sábado, 31 de agosto de 2019

A Imitação de Cristo - Escolhendo Um Caminho de Devoção



Uma das mais importantes obras cristãs de todos os tempos é o livro do monge alemão Tomás Kempis (1380-1471). Apesar de seu impregnado apreço pela “missa católica”, o monge alemão fez parte de um movimento de espiritualidade no final da Idade Média, conhecido como “Devotio Moderna”.
A “Devotio Moderna” era um clamor de pessoas piedosas que desejam uma verdadeira vida cristã, centrada no exemplo máximo de Cristo e na aproximação real do homem com Deus. Tomás Kempis, enfatizou essa busca na sua obra prima, o livro a Imitação de Cristo, perseguindo duas principais ênfases: a) priorizar no coração as realidades eternas; b) estabelecer um laço de comunhão com Cristo nas coisas práticas do dia a dia.
Na época da Reforma Protestante, muitos protestantes se interessaram pela obra de Kempis, entre eles, João Calvino. Afinal, as bases mais importantes do movimento protestante buscavam exatamente a mesma coisa, isto é, uma vida cristã, mais bíblica e parecida com Cristo. Sem dúvida, a leitura de uma obra deste quilate nos faz pensar melhor sobre as nossas presunçosas pretensões e meditar que uma vida simples, deve ser mais útil, que as complexas buscas que nos ocupam nos tempos atuais.
No capítulo 2, cujo título é “Do Humilde Pensar de Si Mesmo”, Kempis nos faz olhar para nós e os outros de uma maneira diferente: “Não há melhor e mais útil estudo que se conhecer perfeitamente e desprezar-se a si mesmo. Ter-se por nada e pensar sempre bem e favoravelmente dos outros, prova é de grande sabedoria e perfeição. Ainda quando vejas alguém pecar publicamente ou cometer faltas graves, nem por isso te deves julgar melhor, pois não sabes quanto tempo poderás perseverar no bem. Nós todos somos fracos, mas a ninguém deves considerar mais fraco que a ti mesmo”. (KEMPIS, 2.III).
Imitar a Cristo é o que o apóstolo Paulo anunciou como um alvo existencial supremo, quando falou aos Gálatas o que esperava do resultado do seu ministério para com aquela igreja: “...meus filhos, por quem, de novo, sofro as dores de parto, até ser Cristo formado em vós” (Gl 4.19). Ou quando falou aos Efésios sobre o alvo que deveria dominar toda a mente humana: “Até que cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo” (Ef 4.13). Paulo colocava esse desafio para a Igreja e para si mesmo: “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo” (1Co 11.1).
Neste mês de setembro, aqui na IPT, nossas liturgias apontarão para este alvo e serão exortações à vida em Cristo. Buscaremos a sabedoria do alto para que Cristo seja formado em nós e assim sua vida aumente em nossa vida.