domingo, 27 de outubro de 2013

Conduzidos Pela Escritura Somente

Autor: Rev. José Mauricio Passos Nepomuceno
Desde os mais remotos tempos bíblicos, o povo de Deus é chamado a viver neste mundo para a glória do seu Criador. A Escritura, como fonte e autoridade para conduzir o povo de Deus neste intento, ensina que fomos criados para glorificar a Deus e o amarmos acima de tudo.
A mesma Escritura indica que a maneira mais clara de demonstrarmos esse amor é vivermos para o benefício e crescimento do nosso próximo.
Na igreja primitiva, esse conceito foi levado muito a sério. Por isso, os apóstolos mantinham a igreja conduzida por uma doutrina sadia e o temor que havia em cada alma, resultava em uma intensa comunhão e amor uns para com os outros.
A Reforma Protestante nasceu em um momento em que essas premissas pareciam ter diminuído no ideário cristão.
Quando Martinho Lutero, Zwínglio, Calvino, Knox, Farel, Melancton e outros se levantaram contra a distância do cristianismo em relação à Bíblia, estavam propondo uma retomada de uma Igreja capaz de viver e conduzir as pessoas ao desprendimento e existirem nesta terra para Cristo e sua glória.
Muitas vezes, eles foram incompreendidos, outras, considerados hereges, gananciosos e julgados por muitos como interesseiros. Por isso, foram perseguidos, privados de direitos e reputados como inimigos da fé.
Não obstante serem tantas vezes maltratados, seguiram sua jornada, até onde puderam, levando a Igreja de Cristo a um novo paradigma baseado na Escritura somente. Este ideal exigiu o pagamento de um elevado preço, mas suas consciências permaneceram tranquilas diante de Deus.
A grande herança que recebemos da Reforma Protestante não é a sua liturgia, os escritos e sermões dos seus grandes pregadores, nem sequer a sua rica história de lutas. Ainda que todos esses legados sejam significativos, o mais importante tesouro deixado por esses homens foi nos ter conectado aos ideais antigos de enxergar a necessidade de vivermos segundo o padrão das Escrituras.
Cada vez que a Igreja perde de vista a Escritura e começa a viver segundo seus próprios paradigmas, faz-se necessária uma “reforma”. Assim também a vida particular de cada crente deve ser conduzida pela Escritura. Porque a vida do crente também deve ser medida pela mesma norma: a Escritura é que deve ser a lâmpada que guia os nossos passos.


segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Primórdios do Presbiterianismo na Cidade de São Paulo - A Questão Maçônica

“A maçonaria não é coisa secundária, mas interfere em dogmas fundamentais. Acho nela incompatibilidades estabelecidas na Palavra de Deus. Não posso e nem devo recuar no terreno dos princípios. Voto contra a proposta. Assim Deus me ajude. Amem” - com essas palavras, em 31 de julho de 1903, o Rev. Eduardo C. Pereira votava na reunião do Sínodo e, seguido de outros pastores e presbíteros, selava a cisão na Igreja Presbiteriana do Brasil.
A questão maçônica começou a agitar a Igreja Presbiteriana Brasileira, a partir de São Paulo. Eduardo C. Pereira mantinha, desde 1893, um jornal na Primeira Igreja: o Estandarte. Em 1898, publicou uma série de artigos do Dr. Nicolau S. do Couto Esher, entitulados: “A Maçonaria e o Crente”.
Naqueles dias, a ligação entre os evangélicos e a maçonaria era amplamente aceita. Em muitas cidades, onde as lojas maçônicas eram abertas, boa parte dos seus filiados eram evangélicos. Essa ligação entre igreja evangélica e maçonaria está bastante debatida no tema conhecido como “A questão religiosa brasileira”.
Os artigos do Dr. Nicolau suscitaram muitos debates entre os presbiterianos, em particular os pastores aderentes e não aderentes da maçonaria. Em julho de 1899, subiu ao Presbitério de São Paulo uma consulta indagando se o crente poderia ou não se filiar à maçonaria. Em 1900, na reunião de julho, o Sínodo pela primeira vez, discutiu a questão.
A Comissão nomeada para apresentar um parecer ao documento, concluiu o seu relatório dizendo que a escolha em participar da maçonaria ou não era do foro íntimo da consciência de cada um. O Rev. Eduardo C. Pereira apresentou suas objeções ao relatório e o resultado final da votação foi pelo relatório como estava.
Com o resultado, o Rev.. Carlos E. Pereira pediu sua renúncia como professor do seminário e, a Primeira Igreja de São Paulo foi transferida para o Presbitério Oeste de São Paulo. O Concílio pronunciou-se contra os artigos do Estandarte e declarou nota dizendo que o jornal não era órgão oficial da IPB.

Com essa discussão, a Igreja Presbiteriana do Brasil começava a enfrentar uma das suas mais profundas discussões teológicas no ambiente nacional. O presbiterianismo paulista esteve na frente dessa discussão e com isso passou a ser o centro das atenções nacionais. Veremos no próximo boletim como essa discussão provocou o cisma de 1903.