Uma das mais importantes obras cristãs de todos os tempos é
o livro do monge alemão Tomás Kempis (1380-1471). Apesar de seu impregnado
apreço pela “missa católica”, o monge alemão fez parte de um movimento de
espiritualidade no final da Idade Média, conhecido como “Devotio Moderna”.
A
“Devotio Moderna” era um clamor de pessoas piedosas que desejam uma verdadeira
vida cristã, centrada no exemplo máximo de Cristo e na aproximação real do
homem com Deus. Tomás Kempis, enfatizou essa busca na sua obra prima, o livro a
Imitação de Cristo, perseguindo duas principais ênfases: a) priorizar no
coração as realidades eternas; b) estabelecer um laço de comunhão com Cristo
nas coisas práticas do dia a dia.
Na
época da Reforma Protestante, muitos protestantes se interessaram pela obra de
Kempis, entre eles, João Calvino. Afinal, as bases mais importantes do
movimento protestante buscavam exatamente a mesma coisa, isto é, uma vida
cristã, mais bíblica e parecida com Cristo. Sem dúvida, a leitura de uma obra
deste quilate nos faz pensar melhor sobre as nossas presunçosas pretensões e
meditar que uma vida simples, deve ser mais útil, que as complexas buscas que
nos ocupam nos tempos atuais.
No
capítulo 2, cujo título é “Do Humilde Pensar de Si Mesmo”, Kempis nos faz olhar
para nós e os outros de uma maneira diferente: “Não
há melhor e mais útil estudo que se conhecer perfeitamente e desprezar-se a si
mesmo. Ter-se por nada e pensar sempre bem e favoravelmente dos outros, prova é
de grande sabedoria e perfeição. Ainda quando vejas alguém pecar publicamente
ou cometer faltas graves, nem por isso te deves julgar melhor, pois não sabes
quanto tempo poderás perseverar no bem. Nós todos somos fracos, mas a ninguém
deves considerar mais fraco que a ti mesmo”.
(KEMPIS, 2.III).
Imitar
a Cristo é o que o apóstolo Paulo anunciou como um alvo existencial supremo,
quando falou aos Gálatas o que esperava do resultado do seu ministério para com
aquela igreja: “...meus
filhos, por quem, de novo, sofro as dores de parto, até ser Cristo formado em
vós” (Gl 4.19). Ou
quando falou aos Efésios sobre o alvo que deveria dominar toda a mente humana: “Até que cheguemos à unidade da fé e do
pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da
estatura da plenitude de Cristo” (Ef 4.13). Paulo
colocava esse desafio para a Igreja e para si mesmo: “Sede meus imitadores, como também eu sou
de Cristo” (1Co 11.1).
Neste mês de setembro, aqui na IPT, nossas liturgias
apontarão para este alvo e serão exortações à vida em Cristo. Buscaremos a
sabedoria do alto para que Cristo seja formado em nós e assim sua vida aumente
em nossa vida.
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