Autor: Rev. José Maurício Passos Nepomuceno
Entre os lemas primordiais da Reforma Protestante, encontramos na expressão “Solus Christus” (Cristo Somente) uma proposta revolucionária para o modo como os cristãos devem entender sua própria ligação com Deus. Na medida em que avançamos nas décadas do século XXI, a Igreja Cristã vai reeditanto uma espécie de velha heresia da Idade Média. Trata-se da busca de Deus por meio dos esforços humanos.
Na Idade Média, a Igreja notabilizou uma espécie de cristianismo segundo a força humana. Para que a vida com Deus estivesse em ordem era necessário contribuir para a construção de uma Catedral, ou investir valores no pagamento de indulgências. Naqueles dias, a salvação era considerada como o resultado das ações beneméritas dos homens. Também em nossos dias, muitos estão ligadas aos diversos ministérios cristãos e inquietos em fazer alguma coisa para merecer sua salvação.
A Reforma Protestante proporcionou um retorno ao princípio escriturístico de que o relacionamento do homem com Deus é fruto exclusivo da obra vicária de Cristo: “Ninguém vem ao Pai, senão for por mim” (João 14.6). Com essa proposta, o cristianismo estabelecia um princípio baseado na cristocentricidade de todas as coisas. Em outras palavras, Cristo é o único Senhor do Universo e tudo gira em torno dEle. Assim também nossa salvação só pode ser conquistada mediante a morte de Cristo na Cruz.
“Cristo Somente” é um fundamento que extrapola as linhas da teologia da salvação ou as próprias questões da religião, porque fundamenta um modo de viver. Com Cristo no centro de todas as coisas, o homem começa a viver um padrão que foge ao modelo que faz do ego o centro de todas as coisas: “Importa que ele cresça e eu diminua”, foi assim que João Batista fez a sua vida girar em torno de Jesus Cristo.
Uma grande “reforma” estará de fato acontecendo em sua vida quando o Senhor Jesus passar a ser o verdadeiro centro de seus interesses. Mas como isso pode acontecer na sua vida? Passe a considerar que tudo o que você faz tem uma relação direta com Cristo e que não existe nenhuma ação realmente neutra. Até as coisas mais corriqueiras pertencem a Cristo e o modo e as motivações com que realizamos nossas ações caem nos pratos da balança e devem agradar a Cristo Jesus.
Uma vida reformada pelo potencial da expressão “Cristo Somente” passa a ser definida pelo conhecimento que obtemos de Cristo na sua Palavra. E por isso, podemos dizer que ninguém alcançará o patamar de viver para “Cristo Somente” (Solus Christus) se também não confessar “A Escritura Somente” (Sola Scriptura).