Autor: Rev. José Mauricio Passos Nepomuceno
“Livro
da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão” (Mt 1.1). O Evangelho de Mateus apresenta a
pessoa de Cristo e pontua especialmente sobre o fato de que era “filho de
Abraão”. Mas o que isso quer dizer? De que maneira isso é importante para um
cristão do século I? E para nós, do século XXI, qual o valor desta informação?
A profecia mãe, Gênesis 3.15,
anunciava a vitória sobre o pecado vindo de um descendente de Eva. As
Escrituras trabalharão com a imagem do descendente messiânico durante todo o
trajeto da História da Redenção. Quando este relato chega no capítulo 11 de
Gênesis, depois da torre de Babel, as Escrituras se voltam para a história de
um homem, Abraão.
Abraão se tornou uma das mais
importantes personagens da história do povo de Deus. Não somente por ter sido o
pai do povo hebreu, mas principalmente, por ter confiado em Deus e vir a se
tornar o “pai dá fé” (Rm 4.11). Ele qualificou-se como modelo de esperança, no
sentido de ter vivido neste mundo na busca de viver e trabalhar para que Deus,
através de sua vida, cumprisse o grande propósito de redimir e abençoar pessoas
do mundo inteiro: “Abraão,
esperando contra a esperança, creu, para vir a ser pai de muitas nações,
segundo lhe fora dito: assim será a tua descendência” (Rm 4.18).
Jesus Cristo, filho de Abraão, é um
sinal do governo de Deus sobre toda a história e da fidelidade de Jehovah que
cumpre suas promessas. Jesus, é o filho da promessa e a esperança de Abraão.
Foi por este filho, que Abraão lutou, sofreu e venceu suas batalhas pessoais,
suas lutas contra poderosos inimigos e principalmente, os embates contra o seu
próprio coração que precisava continuar crendo e confiando.
Judeus do primeiro século deveriam
se sentir em paz pela realização das promessas de redenção e do poderoso plano
de amor salvífico da parte de Deus. Quando Mateus anunciou Jesus Cristo como o
filho de Abraão, falou da consumação da esperança do povo de Deus. Mas, o que
isto significa para nós, brasileiros do Século XXI?
O apóstolo Paulo, que foi incumbido
por Deus de anunciar o evangelho aos não judeus, disse o seguinte: “Ora, tendo a Escritura previsto que Deus
justificaria pela fé os gentios, preanunciou o evangelho à Abraão: em ti, serão
abençoados todos os povos da terra” (Gl 3.8). Portanto, para nós, Jesus Cristo
representa o mesmo plano de salvação que não nos excluiu, mas tornou-nos
“filhos de Deus”.
Jesus Cristo, o filho de Abraão, é a
nossa carta de adoção na família de Deus e também é a nossa esperança, a
certeza do amor incondicional do Pai Celestial. As palavras de Mateus não
consolam apenas os judeus dos dias de Jesus, mas produz fé também sobre todos
os que crêem, porque Deus tem só um povo, aqueles que em Cristo são chamados,
pela fé, “filhos de Abraão”.
Jesus
Cristo, o filho de Abraão, é uma imagem que representa a nossa caminhada de fé,
rumo às promessas de Deus. Ela nos conduz à extrema confiança na luta por
ideais de fé que se realizam na nossa vida, quando apreendemos a crer, mesmo
que seja contra a esperança e quando aprendemos a caminhar na direção certa,
segundo a Palavra de Deus.
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