domingo, 29 de dezembro de 2013

A Porta do Recomeço

Autor: Rev. José Maurício Passos Nepomuceno

Uma das mais conhecidas ilustrações bíblicas é utilizada para nos ensinar a obra paciente de recomeçar. Trata-se da figura do oleiro que refaz o vaso sempre que este se estraga sobre as rodas (Jr 18.1-17).
Ali, o profeta aprendeu e nos ensinou que Deus é o Senhor dos recomeços. Ele, mais que qualquer um outro, sabe o valor de toda a retomada de uma construção. Podemos dizer, que a ilustração “do oleiro e do vaso” é uma espécie de símbolo da própria obra da Redenção que o Senhor opera no mundo que Ele criou perfeito, mas que se estragou, por causa do pecado humano.
Quando João Batista saiu pelas areias do deserto da Judéia apregoando o arrependimento e batizando as pessoas, estava promovendo a oportunidade do recomeço. Ele exortava os homens a repensarem suas vidas e a darem a si mesmos a oportunidade de produzi frutos que até então não tinham produzido.
O batismo de João era chamado de “batismo de arrependimento” , pois  promovia um recomeçar da jornada de vida com Deus: “Eu vos batizo com água, para arrependimento; mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu, cujas sandálias não sou digno de levar. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo. A sua pá, ele a tem na mão e limpará completamente a sua eira; recolherá o trigo no celeiro [graça], mas queimará a palha em fogo inextinguível [juízo]” (Mt 3.11-12). 
Jesus, quando nos ordenou que batizássemos os seus discípulos propôs uma marca distintiva para aqueles que se colocassem a caminho em uma estrada nova de relacionamento com Deus. Não se trata de um começo, mas de um recomeço no relacionamento do homem com Deus. Estamos falando do Oleiro refazendo o vaso, para que fique do jeito que ele planejou que fosse, desde o princípio.
João fala de um “batismo com o Espírito e com fogo” o que importa dizer que se trata de
uma proposta de recomeço que tem só duas possibilidades de resultado: a graça e o juízo.
Se desejamos uma vida madura diante de Deus precisamos nos dispor a recomeçar sempre que necessário. Cristo é a porta de todo o verdadeiro recomeço da vida com Deus. Ele é a única estrada que efetivamente nos conduz à luz.
O ponto de partida sempre será Cristo Jesus e a sua cruz e o cristão deve aprender e valorizar todo recomeço. Afinal, nada melhor que ser reconstruído segundo a vontade do Oleiro. Todo crente precisa ter é a dignidade e a humildade de saber recomeçar sua jornada, endireitando seus caminhos. Aproveite bem o próximo ano e saiba recomeçar.


domingo, 27 de outubro de 2013

Conduzidos Pela Escritura Somente

Autor: Rev. José Mauricio Passos Nepomuceno
Desde os mais remotos tempos bíblicos, o povo de Deus é chamado a viver neste mundo para a glória do seu Criador. A Escritura, como fonte e autoridade para conduzir o povo de Deus neste intento, ensina que fomos criados para glorificar a Deus e o amarmos acima de tudo.
A mesma Escritura indica que a maneira mais clara de demonstrarmos esse amor é vivermos para o benefício e crescimento do nosso próximo.
Na igreja primitiva, esse conceito foi levado muito a sério. Por isso, os apóstolos mantinham a igreja conduzida por uma doutrina sadia e o temor que havia em cada alma, resultava em uma intensa comunhão e amor uns para com os outros.
A Reforma Protestante nasceu em um momento em que essas premissas pareciam ter diminuído no ideário cristão.
Quando Martinho Lutero, Zwínglio, Calvino, Knox, Farel, Melancton e outros se levantaram contra a distância do cristianismo em relação à Bíblia, estavam propondo uma retomada de uma Igreja capaz de viver e conduzir as pessoas ao desprendimento e existirem nesta terra para Cristo e sua glória.
Muitas vezes, eles foram incompreendidos, outras, considerados hereges, gananciosos e julgados por muitos como interesseiros. Por isso, foram perseguidos, privados de direitos e reputados como inimigos da fé.
Não obstante serem tantas vezes maltratados, seguiram sua jornada, até onde puderam, levando a Igreja de Cristo a um novo paradigma baseado na Escritura somente. Este ideal exigiu o pagamento de um elevado preço, mas suas consciências permaneceram tranquilas diante de Deus.
A grande herança que recebemos da Reforma Protestante não é a sua liturgia, os escritos e sermões dos seus grandes pregadores, nem sequer a sua rica história de lutas. Ainda que todos esses legados sejam significativos, o mais importante tesouro deixado por esses homens foi nos ter conectado aos ideais antigos de enxergar a necessidade de vivermos segundo o padrão das Escrituras.
Cada vez que a Igreja perde de vista a Escritura e começa a viver segundo seus próprios paradigmas, faz-se necessária uma “reforma”. Assim também a vida particular de cada crente deve ser conduzida pela Escritura. Porque a vida do crente também deve ser medida pela mesma norma: a Escritura é que deve ser a lâmpada que guia os nossos passos.


segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Primórdios do Presbiterianismo na Cidade de São Paulo - A Questão Maçônica

“A maçonaria não é coisa secundária, mas interfere em dogmas fundamentais. Acho nela incompatibilidades estabelecidas na Palavra de Deus. Não posso e nem devo recuar no terreno dos princípios. Voto contra a proposta. Assim Deus me ajude. Amem” - com essas palavras, em 31 de julho de 1903, o Rev. Eduardo C. Pereira votava na reunião do Sínodo e, seguido de outros pastores e presbíteros, selava a cisão na Igreja Presbiteriana do Brasil.
A questão maçônica começou a agitar a Igreja Presbiteriana Brasileira, a partir de São Paulo. Eduardo C. Pereira mantinha, desde 1893, um jornal na Primeira Igreja: o Estandarte. Em 1898, publicou uma série de artigos do Dr. Nicolau S. do Couto Esher, entitulados: “A Maçonaria e o Crente”.
Naqueles dias, a ligação entre os evangélicos e a maçonaria era amplamente aceita. Em muitas cidades, onde as lojas maçônicas eram abertas, boa parte dos seus filiados eram evangélicos. Essa ligação entre igreja evangélica e maçonaria está bastante debatida no tema conhecido como “A questão religiosa brasileira”.
Os artigos do Dr. Nicolau suscitaram muitos debates entre os presbiterianos, em particular os pastores aderentes e não aderentes da maçonaria. Em julho de 1899, subiu ao Presbitério de São Paulo uma consulta indagando se o crente poderia ou não se filiar à maçonaria. Em 1900, na reunião de julho, o Sínodo pela primeira vez, discutiu a questão.
A Comissão nomeada para apresentar um parecer ao documento, concluiu o seu relatório dizendo que a escolha em participar da maçonaria ou não era do foro íntimo da consciência de cada um. O Rev. Eduardo C. Pereira apresentou suas objeções ao relatório e o resultado final da votação foi pelo relatório como estava.
Com o resultado, o Rev.. Carlos E. Pereira pediu sua renúncia como professor do seminário e, a Primeira Igreja de São Paulo foi transferida para o Presbitério Oeste de São Paulo. O Concílio pronunciou-se contra os artigos do Estandarte e declarou nota dizendo que o jornal não era órgão oficial da IPB.

Com essa discussão, a Igreja Presbiteriana do Brasil começava a enfrentar uma das suas mais profundas discussões teológicas no ambiente nacional. O presbiterianismo paulista esteve na frente dessa discussão e com isso passou a ser o centro das atenções nacionais. Veremos no próximo boletim como essa discussão provocou o cisma de 1903.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Primórdios do Presbiterianismo na Cidade de São Paulo - Eduardo Carlos Pereira e as Missões Nacionais

Embora o presbiterianismo crescesse, espalhando-se pelas diversas regiões do país, com suas igrejas, escolas e outras atividades, é necessário pensar que esse crescimento não aconteceu como uma ilha de paz. 
Em 1889, havia 52 igrejas organizadas no Brasil e centenas de pontos de pregação. Os pastores nacionais são 13, fora as escolas e alguns hospitais. Toda essa estrutura é sustentada pelos comitês de missões americanas.
Dois comitês dirigem as missões brasileiras: Nashville e New York, igreja sulista e igreja nortista. Em território americano, sulistas e nortistas presbiterianos estão em franca dissensão sobre o apoio ou não aos republicanos ou aos confederados. No Brasil, trabalham juntos, mas não sem diferenças.
As crises políticas e econômicas americanas influem e pressionam as missões nacionais. Enquanto, por lá, o dinheiro diminui, as necessidades da obra missionário no Brasil só aumentam. Uma grande discussão toma lugar no Brasil, no decorrer da última década do século XIX: o sustento da igreja deve caber primordialmente aos nacionais?
Em 1886 o Presbitério do Rio assume o Plano de Missões Nacionais e em 1887 cria-se uma revista de missões nacionais, com a finalidade de levantar fundos em todas as igrejas, para que as mais ricas ajudem no sustento das mais pobres. Para dirigir esse projeto fora designado o eloquente e jovem Rev. Eduardo Carlos Pereira (pastor da Primeira Igreja Presbiteriana de São Paulo).
Os anos se passam e o Plano de Missões Nacionais alcança muita adesão das igrejas brasileiras. Sob o comando de Eduardo C. Pereira, um grande número de representantes da a revista de Missões Nacionais, em sua grande maioria, leigos das igrejas locais, comandam uma nova etapa do presbiterianismo nacional. A revista anunciava a plantação de novas igrejas, as vitórias de cada campo e estimulava a participação dos membros na evangelização de todo o território nacional.
O projeto de crescimento nacional ainda dependia, e muito, das ofertas vindas das missões americanas. Essas tinham perspectivas diferentes sobre como fazer o trabalho. E impunham uma série de exigências para que os nacionais cumprissem. E, principalmente no campo educacional, propunham que suas escolas, em particular o Colégio Protestante de São Paulo se valesse de seu prestígio para influenciar a sociedade brasileira. Por outro lado, Eduardo C. Pereira, que estava à frente dos pastores nacionais, entendia que essa educação deveria ser oferecida primordialmente à igreja. 
Essas diferenças e a crescente adesão ao Plano Missionário Nacional foram dando forma ao pensamento de E.C. Pereira e muitos outros pastores e presbíteros brasileiros. A necessidade de uma igreja sem a ingerência das juntas americanas havia se tornado um elemento de grande importância para este grupo. 
Outras questões comporão, ao lado desta, os fatores motivadores para que no ano de 1903, a Igreja Presbiteriana do Brasil sofresse o seu primeiro cisma, que deu origem à Igreja Presbiteriana Independente do Brasil.

(fontes consultadas: Anais da 1ª Igreja de São Paulo 1863-1903 - autor: Vicente Themudo Lessa; A igreja Presbiteriana no Brasil, da autonomia ao cisma - autor: Boanerges Ribeiro). 

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Primórdios do Presbiterianismo em São Paulo - Igrejas e Escolas Andando Juntas a Virada do Século XX

Educação e evangelização andaram juntas nas primeiras décadas do presbiterianismo paulistano. A Escola Americana ganhava notoriedade e os pastores presbiterianos eram ajudados por isso, uma vez que a sociedade fazia uma correlação entre presbiterianismo e cultura.
Prédio da Escola Modelo construído na praça da república
simbolizando o interesse dos republicanos pela educação
(mais tarde "Colégio Caetano de Campos")
Já em 20 de agosto de 1872, o jornal Correio Paulistano parabenizava a Escola Americana por se tornar um exemplo de ensino popular, mostrando que o modelo educacional presbiteriano vinha ao encontro das novas aspirações republicanas brasileiras. Esse protagonismo da educação presbiteriana em São Paulo foi crescendo fortemente desde os primeiros anos da Escola Americana e consolidou-se com a vinda de um novo diretor que assumiria a frente das unidades da Escola Americana, falamos do Dr. Horace Manley Lane.
Em 04 de julho de 1885, inaugurou-se o primeiro grande prédio da Consolação. O orador oficial seria Rui Barbosa, mas por causa de uma enfermidade, não compareceu, enviando apenas o discurso para que fosse lido. Foi após essa inauguração que o Dr. Horace Lane assumiu os trabalhos à frente da escola.
O trabalho da Escola Americana tornava-se muitíssimo conhecido dos paulistanos, especialmente das elites. Logo o Dr. Lane passou a figurar entre as principais lideranças educacionais da cidade. Assim, os presbiterianos eram vistos como excelentes educadores no seio da sociedade paulistana.
Por determinação do governador Prudente de Morais e sob o comando do Dr. Rangel Pestana, admirador dos métodos educacionais presbiterianos, o professor Caetano de Campos foi nomeado diretor da Escola Normal de São Paulo com a finalidade de iniciar um processo de reforma do ensino público paulista.
Caetano de Campos, desejando inovar os métodos educacionais paulistanos, procurou ajuda do Dr. Horace Lane e da Escola Americana, quando implantou, pelo finais do século IX, a Escola Modelo, que deu lugar ao hoje conhecido Colégio Caetano de Campos, na Praça da República.
Com a ajuda de Lane, Caetano de Campos serviu-se dos bons serviços da professora Márcia Percy Browne, que tinha vindo do Rio de Janeiro para lecionar pedagogia na Escola Americana. Ela, como dizia Caetano de Campos, fez o excelente trabalho de governança dos primeiros anos da Escola Modelo Paulistana, dividindo o seu tempo entre as aulas na Escola Americana e a direção da nova escola do governo provincial paulista. Ajudaram-na nessa tarefa outras professoras de sua equipe no colégio presbiteriano.
Seguindo este diapasão, os presbiterianos paulistanos, aliando escolas e igrejas, foram ganhando espaço nas diversas vilas paulistanas e camadas sociais da virada do século XX. Enquanto a Escola Americana ganhava a aprovação da sociedade, as igrejas presbiterianas se aproximavam das famílias paulistanas de diversas camadas sociais. Pessoas abastadas como a  filha do Barão de Antonina, Maria Antônia da Silva Ramos, que se casara na Primeira Igreja de São Paulo com o tenente-coronel Mariano José Ramos e também suas servas, escravas, Joana e Leonor, faziam parte do rol de membros da Primeira Igreja.
Profª Márcia P. Browne
Nessa época, já havia na cidade de São Paulo, mais duas igrejas organizadas: 2ª IP de São Paulo (1893) e a IP Filadélfia (1899). Essas duas igrejas, juntaram-se em 26 de agosto de 1990 para formar a Igreja Presbiteriana Unida, pastoreada pelos Reverendos Zacarias de Miranda e Modesto Carvalhosa.
A IP Unida de São Paulo, instalada na Rua Helvétia, seria uma segunda grande força do presbiterianismo paulistano, especialmente após o ano de 1903, quando o presbiterianismo sofreu o seu primeiro cisma geral, surgindo, a partir da primeira igreja de São Paulo, a Igreja Presbiteriana Independente do Brasil.
Iniciou-se, então, uma nova fase para o presbiterianismo nacional e paulistano. A Primeira Igreja, agora seguiu, liderada pelo Rev. Eduardo C. Pereira, sua trajetória denominacional independente e a Igreja Unida de São Paulo, passou a ser a principal Igreja do presbiterianismo original na capital paulistana. Assim, foi que o presbiterianismo paulistano começou o século XX. 
(Fontes consultadas: Anais da 1ª Igreja de São Paulo 1863-1903 - autor: Vicente Themudo Lessa; Os Pioneiros Presbiterianos do Brasil 1859-1900 - autor: Alderi S. de Matos; Protestantismo e Educação Brasileira - autor Osvaldo H. Hack).   



domingo, 8 de setembro de 2013

Primórdios do Presbiterianismo na Cidade de São Paulo - A visita do Imperador D. Pedro II à Escola Americana

Dr. Horace Lane
Diretor da Escola Americana
O casal Chamberlain, dirigente da Escola Americana, entendia que as missões presbiterianas deveriam ter um especial interesse na educação. Por isso, o esforço e o investimento na construção da primeira sede própria na esquina da Av. São João com a Ipiranga fora apenas o início.
O prédio, em 1878, também abrigara a Primeira Igreja Presbiteriana de São Paulo, que ali se reuniria até 1884, quando enfim mudaria para a Rua 24 de maio (atual Nestor Pestana), em um templo próprio, que se tornaria, mais tarde, na conhecida Catedral Presbiteriana Independente.
Os cultos realizados no “Salão Nobre” da Escola Americana eram muito apreciados. Visitantes se encantavam com a beleza do local de reuniões e principalmente com os hinos presbiterianos, acompanhados pelo órgão tocado por Miss Dascomb.

A missão dos Chamberlain continuava. Tinham uma chácara no subúrbio de São Paulo, comprada em 1874 de Dna Maria Antonia da Silva Ramos. Ali, planejavam os Chamberlain, dariam início ao internato dos rapazes e ao “Curso Superior”.
A Escola Americana da Rua São João crescia. As aulas do Internato Feminino tinha bons professores e até alunas-mestras que já se engajavam na obra de educar os filhos dos paulistanos. O curso ministrado era chamado “Classe Normal’. A “Chácara Consolação” começava a ser preparada para o Internato Masculino e o curso superior de 3 anos. Contudo, o Rev. Chamberlain não tinha um diretor que assumisse tão grande tarefa.
Em 1878, a Escola Americana recebeu a visita honrosa de Sua Majestade o Imperador D. Pedro II. Era conhecido o apreço de Sua Majestade por estabelecimentos de ensinos e quando os visitava sabatinava os seus diretores. Por duas horas esteve a andar pelas salas e a inquirir professores.
Ao deixar a sala dirigida por Dna Adelaide Luiza de Molina, perguntou-lhe: “Que doutrina se ensina aqui?” A experiente professora respondeu: “O evangelho só”. Disse ele: “Já sei, já sei, a doutrina protestante”. O diálogo ficara um pouco ríspido com os dirigentes da Escola, quando o Imperador disse: “Se eliminarem o ensino religioso podem contar com a nossa proteção”. Entretanto, o diretor respondeu com firmeza: “A Bíblia tem estado aberta na escola desde o primeiro dia de sua abertura e, quando fechar-se, fechar-se-ão as portas da Escola Americana”. O Imperador encerrou a conversa com a seguinte frase: “Cada um tem direito à sua opinião”.
O Jornal do Comércio destacou que o Imperador demostrara muito apreço pela Escola Americana, declarando que era a primeira vez que vira uma escola daquele gênero no Brasil. A Igreja e a Escola Americana andavam juntas nos primeiros anos do presbiterianismo paulistano.

(Fontes consultadas: Anais da 1ª Igreja Presbiteriana de São Paulo 1863-1903 - autor: Vicente Themudo Lessa)


domingo, 25 de agosto de 2013

Primórdios do presbiterianismo na cidade de São Paulo (parte 3)

Rev. George W.Chamberlain e o início da Escola Americana (Mackenzie Colege)

Rev. George W. Chamberlain
Blackford, Simonton, Schneider e Conceição seguiam como os principais divulgadores da fé presbiteriana em solo brasileiro. A eles juntou-se o Rev. George Whitehill Chamberlain, que trouxe uma enorme contribuição para o progresso do presbiterianismo na cidade de São Paulo.
Chamberlain era professor e inicialmente veio ao Brasil para tratamento de uma enfermidade nos olhos. O professor Chamberlain chegou ao Brasil em 21 de julho de 1862 e, como lhe havia indicado o Rev. Blackford, que por esse tempo estava nos Estados Unidos, passou a conhecer o campo missionário. Por um ano esteve na Província de São Paulo e depois foi ao Rio Grande do Sul, onde lecionou inglês.
Em 23 de maio de 1864 veio para o Rio de Janeiro com a finalidade de auxiliar o Rev. Simonton, justo no ano do falecimento de Helen Simonton, no final de junho. Em novembro de 1864, mudou-se para São Paulo e primeiramente lecionou inglês aos paulistanos, auxiliando várias vezes na pregação da Primeira Igreja de São Paulo, participando da organização desta em 1865.
Como já auxiliava os missionários em pregações e aulas de Escola Dominical, Chamberlain foi encaminhado pelo Presbitério do Rio à ordenação, que ocorreu em 08 de julho de 1866. Foi aos Estados Unidos, estudou teologia em Princeton e levantou recursos para a construção da sede da Igreja no Rio de Janeiro, retornando ao Brasil em 23 de setembro de 1868 para substituir o Rev. Blackford que voltara aos Estados Unidos.
Escola Americana na Rua São João com Rua Ipiranga
Em outubro de 1869 assumiu o pastorado da Igreja de São Paulo e deu novo impulso a este trabalho. Visitou vários bairros e vilas da capital paulista, o interior e o litoral do Estado. Em sua residência, na Rua Visconde de Congonhas do Campo, nº1, iniciou a Escola Americana. Dna Mary Ann Amesley Chamberlain, lecionava para meninas que não podiam ir à Escola Pública por causa de intolerância religiosa. Em 1871, a Escola Americana passou a funcionar no endereço da Igreja, na Rua Nova de São José, nº1 (atual Líbero Badaró) e outros mestres passaram a dar aulas ali, entre eles: Mary Chamberlain (música e francês); Harriet Greenman (inglês, caligrafia, conhecimentos gerais); Júlio Ribeiro, o conhecido autor do livro “A Carne” (português); Palmira Rodrigues (história) e Adelaide Molina (geografia).
A Escola Americana se desenvolvia fortemente naqueles anos e em 1876, transferiu-se para uma sede própria na esquina da Rua São João com a Rua Ipiranga, onde passou a funcionar também um internato para meninas e o primeiro jardim da infância do Brasil.

(Fonte: Os Pioneiros Presbiterianos do Brasil (1859-1900) - autor: Alderi S. Matos - Ed. Cultura Cristã) 

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Primórdios do presbiterianismo na cidade de São Paulo (parte 2)

“Quanto ao futuro, não há motivo para dúvidas nem receios. Tomemos o passado como garantia de maiores coisas no futuro. Firmados nas promessas divinas resolvamos prosseguir avante, tranquilos e cheios de esperança”. Essas palavras, encontradas no diário de Simonton, são o seu último registro antes de sua morte em 09 de dezembro de 1967, na Rua Nova de São José, n°01, São Paulo.
O presbiterianismo havia começado há pouco tempo na cidade de São Paulo. O Rev. Blackford pregava os seus sermões no endereço indicado e começa a alcançar vidas na promissora Vila de Piratininga, onde chegara em 1863.
Órgão de Tubos da atual
Primeira Igreja Presbiteriana Independente do Brasil|
A primeira ceia foi celebrada em 29 de maio de 1864 e sete pessoas participaram, a segunda, somente em 8 de janeiro de 1865, ministrada a 08 pessoas. Mas, foi no dia 5 de março de 1865, um dos mais alegres daquela história iniciante, que a ceia fora servida e 18 comungantes dela participaram.  Blackford colhia os primeiros frutos do trabalho em São Paulo.
Nesse dia, seis moradores paulistanos eram recebidas por pública profissão de fé: Manoel Fernandes Lopes Braga, Miguel Gonçalves Torres, Antônio Trajano, José Maria Barbosa da Silva, Ana Luiza Barbosa da Silva e Olímpia Maria da Silva (quatro portugueses e duas brasileiras).
Esse 05 de março ficou sendo considerado o ponto de partida da primeira Igreja presbiteriana de São Paulo, hoje conhecida como Catedral Presbiteriana Independente, localizada na Rua Nestor Pestana.
Os primeiros anos foram difíceis, mas os poucos conversos eram muito atuantes. Eles e seus missionários, Rev.. Blackford, Rev.. José Manoel da Conceição, Rev.. Francis Schneider, empreenderam grandes esforços para alcançar novos locais.
Nesse mesmo ano de 1865, eles, por meio da obra do padre protestante, O Rev. J.M. da Conceição, plantaram o trabalho presbiteriana na Cidade de Brotas e organizaram lá a terceira igreja presbiteriana do Brasil.
Durante alguns anos, Brotas foi a maior igreja paulista, superando a própria Igreja de São Paulo. De lá, o presbiterianismo espalhou-se para o interior do Estado e para Minas Gerais.
Em 1865, os pastores, Blackford, Simonton e Schneider, organizaram o primeiro presbitério brasileiro, o Presbitério do Rio de Janeiro. Foi na Rua Nova de São José que isto aconteceu, quando também foi recebido o Rev.. José M. da Conceição como pastor da Igreja Presbiteriana. 
Apenas três igrejas e uma grande história a ser continuada. As palavras de Simonton continuam válidas para o presbiterianismo nacional.

fontes: Anais da Primeira Igreja Presbiteriana de São Paulo (1863-1903) - Autor: Vicente Temudo Lessa - Ed. Cultura Cristã, 2010; História Documental do Protestantismo no Brasil - Autor: Duncan Reily - Ed. ASTE, 1984. 

domingo, 11 de agosto de 2013

Série: Primórdios do Presbiterianismo na Cidade de São Paulo

Em 12 de agosto de 1859, o jovem pastor Rev. Ashbel Green Simonton aportava no Rio de Janeiro e, com ele, uma história de 154 anos de idade. Tinha apenas 26 anos e desejava servir a Deus de todo o seu coração. Em 9 de dezembro de 1867, oito anos e quatro meses depois de sua chegada, na cidade de São Paulo, faleceu. Deixou um enorme legado de amor e dedicação a Cristo e à Igreja Presbiteriana do Brasil.
Rev. Alexander Latimer Blackford
Não somente Simonton, mas também Blackford, Conceição, Schneider, Chamberlain e outros, dedicaram a história de suas vidas ao bem do nosso país e à propagação do Evangelho. Por isso, podemos dizer com todas as letras, somos herdeiros de uma igreja missionária.
Mas, quando pensamos de forma mais detida sobre a história destes homens e da igreja nos seus primeiros anos, não podemos nos esquecer de que no seu dia a dia, tantas e tantas situações se levantaram para os impedir, ou mesmo diminuir a marcha de seu interesse pelo reino. Mas eles não desistiram.
Quando o presbiterianismo chegou à São Paulo, a cidade não era a grande megalópole que estamos acostumados a conhecer. Não tinha mais que trinta mil habitantes e se localizava na região central no alto da colina entre os rios Anhangabaú e Tamanduateí.
Os presbiterianos começaram oficialmente o seu trabalho no dia 18 de outubro com um sermão do Rev. Alexander Latimer Blackford, na rua da Constituição, hoje Florêncio de Abreu. Um mês depois, na casa de um comerciante inglês, Sr. D.Pitts, na Rua Boavista, Blackford pregou seu primeiro sermão em português.
O primeiro endereço oficial da Igreja Presbiteriana na Cidade de São Paulo, onde os cultos eram celebrados e onde também morava a família Blackford, ficava numa rua lateral, a Rua Nova de São José, nº01 (atual Líbero Badaró).
Nessa residência, os presbiterianos ordenaram o primeiro pastor presbiteriano brasileiro, o ex-padre Rev. José Manuel da Conceição; criaram o primeiro presbitério da Igreja Presbiteriana do Brasil (Presbitério do Rio de Janeiro); começaram os trabalhos sócio educacionais da Escola Americana, que mais tarde tornou-se na Universidade Presbiteriana Mackenzie.

(fontes: Anais da Primeira Igreja Presbiteriana de São Paulo (1863-1903) - Autor: Vicente Temudo Lessa - Ed. Cultura Cristã, 2010; História Documental do Protestantismo no Brasil - Autor: Duncan Reily - Ed. ASTE, 1984. 

sábado, 29 de junho de 2013

A Perseverança e a Montanha


Autor: Rev. José Mauricio Passos Nepomuceno

Perseverar é uma virtude muitíssimo necessária para a vida. Quase tudo o que fazemos, que tenha verdadeiro valor para a vida toda, exige uma boa dose de perseverança. A perseverança nos ajuda a superar dificuldades e entraves.
Quando falo em perseverança, sempre penso em escaladas e isso me lembra o esporte das montanhas, o alpinismo. Tenho uma profunda admiração por alpinistas. Fico encantado com as belas imagens que coletam do topo de montanhas ou de suas íngremes encostas. 
As vistas belíssimas que a altura de uma montanha proporciona necessitam de uma perseverante escalada. Nenhuma imagem é captada sem que antes os pés e as mãos de um alpinista se apeguem a uma montanha para subir e perseverem na subida.
A subida de uma montanha não é realizada em um salto. É necessário, uma pegada de mão e uma pisada firme de cada vez. A perseverança é um processo de luta contínua. Perseverar é se dispor a seguir adiante e, como no caso do alpinismo, perseverar na vida cristã é desejar seguir para o alto.
A escalada da vida cristã é, com certeza, muito mais difícil que a subida de uma montanha, seja o Everest, Aconcágua ou qualquer grande altura deste planeta. Nenhuma vista captada pela câmera de um alpinista supera as imensas maravilhas de subir à presença de Deus e conhecê-lo.
A escalada cristã é uma íngreme montanha de lutas e experiências que nos conduzem para viver mais perto de Deus. Como um alpinista na subida de uma montanha, às vezes temos de esperar, sofrer os ventos, o calor, o frio, mas sempre devemos continuar.
Continuar não significa andar muitos metros de uma vez. Às vezes, subir alguns centímetros é tudo o que conseguimos. Não importa o quanto progredimos, mas a direção de nossa progressão. Andamos para o alto, subimos para Deus.
Pedro nos ensina que entre as coisas mais importantes de nossa jornada é a esperança que alimenta a nossa perseverança: “...segundo a sua promessa, nós esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita a justiça” (2Pe 3.13).
Para o cristão, perseverar é seguir segundo a visão que nos é dada do nosso futuro com Cristo. É manter a direção certa e viver segundo o nosso chamado, empreendendo esforço diligente de viver para Deus e conhecê-lo mais. Persevere na sua subida.


domingo, 9 de junho de 2013

O Amor Como Um Princípio de Vida

Autor: Rev. José Mauricio Passos Nepomuceno

Quando falamos em amor é comum que rapidamente o associemos à figura do apóstolo João. E, com certeza, é muito justo que digamos que João é o “apóstolo do amor”, baseados em tudo o que este amado discípulo de Jesus escreveu.
Mas, quando pensamos em Pedro e o que o amor significou em sua vida, na sua jornada com Cristo, logo perceberemos que o “amor a Cristo” tinha um significado todo especial na vida deste homem.
Devemos nos lembrar que foi pela sua reafirmação tripla de amor a Cristo que foi restaurado: “Pedro tu me amas?” A resposta tripa de afirmação do amor “sim, Senhor, tu sabes que eu te amo”, fez correr vida no coração e em cada espaço da alma confusa daquele que negara Jesus. O chamado do amor tinha um objetivo e objeto definidos: “apascenta as minhas ovelhas” (leia João 21.15-17).  
O amor conduzira Pedro de volta a Cristo e em seguida o levara ao seu próximo. E, quando recorremos à história de Pedro, para verificar os desdobramentos deste amor, perceberemos um homem servindo a Deus, servindo ao próximo com o risco da própria vida.
Quando lemos estas duas cartas deixadas por Pedro e procuramos nelas o que o amor significa na sua teologia, logo perceberemos que o amor a Cristo, deve nos conduzir ao serviço.
Pedro qualifica, em dois momentos o amor da seguinte forma: “ardente” (1Pe1.22) e “intenso” (1Pe 4.8). Este é o modelo de amor que este homem entende como sendo o modo correto de produzir frutos para a glória de Jesus.
Ele justifica que este amor deve ser assim ardente porque é fruto de uma nova vida que está em nosso coração (1Pe 1.23) e sua intensidade é motivada pela nossa consciência de que o amor é a única ferramenta de que dispomos para nos aproximar de Cristo e uns dos outros, evitando assim o pecado que nos afasta de Deus (1Pe 4.8).
Para Pedro o amor não é uma mera declaração de afeto pelas pessoas, mas um princípio de vida que nos conduz a servir ao outro como despenseiros da multiforme graça de Deus.
Não poderemos falar de Cristo e agirmos para a glória de Deus se não o fizermos com amor. Não podemos apascentar o rebanho de Cristo sem amor. E sem amor não poderemos servi-lo. Ame, na família, na igreja... Ame sempre!


domingo, 2 de junho de 2013

Conduzido Pela Palavra Eterna de Cristo

Autor: Rev. José Mauricio Passos Nepomuceno

O apóstolo Pedro nos deixou duas cartas muito preciosas, ambas de encorajamento à igreja. Nelas, podemos ver retratada a fé de um homem que aprendeu a confiar absolutamente em Deus e na sua Palavra.
Com Pedro aprendemos a marchar neste mundo olhando para o alto e discernindo a voz de Deus e sua vontade para a nossa vida. Com ele aprendemos a ser conduzidos por Cristo, através de sua Palavra.
Para muitas pessoas, ser cristão está restrito à assumir alguns compromissos com uma igreja, procurando manter um padrão de vida respeitador, mas para Pedro o cristão é aquele que houve a voz de Cristo e se deixa guiar por ela neste mundo. Ele faz da Palavra sua bússola de vida e da vida um mapa para outras pessoas.
Tendo purificado a vossa alma pela obediência à verdade - Pedro discerne que a Palavra de Cristo tem um poder de transformar o homem. Ele insiste em que a nossa esperança de encontrar com Deus no final esteja ligada ao nosso compromisso com a Palavra da Verdade (1Pe.1.22-25).
O Amor fraternal ardente - o maior sinal de que nosso compromisso com a Palavra é verdadeiro é o resultado óbvio: a imitação de Cristo, cujo símbolo mais evidente é o amor.
Não existirá um homem que tenha ouvido a Cristo e que não tenha aprendido a amar e servir ao próximo. É a coisa mais natural, pois é a mudança mais profunda a se processar em nosso coração.
Pedro completa o seu raciocínio dizendo o seguinte: Pois fostes regenerados por uma semente incorruptível. Com estas palavras Pedro justifica sua visão tão otimista da Igreja. Para ele, a Igreja produzirá um amor verdadeiro, porque foi gerada, ou regenerada, pelo poder da Palavra Eterna de Deus.
Seca-se a erva - Meus amados irmãos, a realidade de nossa vida neste mundo é a brevidade. Cai a sua flor -  E logo, aqueles que quiserem viver apenas para esta vida, logo perceberão que nada poderão levar dela. Mas a Palavra do Senhor permanece - Temos apenas uma possibilidade eterna: confiar no caminho apontado pela Palavra de Cristo.
Podemos nos perceber com uma missão muito mais elevada neste mundo. Temos a Palavra de Deus mostrando trilhas de vida para todos nós. Sigamos guiados por Ele e conduzidos por sua Palavra neste mundo.


domingo, 26 de maio de 2013

Conduzido Por Cristo em Meio ao Vale da Decepção

Autor: Rev. José Maurício Passos Nepomuceno

O sentimento de quem passa por momentos difíceis é de que está sozinho, abandonado e desprotegido. Tornamo-nos críticos dos outros, da família, igreja, etc. Nos isolamos e recolhemo-nos em nossa dor. Deus poderia simplesmente retirar a nossa dor, atender nossas orações e nos fazer livres do sofrimento, mas não faz. Então, pensamos: Ele não se importa.
Um dia, um discípulo de Jesus, estava vivendo o mais profundo vale da auto decepção. Estava amargurado, sentindo-se o pior dos homens. Pedro, havia negado o Senhor e isto cortava-lhe a alma profundamente, sabia que tinha sido reprovado.
Talvez estivesse se lembrando do dia em que Jesus lhe chamou para segui-lo e das impactantes palavras, ditas ao povo de dentro do seu barco. Mas, agora, parecia estar só e sem saída.
Cristo ressuscitara e estava bem ali, comendo peixe e falando com seus discípulos (leia João 21.1-18). Pedro cortejava um sentimento estranho, pois estava feliz e triste ao mesmo tempo. Pensava: “Como encarar Jesus agora? A última vez que olhei para os seus olhos eu estava abandonando-o e negando minha fé” (Lucas 22.61).
Jesus veio na direção de Pedro. Seu vale de decepção era profundo e Jesus sabia que mais uma vez ele precisava ser puxado para cima. Fizera isto outras vezes com Pedro. Jesus vai na direção do seu precioso amigo e, por três vezes, lhe diz: “Tu me amas? Apascenta as minhas ovelhas”.
Jesus prometeu que estaria conosco todos os dias. Ele nunca nos abandonará. E mesmo quando nos tornarmos reprováveis e fracassamos na caminhada, ele se volta para nós para nos restaurar. Ele está sempre disposto a caminhar conosco em nossos vales de decepção. Afinal, veio ao mundo para nos salvar!
“Nisto exultais, embora no presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por várias provações, para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé (...) redunde em louvor” (1 Pedro 1.6-7).
Estas seriam palavras improváveis de serem ditas por Pedro, mas o fato de Jesus ter-lhe dado uma chance, sem reservas no coração, permitiu que Pedro emergisse da profundezas.
Você pode ser um Pedro agora. Deus se importa, Jesus se importa e está com você. Sua fé será provada e você emergirá também. Após provar a sua fé ele estenderá a mão e te trará para cima!   



quinta-feira, 23 de maio de 2013

Enchei-vos do Espírito - Pentecostes


Autor: Rev. José Maurício Passos Nepomuceno

O Dia de Pentecostes sempre foi comemorado pelos judeus para fazê-los lembrar que haviam caminhado errantes pelo deserto, recebido as tábuas da Lei e colhido os frutos de seu andar debaixo da nuvem, quando finalmente entraram na Terra Prometida. Esta festa era a antiga festa das Semanas e recebeu o nome de Pentecostes, quando a língua grega passou a ser fala da também pelo povo judeu, por imposição cultural dos dominadores gregos.
Cinquenta dias após a do dia da Páscoa em que Cristo foi crucificado, os apóstolos estavam reunidos em um grande cenáculo, quando, de repente, um som, como de um vento muito forte, encheu o lugar onde estavam e, sobre eles pousaram línguas como de fogo e começaram a falar as coisas de Deus em línguas de outros povos (Atos 2.1 a 4). Este dia passou a ser considerado o Pentecostes Cristão.
O Espírito Santo iniciou o seu longo ministério junto à Igreja. Ele já exercia o seu papel com o povo de Israel, mas agora, veio para encher o coração dos crentes e guiá-los, na direção de uma vida que amadurece para se parecer com Cristo Jesus.
O apóstolo Paulo apresentou aos efésios esta graça e suplicou a eles que atentassem por serem cheios do Espírito Santo, como a única maneira de se alcançar essa maturidade que nos faz, menos parecidos com os filhos das trevas e mais próximos de Deus. “E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito” (Efésios 5.18).
O enchimento do Espírito Santo é o remédio para a nossa luta contra o pecado. Considere seriamente sobre como você está lidando com isto na sua vida.
O enchimento do Espírito Santo é a busca de ser controlado pela nova natureza que recebemos de Cristo, o que Paulo chamou de “revestir-se do novo homem” (Ef.4.24).
No texto, o verbo “encher” é grafado no imperativo, presente passivo e traduz na ideia geral de que é nosso dever, se desejamos uma vida que agrada a Deus, oferecer espaço e condições para que sejamos alvo deste enchimento.
Paulo diz que este enchimento se daria, primordialmente, em uma vida de comunhão com outros crentes que vivem segundo o mesmo projeto (Ef.5.19 a 21). Por isto, a Igreja e a comunhão com os irmãos é algo de tão elevado valor na vida cristã. O Pentecostes Cristão é uma data que a Igreja deve comemorar sempre, é a data que marca a vida da Igreja Militante.


domingo, 12 de maio de 2013

Esperança Escatológica - Ascensão de Cristo


Autor: Rev. José Mauricio Passos Nepomuceno

“Por que estais olhando para as alturas? Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu virá do modo como o vistes subir” (Atos 1.11). A fé cristã é de natureza escatológica, sempre foi. Desde os primórdios, quando ainda não era conhecida como “cristã”, a fé bíblica é impulsionada pela expectativa futura.
No dia em que o Senhor prometeu para Adão e Eva que venceria aquele cenário da presença do pecado, por meio da vinda de um Libertador que esmagaria a cabeça da serpente (Gênesis 3.15), a fé bíblica desenvolveu o potencial da esperança.
Foi assim também com Abraão, que decidiu crer em Deus e deixou tudo, confiando na promessa de Deus. Mesmo em avançada idade, creu contra a esperança de que Deus lhe daria uma grande descendência.
Moisés, caminhou adiante do povo por quarenta anos, na esperança de chegar à Terra Prometida. Davi, escolhido para lutar em nome de Deus, derrubou o Golias e venceu batalhas, por que confiou no Senhor. Os profetas, não se intimidaram diante de reis e exércitos, para anunciar a esperança da chegada do Messias.  
Enfim, muitos foram aqueles que movidos por sua fé, creram e depositaram em Deus todas as suas expectativas até que Cristo chegou. Por isto é que falamos que a fé cristã, desde o seu início é escatológica, sempre olhando com esperança para o futuro.
Nos dias de Cristo isto foi diferente. Ao viver ao lado dos seus discípulos, ensinar-lhes o propósito da sua vinda, ser crucificado e ressuscitar dos mortos, Jesus estava lhes oferecendo todo o conteúdo para uma fé que transformaria suas vidas e mundo ao seu redor.
Contudo, ao ser elevado aos céus no dia da sua ascensão, Cristo Jesus ofereceu mais um elemento que completaria esta fé transformadora. Jesus lhes concedeu a força da esperança escatológica. Mas, o que é  isto?
Esperança escatológica é uma disciplina da alma que faz o crente viver sempre seguro do amanhã. Quando, no dia da ascensão de Jesus, lhes foi anunciado, pelos anjos, que Jesus voltaria, a mente dos discípulos fora revestida de uma certeza final (escatológica).
Assim, a fé cristã, mais uma vez lançou luzes sobre o futuro. Do mesmo modo como no passado os filhos de Deus creram no Senhor e foram agraciados com a vinda do Messias, hoje, eu e você somos chamados a viver com esperança, no aguardo da volta de Jesus.
A esperança deve marcar a vido do crente e de fazê-lo vencer todas as lutas na expectativa constante de que um dia terá um encontro vivo e maravilhoso com o seu Rei. 

sexta-feira, 3 de maio de 2013

O Conhecimento de Deus e o Amor


Autor: Rev. José Maurício Passos Nepomuceno

Tenho insistido em enfocar o fato de que o Reino de Cristo é o Reino do Amor. O amor é a transformação mais profunda operada em nosso coração pecador. Portanto, na base da nossa busca espiritual deve figurar o anseio por desenvolver um amor a Deus que esteja absolutamente acima de qualquer outro.
O amor a Deus deve ser a mola mestra de toda a nossa vida, definindo e sujeitando as nossas motivações. Nossas escolhas, desejos, sentimentos, ações, tudo deve refletir a influência deste amor e, consequentemente, amaríamos o próximo, do modo como Cristo nos amou: “Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu sua vida por nós; e devemos dar nossa vida pelos irmãos” (1 João 3.16). Esse amor não somente é o resultado, mas a comprovação prática do nosso amor a Deus.
Crentes bíblicos, interessados em uma fé pura e transformadora, sempre se perguntam: como crescer neste amor a Deus? É possível, em tempos de tanto desafeto, ódio, repulsa pelas coisas espirituais os homens se encontrarem com este amor transformador?
Ainda que tenhamos de lutar contra todos os males que assolam o nosso coração autocentrado, devemos crer que este processo de mudança nas bases do nosso “amor último” ocorre por meio de uma obra sobrenatural de Deus e é fortalecido pelo amadurecimento da nossa fé.
Uma das principais ferramentas do amadurecimento da nossa fé é o “conhecimento de Deus”. Conhecer a Deus é a mais importante ferramenta de mudança de nosso coração. Pois, ao conhecer a Deus nos conscientizamos de sua absoluta pureza, poder e glória.
O Evangelho do Reino não se limita a ser uma regra religiosa, destituída do uso das faculdades racionais. Ao contrário, a ordem de Cristo é que espalhemos o conhecimento de Deus ao mundo. Amaremos mais, conforme conhecermos mais ao nosso Deus e seu Filho Jesus: Pois a terra se encherá do conhecimento da glória do SENHOR, como as águas cobrem o mar” (Habacuque 2.14).
Há crentes que defendem a ideia de que o conhecimento embota o amor a Deus. Não existe falácia mais desastrosa! O conhecimento verdadeiro de Deus nos aproxima do Senhor, nos faz mais dedicados e nos mostra quem somos, a ponto de nos capacitar a amar mais o próximo. Quando você rejeita este Evangelho de ensino, está rejeitando o amor a Deus como alvo máximo da sua vida.