impunha sua força sobre os povos conquistados e lhes retirava os bens mais preciosos: famílias, casas, terras, riquezas, símbolos religiosos e principalmente tentava lhes roubar a própria história. Em dias assim foi que Deus levantou um jovem e o  capacitou a lutar contra aquela dominação cruel. Daniel nos legou o testemunho de que é possível resistir às maiores pressões quando nosso coração pertence verdadeiramente a Deus: “Resolveu Daniel, firmemente, não contaminar-se com as iguarias do rei” (Dn 1.8a).

Assim também agiram os Reformadores do Século XVI. Diante de uma massiva perda da consciência cristã e a constante dominação idólatra e fisiológica dos poderes de seu tempo, homens como Zwínglio, Lutero, Calvino, Knox se levantaram para proclamar que a mente dos filhos de Deus pertencia somente a Deus, que a dirigia por meio de sua Palavra inspirada e inerrante.

Eu não saberia dizer quais seriam os jogos de tabuleiros que melhor representam o espírito de nossa época. Mas posso afirmar que precisamos continuar lutando para que nessa geração o povo de Deus continue vivendo somente para a Glória do Senhor.

Um passo fundamental continua sendo o “Sola Scriptura” (A Escritura Somente). A Palavra de Deus não pode ser substituída pelos pragmatismos da prosperidade ou a libertinagem dos que amam o pecado. Ao contrário, a Igreja de nossos dias precisa reafirmar a excelência da palavra em sua fé e conduta. Não podemos deixar que nossa consciência seja cativa, senão de Cristo, por meio de sua Palavra Viva.

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Reforma – Um Estilo de Vida Conduzido Por Deus


Autor: Rev. José Mauricio Passos Nepomuceno
Todo mundo que começou uma reforma em sua casa sabe que os custos  são muito elevados. A restauração de um prédio, seja uma casa, um galpão, um pequeno edifício, o que for, é sempre um processo custoso e cheio de imponderáveis.  Ter um bom projeto e escolher um bom profissional para liderar este processo é fundamental para uma conclusão satisfatória.
A vida humana, em um certo  sentido, é como uma prédio  velho, cheio de infiltrações, pronto para desmoronar, impossível de ser realmente habitado com saúde. Estes estragos da vida humana foram causados pelo pecado que deturpou o projeto original e estragou as linhas perfeitas da arquitetura da sua criação.
Deus, por meio de Jesus Cristo e do Espírito Santo, segundo o projeto proclamado na sua Palavra, está empreendendo uma grande reforma neste edifício que chamamos Igreja e que se compõe de várias pequenas partes, eu e você: “Chegando-se para ele, a pedra viva, rejeitada, sim pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo (1 Pedro 2.4-5).
Toda a nossa vida é um grande processo de reforma, que Deus realiza incansavelmente no intuito de nos transformar em um edifício santo, pronto para ser sua morada eterna. Isto Deus realiza a cada instante, quando nos apresenta o seu projeto e mostra as paredes que precisam ser derrubadas, as instalações que precisam ser trocadas totalmente, ou fortalece estruturas fundamentais dentro do nosso coração.
Mas tome muito cuidado, pois é possível que você não aceite o processo de mudanças e tente se reconstruir a sua maneira, evitando as demolições de Deus ou as correções do desenho da sua vida. Ele é o verdadeiro “Arquiteto” e “Mestre de Obra” condutor desta grande reforma. Ainda que o agir de Deus produza muitas aparentes perdas, lembre-se de que sua obra final será perfeita: “(...) para a apresentar a si mesmo Igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem cousa semelhante, porém santa e sem defeito” (Efésios 5.27).

A Igreja de Cristo é uma grande casa, construída pela junção de muitas pedras vivas, cada crente. Somos o resultado de um agir lapidador constante de Deus. Mas, algumas vezes, precisamos de profundas transformações em nosso coração. Devemos considerar que “Igreja Reformada Sempre Reformando” não é apenas uma frase para a história, mas um estilo de vida de quem busca e espera, cada dia mais, estar perto do seu Senhor. 

domingo, 21 de setembro de 2014

Deus é “Deus” - Uma redundância necessária!

Autor: Rev. José Mauricio Passos Nepomuceno
Nosso título é propositadamente redundante: “Deus é ‘Deus’”. A razão desta proposital redundância é que para muitas pessoas Deus deixou de ser considerado como “Deus” há muito tempo e sua relação com ele beira a “blasfêmia”.


“Ponha Deus contra a parede!” - foi assim que um pastor, em um programa de televisão, orientava os seus ouvintes e telespectadores no modo como deveriam orar e determinar suas bênçãos. “Se Deus é Deus, Ele vai provar” - completava o mesmo pastor, ao ir mais longe para convencer os que o ouviam de que a oração é uma grande arma que o crente tem em sua mão.
Você, que tem um pouco mais de bom senso, compreende que as coisas não são bem assim e que há muito exagero em tais palavras. Mas, não pense que isso é muito diferente do modo como outros agem, simplesmente desconsiderando as ordenanças de Deus e suas exortações à uma vida de santidade. Ou ainda, aqueles que relegam Deus a um segundo plano, dando primazia à sua própria vontade, falhando em buscá-lo e servi-lo de coração.
Quando Jó mais se exaltava em não aceitar a realidade da sua vida e procurava censurar Deus com acusações, tais como: “Parece-te bem que me oprimas, que rejeites a obra das tuas mãos e favoreças o conselho dos perversos? Tens acaso olhos de carne? Acaso vês tu como vê o homem? (Jó 10.3-4). Muito embora compreendesse a grandeza e o poder de Deus, Jó precisava de uma resposta sobre sua vida e se perguntava porque o Todo-poderoso estava contra ele: “Que o Todo-poderoso me responda, que o meu adversário escreva a sua acusação! (Jó 31.35b).
Muitas vezes, por não compreendermos bem as circunstâncias que cercam a nossa vida, nos tornamos assim questionadores de Deus. O profeta Isaías apresentava o mesmo quadro diante de Israel e propunha a seguinte questão: “Com quem comparareis a Deus?” (Isaías 40.18). Mais à frente, ele expõe que as ações duras de Deus tinham um objetivo: mostrar que “Deus é ’Deus’”: “Para que se saiba, até ao nascente do sol e até ao poente, que além de mim não há outro; eu sou o Senhor e não há outro” (Isaías 45.6).
Da mesma forma, Jó obtém a resposta às suas queixas, quando Deus lhe propõe uma reflexão profunda sobre a pequenez humana e a grandeza divina (leia os capítulos 39 a 41). A temática desta resposta é que quando desejamos vencer as tribulações desta vida, precisamos dispor o nosso coração a confiar que Deus continua sendo “Deus”, mesmo quando nós sofremos ou não O entendemos. Essa redundância é necessária e real.    


domingo, 14 de setembro de 2014

A paz dos aflitos tem nome: Deus!










Autor: Rev. José Maurício Passos Nepomuceno

O livro de Jó é uma grande obra de exaltação do poder e amor de Deus por seus filhos. Acompanhando as queixas de Jó, que diante de sua grande dor, muitas vezes, se viu perplexo e até mesmo em conflito com a sua fé, percebemos que o Senhor chamava este homem para aprender a descansar em sua soberania e providência.
A partir do capítulo 32, o livro propõe uma mudança de tom. As queixas de Jó e as respostas precipitadas dos seus amigos, apesar de nos oferecerem muitos ensinos sobre Deus, dão lugar às palavras de Eliú, que esperou o momento certo para apontar para Deus como o Grande e Supremo Senhor da vida.
Em particular, nos capítulos 36 e 37 Eliú mostra a Jó e seus amigos um Grande Deus, no qual o mais aflito dos homens pode descansar: “Eis que Deus é mui grande; contudo, a ninguém despreza; é grande a força da sua compreensão” (Jó 36.5). Para Eliú, qualquer homem que estiver em aflição como Jó pode ter a certeza de que, se sua vida é reta diante do Altíssimo, pode esperar que em ocasião oportuna o Senhor o restaurará: “Não poupa a vida ao perverso, mas faz justiça aos aflitos. Dos justos não tira os olhos; antes, com os reis, no trono, os assenta para sempre e são exaltados” (Jó 36.6.7).
Mas, como seriam respondidas as perguntas de Jó e suas queixas? Como entender que um homem reto, íntegro, temente a Deus e que se desviava do mal, podia estar sob sofrimento?
Eliú segue apontando para a grandeza de Deus e argumenta dizendo que é preciso que o homem entenda que até mesmo o mais reto dos homens pode carregar sombras em seu caminho e precisa de correção: “Se estão presos em grilhões e amarrados em cordas de aflição, ele lhes faz ver as suas obras, as suas transgressões, e que se houveram com soberba. (...) e manda-lhes que se convertam da iniquidade” (Jó 36.8-11). Não podemos julgar os métodos de Deus e os seus propósitos, porque, na verdade, não podemos nos comparar a Ele e devemos apenas receber seu agir como fruto da sua sabedoria infinita:  “Eis que Deus se mostra grande em seu poder! Quem é mestre como ele?” (Jó 36.22).
Eliú conduz o argumento dizendo que o mais sábio é nos postarmos humildes diante de Deus e reconhecer nossa completa estultícia: “Ao Todo-poderoso não podemos alcançar; ele é grande em poder, porém não perverte o juízo e a plenitude da justiça. Por isso, os homens o temem; ele não olha para os que se julgam sábios” (Jó 37.23-24).
Caro irmão, aprenda as lições deste grande livro e aprenda a descansar naquele que é justo, mesmo quando, aos nossos olhos, não pareça.


sábado, 23 de agosto de 2014

Notas do Diário de Ashbell Green Simonton - "A Oração"

Autor: Rev. José Maurício Passos Nepomuceno
(textos extraídos de "O Diário de Simonton - 1852 a 1866" - Ed. Cultura Cristã - 2002)
Filme: "O Diário de Simonton" - LPC

Um homem que deseja fazer a obra do Senhor terá de ser um homem de oração. Ninguém viverá na força do Espírito se não lançar sua voz ao céu para clamar por ajuda. Um homem que se cala para o céu não pode resistir na luta contra o seu pecado e do mundo que o cerca. Simonton, pelas lides contra o pecado e o perigo, aprendeu o valor da oração e seu ministério. Por isso foi conduzido por Deus a ter um coração quebrantado que se abria sempre para o céu.
Dias antes de aportar no Rio de Janeiro, após um incidente em alto mar que quase o levou a naufragar, ele registrou: “Foi um temível momento de suspense; mesmo assim, eu me mantive perfeitamente calmo. (...) Mas desde o princípio entreguei os meus caminhos a Deus e dei-lhe a direção da minha vida; desde então o sentimento de segurança jamais me abandonou. O Deus que ouve e responde as orações arrebatou-me do caminho do perigo e da provável destruição” (Diário, 4/08/1859).
Helen Simonton
Quando lemos as páginas do diário de Simonton o que vemos não é um missionário auto confiante, que viveu segundo suas forças, mas um jovem que  se achava sempre inapto para cumprir a sua obrigação. A oração foi um suporte para sua autoconsciência de fraqueza: “Minha religião é muito morta, minhas orações caem por terra, faltando-lhes o impulso do sentimento jubiloso e vivo. Por isso vou implorar a Deus. Vou buscar a renovação de minha vocação (...). Senhor, fala comigo como fizeste com Pedro, convencendo-me da necessidade do amor e produzindo em meu íntimo, por Teu poderoso comando, a graça celeste que me capacite a alimentar Teus cordeiros e Tuas ovelhas” (Diário, 31/12/1859).
Os dias próximos da morte de Helen (esposa) figuram entre os mais marcantes da vida de Simonton.  E ele registra em seu diário o conforto que recebeu de Deus na oração da própria Helen, quando percebia se avizinhar a morte: “Muito quieta e calma ela orou mais ou menos com essas palavras: ‘Senhor Jesus, venho a ti, não que eu tenha algum valor, sinto que não tenho. Tenha piedade de mim e receba-me, Senhor Jesus’. Então orei como pude. (...) Bendigo a Deus porque a surpresa deste golpe não me deixou carente de preciosas palavras de consolo e desse testemunho de que o seu Salvador estava com ela no vale escuro” (Diário, 28/06/1864).
Uma intensa vida de oração é uma valiosa joia para quem almeja uma fé arraigada em Deus. Pois na oração, dominamos nosso coração com a ajuda que vem do alto e nos propomos a viver na dependência exclusiva do Deus vivo.


domingo, 10 de agosto de 2014

Notas do Diário de A.G. Simonton - Um Servo Confiante no Seu Senhor

Autor: Rev. José Maurício Passos Nepomuceno
(textos extraídos de "O Diário de Simonton - 1852 a 1866" - Ed. Cultura Cristã - 2002)

O jovem pastor Ashbell G. Simonton jamais desejou ser um herói, ou mesmo uma figura histórica. Sua motivação para a obra missionário nasceu de uma rica experiência pessoal com a graça de Deus, que lhe incutiu no coração um senso de dever para com o Evangelho. Em seu diário, antes mesmo de viajar para o Brasil ele registrou: “Assumi os votos feitos por meus pais em minha infância “para ser do Senhor”, e fazer do Seu serviço o supremo objetivo da vida. Para que todo o caminho que eu tomar seja marcado por sua Palavra e Sua Providência, jamais me deixarei afastar do caminho que Ele indicou; especialmente se Sua Vontade clara me indicar o Ministério, para lá irei com alegria e zelo” (Diário, 6/5/1855).
Esse anseio de cumprir o seu papel como servo de Deus conduziu Simonton nos seus primeiros anos aqui no Brasil de tal forma que mesmo a morte de sua amada esposa em 1864 não o impediu de seguir adiante com sua missão. Aquele ano tão repleto de tristezas, ainda guardaria algumas importantes conquistas para o jovem pastor, pois, entre outras coisas, Simonton iniciou a publicação do primeiro jornal evangélico brasileiro “A Imprensa Evangélica”. Esse grande feito, Simonton atribuía a Deus: “Pressionado com os problemas da casa, com a necessidade de recursos para o bebê e com a preocupação da Imprensa, sinto-me exausto e acabado. Dois números já saíram. Recobrei a saúde e o equilibro de espírito e estou mais confiante e esperançoso. O Senhor provará e dirigirá, é agora minha canção e certeza” (Diário, 26/11/1864).
Helen, filha Simonton, foi conduzida para a casa de sua irmã, Elizabeth Blackford, em São Paulo, onde seria melhor cuidada. Ele, entretanto, seguiu sua jornada pela implantação da reforma protestante no Brasil. Em 1865, foi à cidade de Brotas e lá, teve um dos momentos mais entusiasmados de sua missão, quando um grande número de pessoas passou a ouvi-lo e a considerar a mensagem protestante: “Nunca vi tão bem a excelência do Evangelho e sua perfeita adequação para convencer e salvar os que estão ansiosos e desejam conhecer a verdade. O interesse desses dias foi absorvente; explicava-lhes a verdade, respondia-lhes às dúvidas, etc. Encontrei melhores sentimentos e sinceridade religiosa nessa comunidade e passei a alimentar maior esperança de uma rápida propagação do evangelho no Brasil” (Diário, 2/5/1865).
Simonton, podemos dizer, era um homem que confiava exclusivamente em Deus. Ele não buscou ser um herói, mas um servo humilde, dedicado e aplicado em dar o melhor de si para o Reino de Cristo. Estas passagens do diário falam disto.


domingo, 3 de agosto de 2014

Notas do Diário de Ashbell Green Simonton - A Entrega Pessoal

Autor: Rev. José Maurício Passos Nepomuceno
(textos extraídos de "O Diário de Simonton - 1852 a 1866" - Ed. Cultura Cristã - 2002)

Simonton nasceu em West Hanover no Estado da Pensilvânia. Aos 22 anos fez sua pública profissão de fé e desejava ardentemente servir ao Senhor. Entrou para o Seminário de Princepton e ali seu coração se encheu de paixão missionária, até que se apresentou à Junta Missionária para ser enviado à América do Sul.

Rio de Janeiro em 1889
Em 12 de agosto de 1859, depois de uma longa viagem de quase dois meses em um navio, ele desembarcou na Baía de Guanabara. Em seu diário ele escreveu: “É difícil descrever as emoções com que saudei estes elevados píncaros (uma referência ao Corcovado e ao Pão de Açúcar). O sentimento predominante é de alegria, pela conclusão feliz da longa jornada, aliado ao temor da grande responsabilidade e dos problemas do trabalho que me espera” (Diário, 11/08/1859).
Simonton aprendeu rapidamente o português e em seu primeiro ano no Brasil já iniciou uma escola dominical com os filhos de amigos e vizinhos. Ele também registrou no seu diário: “Este é o primeiro ano completo que passo no Brasil. Essa escola, algumas Bíblias e folhetos postos em circulação constituem o conjunto do meu trabalho entre os brasileiros. Sinto a minha falta de fé e oro por sucesso. Almejo pregar Cristo mais experimentalmente por ser capaz de falar daquilo que conheço, porque Cristo o revelou a mim” (Diário, 20/01/1861). E já no ano de 1862, iniciou a primeira igreja, com a recepção de duas pessoas por pública profissão de fé.
Em 1863, depois de uma viagem para os Estados Unidos, Simonton se casou com Helen Murdoch e isto deu início à uma nova fase no seu ministério: “Para mim, meu futuro lar no Brasil colore-se de cores vivas. Dou graças a Deus por ter me provido graça, coragem e amor no coração daquela a quem dediquei minhas afeições, a ponto de se dispor a se separar de amigos, do lar e da terra natal, a fim de compartilhar da minha vida e dos meus labores” (Diário, 23/02/1863).
Imagem do Boletim da IP Tubarão
Entretanto, a alegria destes momentos seria interrompida um ano depois por um trágico acontecimento, pois no dia do nascimento de sua filha Sarah, Helen faleceu. Mais uma vez, o diário de Simonton revela o coração de sua vida: “Deus tenha misericórdia de mim, pois águas profundas rolam sobre a minha alma. Helen jaz num caixão na sala. Deus a retirou tão rapidamente que parece um sonho” (Diário, 28/06/1864).  
Assim começou a vida e a obra do pioneiro do presbiterianismo na terra brasileira. Um jovem, dedicado ao Senhor, que apresentou a sua vida para ser instrumento de Deus para salvar outras vidas. Assim, cremos que Deus ainda hoje quer usar pessoas para continuar essa obra, superando obstáculos e se dispondo a seguir em frente, mesmo que diante das situações mais complexas e doloridas da vida. 


sexta-feira, 25 de julho de 2014

Viver Pela Promessa

Autor: Rev. José Maurício Passos Nepomuceno

A história de Abraão é uma das mais significativas da Bíblia no que se refere à capacidade de crer na Promessa de Deus. Poucos seguiriam tão resolutamente na direção incerta de uma terra, da qual tudo o que se sabe é baseado em uma promessa: “Pela fé, Abraão, quando chamado, obedeceu, a fim de ir para um lugar que devia receber por herança, e partiu sem saber aonde ia” (Hb 11.8).
O autor da carta aos Hebreus, tem em Abraão uma das figuras mais importantes para sua argumentação a respeito da fé (Hb 11.8-19). Mas, para este autor, o que se ressaltava em Abraão não era a sua capacidade de viver por um ideal e sim sua disposição para confiar em Deus (Hb 11.17-18). Mas, qual o fundamento desta fé tão eficaz que dispôs Abraão a viver tão consistentemente a esperança produzida por essa promessa?
O ponto central da carta aos Hebreus é que Deus agiu em favor dos homens através do sacerdócio vivo de Jesus Cristo, por meio de quem, nos livrou do poder da morte (Hb 2.14-15) e, desta maneira, nos oferece o descanso eterno como o resultado necessário e único para a vida daqueles que humildemente confiam na promessa.
Essa confiança em Deus se desenvolve em nosso coração para transformar a nossa maneira de viver e para que isso aconteça o parâmetro fundamental não está em nós, mas em Deus: “Por isso, Deus, quando quis mostrar mais firmemente aos herdeiros da promessa a imutabilidade do seu propósito, se interpôs com juramento” (Hb 6.17).
Deus jurou por si mesmo e a sua imutalibilidade era a garantia que ofereceu a Abraão todos os elementos que seu coração precisava para  a seguir resolutamente, tendo como esperança apenas o fato de que Deus não pode mudar.
A vida cristã é um grande desafio de fé. Deus não propõe respostas detalhadas sobre todas as questões da vida, mas Ele estipula o modo como devemos viver, diz que irá nos abençoar se vivermos segundo suas regras. Isso nos encarrega de andar seguros, perseverantes e esperançosos, pois o que fez a promessa é fiel (Hb 11.11).
Quais são os seus desafios de fé? De que forma Deus tem desafiado você essa confiança na sua imutabilidade? Você consegue realmente caminhar com essa esperança: vale a pena confiar na promessa de Deus?
As mais importantes respostas para a sua vida e que te manterão no caminho de fé não residem em você ou nas coisas a seu redor. Estas respostas estão em Deus e serão descobertas na medida em que sua fidelidade e amor a Deus se tornarem mais e mais intensos na sua vida.


sábado, 19 de julho de 2014

Coisas melhores para os fiéis

Autor: Rev. José Maurício Passos Nepomuceno

Quando o autor da carta aos Hebreus iniciou a sessão central da sua carta (capitulos 6 a 12), disse que era necessário falar das coisas mais profundas da nossa vida de fé: “pondo de parte os princípios elementares (...) deixemo-nos levar para o que é perfeito (pleno)” (Hb 6.1).
Ele começa sua busca de uma fé profunda, mencionando aqueles que, mesmo tendo contato com uma possibilidade infinita de vida abençoada e abundante, de transformação e obediência a Deus, se afastam do Senhor e, sobre eles, faz a dura afirmação: “(...) é impossível outra vez renová-los para arrependimento” (Hb 6.4-6).
Ele os compara com a terra que recebe chuvas e, em lugar de produzir frutos, produz espinhos e abrolhos (Hb 6.7-8), dizendo que esta deve ser rejeitada como terra maldita. Mas palavras tão duras assim não têm o objetivo de desanimar o povo de Deus, pois, naqueles dias, muitos estavam vivendo dúvidas na sua caminhada de fé. Por isso, desejava estimulá-los a manter o foco da vida cristã. 
Portanto, logo muda o olhar para os fiéis que sofrem, mas que realmente se colocaram em um verdadeiro e sincero relacionamento com Cristo e, em contraste com os que desistiram diz: “Quanto a vós outros, todavia, ó amados, estamos persuadidos das coisas que são melhores e pertencentes à salvação, ainda que falamos desta maneira” (Hb 6.9).
Na verdade, ele compreendia que os que são da fé podem sim viver dias difíceis, mas recebem uma graça especial pela qual, por meio da perseverança em santidade, serão agraciados com coisas melhores que só poderão ser experimentadas quando vencerem os medos da dificuldade e provação: “(...) continue cada um de vós mostrando, até ao fim, a mesma diligência para a plena certeza da esperança (...) imitadores daqueles que pela fé e longanimidade, herdam as promessas” (Hb 6.11-12).
Ainda que nos seja imposta uma estrada difícil, seremos recompensados por Deus (Hb 6.10). Trocar a eternidade e a vida abundante de Cristo por qualquer coisa, é o mesmo que perder a primogenitura em troca de uma sopa de lentilhas. Deus conhece nossas lutas e tristezas, mas deseja que estejamos prontos a seguir o caminho que nos propôs, mesmo em condições adversas.
Caro irmão, não seja indolente em sua jornada. Não se deixe tomar pelas aparências ou pela transitoriedade deste mundo. Invista em coisas melhores. Invista naquilo que te traz segurança eterna.


segunda-feira, 30 de junho de 2014

Cristo, o Arquiteto e Construtor da Casa de Deus


Autor: Rev. José Mauricio Passos Nepomuceno
Quando comecei a minha vida profissional ingressei no ramo da construção civil. Sempre gostei muito desta atividade e, mesmo tendo um chamado ministerial, pensava e insistia na ideia de seguir carreira na construção de edifícios. Hoje, entendo que Deus me guiou para primeiro trabalhar no ramo da construção para me ensinar algumas coisas.
Na construção civil aprendi a lidar com pessoas. Pois, no mundo que é uma obra de grande porte, estabelecemos contatos com diversos tipos culturais, sociais e várias classes econômicas, desde os endinheirados proprietários de empreendimentos, até os mais sofridos pais de família, trabalhando para enviar todo o seu dinheiro para a família em outro estado do Brasil. Também aprendi a lidar com projetos e descobrir a importância de saber ler e confiar naqueles que estabeleceram o mapa da construção, os projetistas, arquitetos e engenheiros.
Hoje, na vida cristã, como pastor de igreja, continuo utilizando estes aprendizados. Primeiro, tenho de me relacionar e entender pessoas de diversos matizes e também preciso entender bem o mapa da construção da Casa de Deus, que somos nós, os filhos que o Senhor chamou das trevas para a luz. O arquiteto e construtor é Deus, por meio da pessoa do Senhor Jesus Cristo: autor da nossa salvação (Hb 1.2; 2.10).  
Uma das coisas importantes em uma construção é confiar na experiência e capacidade de quem elaborou o projeto de construção e esse é um passo decisivo também na vida cristã. Jesus Cristo é apresentado na carta aos Hebreus também como o “Construtor da casa de Deus”. E foi comparado com Moisés, porém considerado maior que ele: “Jesus, todavia, tem sido considerado digno de tanto maior glória do que Moisés, quanto maior honra do que a casa tem aquele que a estabeleceu. Pois toda casa é estabelecida por alguém, mas aquele que estabeleceu todas as coisas é Deus (Hb 3.3-4).
Nesta carta que trata, dentre tantas coisas, da construção do verdadeiro “povo de Deus” e do “reino vindouro do Senhor”, somos concitados a confiar no Filho de Deus, Jesus Cristo, nosso Senhor. Somos chamados a ter um compromisso com a construção que ele está fazendo na História. Essa construção é a “Casa de Deus”. Ele a estabeleceu, isto é, lançou os seus alicerces e agora está construindo sobre este firmamento.
Atendemos ao chamado de Jesus mantendo-nos firmes em viver segundo o projeto de Cristo, isto é, vivemos segundo a Palavra de Cristo. Somos a Casa de Deus, criados para viver em obediência a Deus, para a sua glória. Perder este foco é um erro de leitura do projeto.

sábado, 21 de junho de 2014

Cristo, nosso irmão!

Autor: Rev. José Maurício Passos Nepomuceno
Um antigo poema "Pegadas na Areia" nos fala de Cristo
andando conosco nos momentos difíceis da vida: "Filho só aparecem
as minhas pegadas, porque eu te levava no colo"

Com certeza, o entendimento de Cristo como nosso Senhor é fundamental para um bom relacionamento do crente com toda o mundo que o cerca. Pois, ao subir aos céus e ter sido feito “Senhor de todas as Coisas”, Jesus assumiu a posse de todas as coisas, fazendo com que toda a realidade ao nosso redor viesse a ter um “significado cristocêntrico”.
O Novo Testamento exalta o senhorio de Cristo: “E pôs todas as coisas debaixo dos pés e, para ser o cabeça sobre todas as coisas, o deu à Igreja, a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que a tudo enche em todas as coisas” (Ef 1.22-23). O escritor da Carta aos Hebreus, por sua vez, propõe a superioridade de Cristo e o seu senhorio sobre tudo como fundamentos da nossa submissão a Ele: “Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas, tendo-se tornado tão superior aos anjos quanto herdou mais excelente nome do que eles”(Hb 1.3-4). Para o escritor bíblico, não se submeter a Cristo e à sua Palavra é um ato de completa insensatez e um perigo eterno: “Tende cuidado, não recuseis ao que fala. Pois, se não escaparam aqueles que recusaram ouvir quem, divinamente, os advertia sobre a terra, muito menos nós, os que nos desviamos daquele que dos céus nos adverte” (Hb 12.25).
Não obstante a ênfase no “senhorio de Cristo”, o Novo Testamento mostra que toda esta elevada posição não afastou Cristo de sua intimidade e proximidade com cada um nós, seus discípulos: “Eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos” (Mt 28.20). Seguindo esse mesmo conceito, a Carta aos Hebreus destaca essa ligação pessoal de Cristo conosco ao pontuar que “Ele é nosso irmão”: “Pois, tanto o que santifica como os que são santificados, todos vêm de um só. Por isso, é que ele não se envergonha de lhes chamar irmãos” (Hb 2.11).
O Senhor Jesus estabeleceu um governo altamente sensível à nossa dor e à nossa realidade: “Pois, naquilo que ele mesmo sofreu tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados” (Hb 2.18). Você e eu podemos nos sentir não somente seguros, mas amparados por um Rei Celestial que se compadece e entende o que nos sujeita à fraqueza: “Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas” (Hb 4.15).
Caro irmão, tenha uma certeza: Jesus, nosso irmão mais velho, Rei e Senhor, continua muito próximo de nós. Não importa o que estejamos passando, ainda podemos nos sentir acompanhados e protegidos, pois nosso irmão está ao nosso lado.


domingo, 15 de junho de 2014

Capacitados para testemunhar


Autor: Bel Marcos Cleber Santos Siqueira

David Livingstone nasceu na Escócia, em 1813. Quando jovem, decidiu propagar o evangelho na África, tornando-se o maior missionário daquele continente. Anos mais tarde, outros missionários resolveram retomar os caminhos de Livingstone. Quando começaram a falar de Cristo e de Seu amor, foram surpreendidos pelos nativos: “
Nós já conhecemos este homem! Ele viveu aqui conosco!”. “Não é bem isso”, responderam os missionários. "Estamos falando de Jesus Cristo, que viveu há quase dois mil anos”- explicaram os evangelistas. Posteriormente, os missionários ingleses entenderam que Livingstone teve uma vida tão exemplar que foi confundido com o próprio Cristo.
Semelhantemente, somos chamados para sermos testemunhas de Cristo no contexto em que estamos inseridos. Ser testemunha refere-se a uma pessoa que presenciou um acontecimento ou alguém que apresenta um testemunho no qual defende ou promove uma causa. Embora nobre, tal tarefa não é simples, principalmente quando consideramos nossa pecaminosidade. De fato, não conseguiremos sozinhos ser testemunhas fiéis de Cristo. Precisamos mais do que boas intenções, precisamos do poder do Alto.
O que qualificava e impelia os apóstolos a serem testemunhas de Cristo era o poder do Espírito (At 1.8). Tanto o Espírito quanto os apóstolos compartilhavam da mesma atividade, dar testemunho, “o Espírito da verdade, que dele procede, esse dará testemunho de mim; e vós também testemunhareis...” (Jo 15. 26-27).
Jesus concede ao Espírito Santo o título de Consolador (do grego, parakletos). O termo denota alguém que é chamado para o auxílio ou defesa de outrem. Na cultura da época, em um contexto jurídico, o acusado defendia-se por meio de uma testemunha. Não era necessário que o “advogado” do acusado fosse um profissional altamente treinado, mas alguém que o conhecesse intimamente e o defendesse, alguém que tivesse acompanhado a vida do acusado e pudesse testemunhar, um amigo íntimo.
O Espírito Santo foi o constante companheiro do Filho em Seu ministério, desde o ventre até o túmulo e o trono. Neste cenário, o Espírito é, idealmente, o indicado para ser a principal testemunha em prol de Cristo. O Espírito, que habita em nós, testemunha de Cristo aos nossos corações para que testemunhemos dEle (1Co 12.3).
Aquele que tem o Espírito, tem o testemunho de Cristo em seu coração. Aquele que tem o Consolador, tem a presença bendita do Salvador em seu ser. Aquele em quem o Santo Espírito habita é capacitado com poder para testemunhar do Senhor.