Ele levanta o pobre do pó e tira o necessitado do monte de lixo (...) O SE-NHOR faz com que a mulher estéril viva em família e seja alegre mãe de filhos (Salmo 113.7-9) - para muitas pessoas, a vida é o resultado de uma ordem natural das coisas, regidas por leis que se estruturam por si mesmas, decorrentes da própria essência das coisas. Para essas pessoas, até os relacionamentos humanos respondem ao processo natural dos temperamentos emocionais, condicionamentos culturais e circunstâncias sociais que nos inclinam para este ou aquele comportamento.
No Salmo 113, o salmista está propondo o reconhecimento da excelcitude do Senhor, isto é, quão elevada é a sua glória. Um dos pontos do salmo que deixa isto claro é que ilustram essa condição é a frase: "Quem é semelhante ao Senhor, nosso Deus, cujo trono está nas alturas, que se inclina para ver o que se passa no céu e sobre a terra?" (Salmo 113.5-6).
Ele levanta o pobre do pó - para explanar o seu ponto, ele levanta o tema da mudança das condições da vida de uma pessoa, socialmente falando. O pobre, o desprovido de recursos é representado por aquela pessoa mais próxima do pó ou do nada, mas o salmista diz que a mudança nessa condição acontece, mediante a ação do Deus excelso.
Tira o necessitado do lixo - a condição de desprezo do necessitado é transformada, graças a ação de Deus que levanta o homem da sua condição, levando-o a uma nova experiência na sociedade: "(...) para o fazer sentar ao lado dos príncipes" (vs.8).
O SENHOR faz com que a estéril (seja alegre mãe de filhos) - para que o seu exemplo não pareça apenas uma fala teórica, o salmista apela para um tema muito importante da história de Israel: Sara a mulher de Abrão. Não somente Sara, mas na raiz histórica da própria monarquia, por exemplo, Ana, mãe do profeta e último juiz de Israel, Samuel. OU seja, a ação de Deus na vida humana, não se trata apenas de uma circunstância natural, movida por razões naturais da biologia humana ou da nossa sociologia. A mulher estéril, ser elevada à maternidade era uma forma de se perceber que, em meio ao mundo natural, existe a ação de Deus, que se inclina para o céu e para a terra.
A verdadeira vida espiritual não é a busca algo em oposição à naturalidade, mas a percepção de uma realidade divina, em meio ao mundo natural, permeando sua presença entre nós. Quando as coisas da vida material são operadas, elas também são sinais de uma ação divina em sua existência. Ter olhos para ver isto é viver o padrão do Alto.