Autor: Rev. José Mauricio Passos Nepomuceno
Quando
o apóstolo Paulo afirmou “trago
no corpo as marcas de Cristo” (Gl 6.17) estava
apontando para algum tipo de identificação que deixava claro que ele servia e
pertencia a Cristo Jesus. Que tipo de marcas podem realmente nos identificar
com Jesus? Você já parou para se perguntar se você também tem essas marcas de
identificação?
“Stigmata” - esta foi a palavra que Paulo usou para descrever as
marcas que o identificavam com Cristo. Esta palavra era usada para descrever
aquelas marcas que os escravos e prisioneiros possuíam, as quais apontavam para
seus donos ou a autoridade que lhes submetia.
Na carta aos Gálatas, Paulo encarava
um grupo de judeus que tentava influenciar as igrejas da Galácia e que queriam
comprometê-los com o judaísmo. Eles valorizavam os ritos judaicos,
especialmente a marca circuncisão. Foi justamente no contexto deste debate que
Paulo disse para eles: “Pois
nem a circuncisão é coisa alguma, nem a incircuncisão, mas o ser nova criatura”
(Gl 6.15). Para
Paulo, a marca exterior que a circuncisão produzia não significaria nada se o
homem não tivesse o seu coração realmente transformado (Rm 2.29).
Ao dizer que não queria ser
molestado por que trazia no corpo as marcas de Cristo, o apóstolo tinha uma
intenção mais profunda que apenas apresentar as cicatrizes de açoites, ou
correntes de prisão, que haviam machucado o seu corpo. Paulo queria mostrar que
sua vida estava em profundo acordo com a Cruz de Cristo.
As marcas de Cristo haviam
conquistado o coração do apóstolo a
ponto de que ele podia sim sofrer no corpo sem que sua alma fosse atingida,
senão pela alegria de padecer por Cristo (Fp 1.29). Esta era a verdadeira
glória que movia seu coração: “Mas
longe esteja de mim gloriar-me senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela
qual o mundo está crucificado para mim, e eu para o mundo” (Gl 6.14).
Somente quando, de todo o
coração, estivermos dispostos a viver
para Cristo, ainda que isso nos custe muito caro, é que poderemos afirmar que o
mundo começou a ser crucificado para nós. No momento em que isso se tornar
realidade, a Cruz terá marcado realmente o nosso coração e nossa vida revelará
a quem pertencemos e quem é a autoridade que nos tornou livres para sermos seus
prisioneiros voluntários.