terça-feira, 30 de agosto de 2016

Presbiterianismo Transformador - a Palavra Impressa

Autor: Rev. José Maurício Passos Nepomuceno

Culto, pregação, aproximação pessoal, estas foram algumas das estratégias presbiterianas para ganhar a mente dos brasileiros. O entendimento dos presbiterianos a respeito do processo de influencia sobre o povo brasileiro não parou nas ações dentro da igreja ou no âmbito do evangelismo corpo a corpo. Muito cedo, os pregadores presbiterianos voltaram os seus esforços para a literatura, em particular, o uso dos jornais.
Embora ainda haja um campo magnífico a ser explorado por pesquisadores, é muito conhecido de todos do campo de pesquisas históricas, que os primeiros protestantes brasileiros foram muito abundantes no uso do material escrito. Eles produziram atas, relatórios, publicaram folhetos, traduziram livros e escreveram muitos artigos para jornais.
O Rev. Simonton, em 1863, escreveu uma carta para a Junta de Missões Estrangeiras falando sobre a oportunidade de pregar o Evangelho por meio do uso dos jornais que circulavam no Império: “Uma imprensa livre oferece vantagens para a disseminação da verdade evangélica que deve ser muitíssimo apreciada. Livros e tratados protestantes podem ser publicados sem necessidade de licença do governo; mesmo os jornais das grandes cidades prontamente aceitam inserir um artigo religioso cobrando as mesmas taxas de um artigo comum. A despesa de uso dos jornais é considerável, mas como vários deles circulam por todo o império, a verdade salvadora é, dessa forma, espalhada por um vasto campo”. Essa percepção estratégica foi fundamental para que em 5 de novembro  de 1864, o primeiro periódico protestante fosse impresso na cidade do Rio de Janeiro: “Imprensa Evangélica”, que foi publicado até 1892.
O jornal “Imprensa  Evangélica”, inicialmente, dirigido pelo próprio Simonton, publicava sermões, trechos de obras literárias protestantes, divulgava os trabalhos e endereços das igrejas, além de colunas específicas de apologia sobre os erros do catolicismo romano etc. Mas um dos seus focos mais interessantes era a ideia de que poderia servir como um manual de devoção pessoal para as famílias presbiterianas do país.
Fazer o brasileiro ler e usar esta leitura como mecanismo de conquista dos corações foi um dos mais bem sucedidos projetos presbiterianos no intuito de espalhar o Reino de Cristo no Brasil. A Imprensa Evangélica foi só o começo de uma vastidão de publicações, o que levaria os presbiterianos a outro grande empreendimento: a educação.


domingo, 14 de agosto de 2016

Presbiterianismo Transformador - de Casa em Casa

Autor: Rev. José Maurício Passos Nepomuceno

A grande força do culto e da pregação presbiteriana no processo de conquistar a mente dos brasileiros foi potencializada por uma outra estratégia: “O modo de trabalho era ir de vizinhança em vizinhança, e de casa em casa, pregando, lendo e expondo a Bíblia” (RIBEIRO, 1981, pág 72).
Naqueles dias, não havia templos presbiterianos espalhados nas várias vilas. O governo restringia construções protestantes e o próprio povo ainda tinha muita preocupação com aquele movimento, que achavam que era uma seita. A estratégia missionária de conquistar a mente dos brasileiros foi empreendida por meio de um aproximação pessoal que aconteceu em um forte e constante trabalho de casa em casa.
Quando chegavam a uma vila, à noite realizavam cultos nas casas onde haviam de dormir e durante o dia, iam de casa em casa, sítio em sítio, conhecendo pessoas, lendo a Bíblia e falando de Jesus Cristo. Aos poucos, as pessoas começavam a se familiarizar com as Bíblias que ganhavam e elas próprias propagavam a fé para os seus outros vizinhos: “Os convertidos propagam sua nova fé com ingenuidade, muitas vezes sem premeditação” (RIBEIRO, pág.74). Uma destas ocasiões de evangelismo aconteceu na casa do Sr. Antônio Gouvêa, no vilarejo de Serrinha.
Castilho, certo bandido conhecido naquela região, chegou ao sítio dos Gouvêa e, entrando, encontrou o Sr. Antônio lendo a Bíblia. Apesar de saber de quem se tratava, Sr. Antônio não parou a leitura e disse ao bandido: “Não quero brigas. Quando você chegou eu estava lendo e gostando; imaginei que você também poderia gostar” (RIBEIRO, pág 74).
O temido bandido ouviu a leitura horas a fio, ao final, perguntou se poderia voltar outro dia com a esposa e os filhos para continuar ouvindo. Depois, já convertido,  diria: “Quando fui aquele dia à casa do meu amigo Gouvêa eu era como alguém perdido na mata em noite de tempestade, e sem esperança de achar o caminho; quando ele leu a Bíblia, foi como se um raio de luz brilhasse e comecei a imaginar que talvez houvesse salvação até para mim” (RIBEIRO, pág.75). O evangelismo de casa em casa foi uma importante arma para evangelização do Brasil (Todas as citações foram extraídas de: RIBEIRO, Boanerges; Protestantismo e Cultura Brasileira - Casa Editora Presbiteriana, 1981 - São Paulo,SP).



sábado, 6 de agosto de 2016

Presbiterianismo Transformador - Culto e Pregação

Autor: Rev. José Maurício Passos Nepomuceno
O presbiterianismo veio para o Brasil em 1859, por meio do trabalho missionário de Ashbel Green Simonton. Não demorou muito para se tornar uma força transformadora da cultura em nosso país.
Imagem da Primeira Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro
Ainda no processo de envio ao Brasil, Simonton recebeu a seguinte instrução da sua Junta de Missões: “Seus primeiros objetivos serão: ...verificar os meios de atingir com sucesso a mente dos naturais da terra” (RIBEIRO, 1981, pág.53). Foi com isso em mente que o jovem de 26 anos desembarcou na Baía de Guanabra, diante de uma das mais maravilhosas vistas naturais que contemplara até então. E não demorou muito para que descobrisse como executar esta missão.
Em menos de 4 anos de missão no Brasil, Simonton já contava notícias da congregação presbiteriana da Cidade do Rio de Janeiro, informando o crescente número de assistências aos cultos: “Nosso local de reuniões é muito apertado; todos da missão estamos convencidos de que precisamos de uma capela ou templo... É preciso acomodar o número sempre crescente de pessoas que vêm ouvir a pregação. Já nos mudamos uma vez, e logo teremos de nos mudar novamente” (RIBEIRO, pág.58).
Simonton insistia na construção de um templo, não somente porque precisava de espaço, mas porque avaliara que o brasileiro era muito desconfiado e muitas histórias afastavam as pessoas da igreja, tais como: “Diz-se que nos reunimos privadamente porque praticamos ritos horrendos e a maioria em mais medo que curiosidade” (RIBEIRO, pág.59). Tal desconfiança, segundo Simonton, limitava e prejudicava a influência da pregação presbiteriana sobre as pessoas.
A Missão enviou um outro pastor para avaliar a questão, o Rev. Emanuel N. Pires, o qual se encantou com a realidade presbiteriana no Brasil e relatou: “O Rev. Simonton tem razão: descobriu como atingir a mente dos brasileiros no culto e na pregação. Mas agora, ou se constrói um templo para 800 ou 1000 pessoa, ou talvez se perca a oportunidade” (RIBEIRO, pág.61).
O culto e a pregação foram as principais armas presbiterianas para atingir a mente dos brasileiros. Foi desta forma que o presbiterianismo, tão rapidamente, nos primórdios de sua trajetória no Brasil, revelou o seu poder transformador (Todas as citações foram extraídas de: RIBEIRO, Boanerges; Protestantismo e Cultura Brasileira - Casa Editora Presbiteriana, 1981 - São Paulo,SP).