segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Antecedendes da Igreja Presbiteriana de Vila Formosa - 1957 a 1958 - Parte 4

Foto de 1964 - em frente ao pequeno salão construído em 1958

Em junho de 1958, os campos de futebol da Suécia deram ao mundo a genialidade de um menino de 17 anos. Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, começava o seu reinado no futebol mundial. Ele e Garrincha, além de Djalma Santos, Vavá e Zagallo, conduziriam o Brasil ao primeiro título mundial. 

Meses antes do triunfo brasileiro nos campos de futebol, uma história se inicia em outubro de 1957 no campo presbiteriano da Vila Formosa. Depois de enfrentar uma crise, devido ao impasse entre alguns membros e o Presb. Dolivar Delfini quando às condições do terreno e a construção da igreja, os irmãos resolveram pedir ao Conselho da igreja do Brás autorização para vender aquele terreno e adquirir nova propriedade.  
Em novembro daquele ano, acertou-se a venda da propriedade da Praça Sampaio Vidal e foi nomeada a Comissão para compra de uma nova propriedade. Quem nos conta um pouco desta história é o próprio Presb. Dolivar em um depoimento pessoal, registrado por sua família:
“Todas as manhãs, ao abrir a farmácia, eu costumava andar um pouco em frente da mesma, para ajudar o tempo passar e numa dessas manhãs, passava ali um freguês antigo, e meu amigo, carregando ferramentas de marceneiro. Quando perguntei o que ele ia fazer com elas, ele me disse que ia trabalhar no madeiramento do telhado de uma casa. Como eu sabia que ele era dado ao vício de tomar uns traguinhos, eu lhe disse para tomar cuidado, pois se caísse lá de cima poderia morrer e teria de ser enterrado e que terra na Vila Formosa é muito cara. Ao que ele me respondeu:‘Terreno é caro para quem não sabe onde tem barato’. Então lhe perguntei se sabia onde teria um terreno barato, ao que me respondeu: ao lado de minha casa tem um terreno que há muito tempo está à venda. Interessei-me pelo negócio e dizendo isso a ele, logo me falou que a sua mulher tinha o endereço da dona do terreno e me autorizou a ir à sua casa pedir à sua esposa o tal endereço, que prontamente me atendeu. 

A dona do terreno (Dna Ana Nicobskz) havia se mudado para Santos e seu novo endereço constava no atual. Fui para Santos, encontrei a mulher e dizendo que me interessava pelo terreno, ocasião em que ela me perguntou para que eu queria o terreno e quando eu lhe disse que a Igreja Presbiteriana do Brás iria construir ali um templo, ela quase desmaiou. Recobrando-se, ela perguntou-me se era verdade o que acabara de lhe dizer e quando confirmei, a mulher me disse que era presbiteriana e que para se construir um templo no seu terreno, ela faria qualquer negócio. Então compramos o terreno”.
Assim, no ano de 1958 os presbiterianos de Vila Formosa marcaram um gol de placa e se mudaram para um novo endereço, a  Rua Arapoca, onde, ainda naquele ano, começariam a construção de um galpão de 8x12m. Nesta pequena construção dariam seguimento à sua abençoada história de serviço ao Rei. Deus estava à frente desta obra! 

(Fonte: Depoimento pessoal do Presb. Dolivar Delfini - Arquivo da Família Delfini)

sábado, 20 de janeiro de 2018

Antecedentes da Igreja Presbiteriana de Vila Formosa - 1955-1957 - Parte 3

O
Arquivo Família Delfini
s anos 40 foram de grande turbulência no cenário mundial e nacional. Na Europa, a Segunda Guerra Mundial e no Brasil as turbulências do fim do Estado Novo, de Getúlio Vargas. Na virada da década, com o retorno ao poder Getúlio procurava fazer justiça à sua popularidade até que em 24 de agosto de 1954, desferiu um tiro contra o próprio peito, assumiu o governo o potiguar Café Filho, um presbiteriano, que em um ano seria substituído pelo mineiro Juscelino Kubitschek.

O trabalho dos presbiterianos na Vila Formosa foi iniciado em meio a toda essa grande turbulência mundial e nacional, mas nem as bombas na Europa ou as lutas políticas brasileiras, impediram o avanço e progresso da animada congregação, como afirmou o Rev. Daniel Mariano da Silveira, quando dizia haver “provas incomuns de que o Espírito Santo estava dirigindo a Congregação”. Mas, do mesmo modo a Congregação também sofria suas crises em meio às lutas.

Após alguns meses fora, o presbítero Dolivar Delfini retomou suas atividades na Congregação da Vila Formosa. Os irmãos sonhavam e lutavam para dar início à construção do seu templo. Em novembro de 1955, o Presb. Dolivar foi nomeado pelo Conselho da Igreja do Brás e decidiu mudar-se com a família para o bairro, onde já possuía um comércio. Neste tempo, ajudava no trabalho um jovem seminarista, Efigênio Alves, que era sustentado pela família do irmão Aristides Matos e foi um ano de franco de crescimento quando outros nomes começaram a participar da liderança da Congregação, entre eles, o citado Aristide P. Matos, Mario Rodrigues de Sá, Paulo Mascelani e Vitoriano Gomes, Benjamim Garcia e Gerson Pereira da Silva e mulheres que se tornaram chaves para esse de
senvolvimento, entre elas, as irmãs Berenice Batista e Amarilda Barreto Alves, que desenvolviam importante trabalho com as crianças.

Em abril de 1956, a Congregação realizou uma série de Conferências e para isto convidou o prestigiado pastor presbiteriano Júlio Andrade Ferreira para ser o palestrante. Estas reuniões foram de grande inspiração para os membros da Congregação e despertaram os crentes para o trabalho, dando grande impulso a um trabalho que havia iniciado um ano antes, o Conjunto Coral, cujo maestro era o irmão Eurípedes Rodrigues de Carvalho.

Todo esse ânimo fazia crescer a ambição de construir o templo e junto com isso cresceu o primeiro grande problema entre os irmãos. O Presb. Dolivar, líder do trabalho, não concordava com a construção naquele terreno íngreme e em lugar tão desfavorável. Isso gerou certo incômodo e alguns irmãos pediram demissão de seus cargos na Comissão de Administração e uma crise se anunciou.


Depois de algumas reuniões e conversas, os irmãos decidiram adiar a construção do templo, pedindo ao conselho da Igreja do Brás que autorizasse a Congregação a procurar outro terreno. Em junho de 1957, o Conselho autorizou e aparentemente, o ímpeto se esfriou um pouco. Mas, como veremos na próxima semana, só aparentemente, porque a notícia da compra do novo terreno deu um novo impulso no propósito daqueles irmãos e irmãs que não desistiriam de viver para o Rei.

(Fontes: Livro I das Atas do Conselho da IP Vila Formosa; Relato pessoal do Presb. Dolivar Delfini - Arquivo da Família Delfini; Livro de Atas da Comissão Administradora da Congregação). 

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Antecedentes da Igreja Presbiteriana de Vila Formosa - 1951 a 1954 – Parte 2

Início das obras do Santuário 1946 - Inauguração 1950
Foto do Arquivo da Paróquia Nossa Senhora do Sagrado Coração
Na década de 40, a Vila Formosa era um bairro considerado iniciante.  Os advogados Dr. Sampaio Vidal e Dr. Eduardo Cothing, diretores da Cia Melhoramentos do Brás, eram os responsáveis pelo loteamento e procuravam meios para viabilizar o seu projeto e trazer mais atenção para a região. O primeiro grande sinal de desenvolvimento foi notado na segunda metade da década de 40, quando a Paróquia Nossa Senhora do Sagrado Coração, começou a construção do grande santuário no final da Avenida 1 (atual Av. Dr. Eduardo Cothing, que foi inaugurado em 1950, um ano depois da abertura para uso do Cemitério da Vila Formosa (Jornal Estado de São Paulo em 30/11/2015).

Neste ambiente de desenvolvimento, a jovem Congregação Presbiteriana Vila Formosa também estava se desenvolvendo. Em 1951, liderados pelo Presb. Dolivar Delfini e o jovem Benedito Rodrigues de Carvalho, além dos experientes Delfino e o Diác Azarias, a Congregação começou a empreender um ousado projeto de consolidação, a compra do terreno. A esta altura, já se sustentavam com os recursos próprios e decidiram alugar um salão na praça Sampaio Vidal, 65, embora fosse um terreno com declive acentuado para o fundo e a congregação ficasse escondida.

Em 09 de março de 1952, o Conselho do Brás elegeu o irmão Dolivar Delfini ao presbiterato e juntamente com ele outros 13 irmãos, entre eles o irmão Rids Xavier de Castilho, que mais tarde ajudaria muito à Congregação. Por circunstâncias profissionais, em dezembro 1953, o Presb. Dolivar teve de se mudar para o interior de São Paulo (Marília) e em seu lugar liderou a congregação e a representou junto ao conselho o irmão Diác. Azarias Silvério Costa.

Sob a liderança do Diác Azarias, nos primeiros meses de 1954, os irmãos tomaram a decisão de comprar a propriedade da Congregação e foi um dos mais ousados empreendimentos daquele aguerrido grupo. O Conselho do Brás decidiu organizar uma comissão administrativa para a Congregação, que passou a conduzir o trabalho e o terreno foi comprado junto com cinco milheiros de tijolos.

Um livro de Atas desta comissão foi preservado e nele estão registrados os atos de cuidado pastoral com a Congregação, nomeação de professores para a Escola Dominical e determinação da escala diaconal, além de pregações nos cultos. Entre os registros da primeira ata desta congregação encontramos a seguinte decisão: “Estuda-se a possibilidade de criar pontos de pregação de

evangelização nos diversos pontos do bairro, fiando os mesmos a serem realizados aos domingos em casa das pessoas que os solicitar”. Isto mostra a fé e coragem daqueles homens e mulheres, que já contavam com uma Sociedade Auxiliadora Feminina – SAF e uma União de Mocidade Presbiteriana – UMP.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Antecedentes Históricos da Igreja Presbiteriana de Vila Formosa - 1942-1950 - Parte 1

Linha de ônibus Vila Formosa-Lgo Passaindu - 1942
(arquivo do Sr. Rogério de Moura - cineasta)
"Sob a égide do Sr. Delfino de Oliveira, da Sra Branca Sampaio de Souza e Balduíno Sampaio d eSouza nasceu esta Congregação no dia 22 de novembro de 1942. A primeira Escola Dominical reuniu-se na casa da Sra Branca, na antiga Rua 8 e o primeiro culto realizou-se em casa do Sr. Delfino de Oliveira. Foi deveras promissor o início da novel congregação, visto que mais de 80 pessoas estiveram presentes à primeira reunião" - foi assim que o Rev. Daniel Mariano da Silveira, primeiro pastor da Igreja Presbiteriana de Vila Formosa, começou a Ata Histórica do Livro 1 do Conselho da IPBVF.
O Conselho da IP Brás tomou conhecimento de que estas reuniões estavam acontecendo por iniciativa dos membros da própria igreja e, no mês de dezembro daquele ano, decidiu organizar um trabalho naquele nascente bairro, chamado Vila Formosa.
Naquele ano, pastoreava a Igreja do Brás o Rev. Paulo Pernasseti, o qual conduziu o Conselho na decisão de alugar uma casa na Rua 8, para instalar e fazer funcionar uma Congregação Presbiteriana. O irmão Delfino foi nomeado orientador do trabalho e da comissão de visitas, além de se tornar o primeiro zelador da congregação em dezembro de 1942. A Sra Adília de Oliveira liderou a primeira campanha financeira para ajudar a congregação em dezembro de 1942, tendo como finalidade a compra de uma árvore de Natal e a aquisição de presentes para as crianças.
No ano seguinte, o Rev. Alfredo Tone Steim assumiu a condução da IP do Brás e muito incentivou os irmãos da Vila Formosa no seu trabalho. Além dele, um grupo de homens da Sociedade Missionária Rev. Álvaro Reis (esta sociedade seria o equivalente à UPH - União Presbiteriana de Homens) foram os principais responsáveis pelo fomento do trabalho, pois se tornaram os financiadores da Congregação da Vila Formosa, ajudando na manutenção do aluguel do imóvel.
Alguns anos se passaram e a pequena congregação tinha vinte membros regulares que assistiam ao trabalho, liderados pelo Sr. Delfino de Oliveira e pelo carismático Diácono da IP Brás, Sr. Azarias Silveira Costa.
Em 1950, um jovem chegou à também jovem Congregação e logo se tornaria um dos grandes promotores do trabalho, trata-se do Sr. Benedito Rodrigues de Carvalho, que veio para a congregação com a sua família, pai, mãe e irmãos. Nesta mesma época, outro cristão exemplar mudou-se para o bairro, fixando o seu comércio na região, o Presb. Bolivar Delfini, cuja família muitos bons serviços prestaria à causa presbiteriana em Vila Formosa.
Foi assim, com simplicidade, coragem e muito amor, que a IPBVF começou a sua jornada de viver para o Rei. 

(Fonte: LIvro de Atas do Conselho - Volume I - Ata Histórica; Livro de Atas da Comissão de Administração da Congregação; Texto pessoal do Sr. Presb. Dolivar Delfini, depoimento colhido pela família).