sábado, 1 de março de 2025

A Paz Que Excede Todo o Entendimento

E a paz de Deus, que excede todo entendimento, guardará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus (Filipenses 4.7). Todos, de certa maneira e cada um à sua própria, desejamos alcançar um estado de vida pacífica! Esperamos uma condição em que a vida entre em um estado mais calmo, com certa tranquilidade para existirmos neste mundo.

Por isso, lutamos por construir um patrimônio, angariar fundos para uma aposentadoria digna, ver nossos filhos e suas famílias seguindo adiante sem maiores dificuldades. Esse projeto de vida tranquila e em paz é absolutamente legítimo e, podemos até dizer, necessário. Afinal, em nossa alma foi implantado, pelo próprio Deus que nos criou, um desejo real e sincero pela paz.

A paz de Deus - o Evangelho nos fala dessa condição de vida em paz, porém, ele nos faz considerar é que a paz que devemos almejar não tem como origem o esforço humano. Essa condição de vida tranquila e cheia de paz que a Escritura nos promete tem a ver com uma relação perfeita com aquele que é a fonte da “Verdadeira Paz”: “Que o Senhor da paz, ele mesmo, dê a vocês a paz, sempre e de todas as maneiras. O Senhor esteja com todos vocês” (2Ts 3.16).

Que excede todo entendimento - sobre esse projeto de paz que a Bíblia ensina, devemos também considerar que ela é uma realidade que não se constrói apenas com a nossa capacidade de organizar as as coisas a nosso redor. A “Verdadeira Paz” é fruto de uma relação espiritual com a vida. Isto é, a construção de uma relação verdadeira com o princípio que rege a nossa existência neste mundo que é viver para a “glorificar a Deus e desfrutar dEle para sempre” (Breve Catecismo de Westminster). Esse modo de viver para a paz tem resultados que ultrapassam a nossa capacidade de conhecer e realizar, é pela fé que se constrói essa relação de amor a Deus.

Guardará o coração e a mente - note que Paulo localiza os efeitos pacificadores da nossa vida no ambiente mais interior da nossa personalidade. Ele está nos dizendo que a Paz é uma realidade da alma, um modo de vivenciar as circunstâncias, baseado em nossos pensamentos e sentimentos sobre a vida. Isso deve ser construído numa relação de Fé com Deus.

Em Cristo Jesus - Paulo complementa o seu argumento mostrando que essa paz está fundamentada na pessoa e obra de Jesus Cristo. O coração e a mente devem estar arraigados e alicerçados no amor de Deus, que está em Cristo Jesus (Ef. 3.17). A paz que excede o entendimento é um presente para quem crê. Desfrute disto com urgência!

domingo, 16 de fevereiro de 2025

Uma Igreja Discipuladora (Parte 5)

Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus (Romanos 8.8) - um dos temas mais repetidos na Bíblia é a busca de viver para o inteiro agrado do Senhor (Cl 1.10). Mas, o que lemos em Romanos é que o viver na carne é uma barreira para essa busca.

O discipulado bíblico é uma ferramenta de luta contra o predomínio do viver na carne sobre a existência do filho de Deus. Discipulamos pessoas com o alvo de que elas alcancem a graça de agradar a Deus.

Uma Igreja Discipuladora acredita na experiência coletiva de um povo que vive de um modo que alegra o coração do Pai e, por isso, nosso esforço discipular tem este alvo: que cada crente viva a experiência de sentir que sua vida agrada ao Senhor.

"Viver na Carne" - como a afirma Paulo na carta aos Romanos, tem uma intenção que vai além de simplesmente afirmar a existência de um comportamento pecaminoso. Paulo está falando de uma intencionalidade de vida, focada em exitir para este mundo, mais que para Deus. Tem a ver com um propósito existencial que não está focado na direção de viver para Deus.

Quando toda o seu planejamento de vida perde de vista a realidade da presença de Deus como fundamento do amor que vai no seu coração, todas as coisas passam a girar em torno de outros interesses e, por isso, a sua capacidade de viver para agradar a Deus é, no mínimo,  reduzida, mas  pode  ser facilmente destruída.

Os que vivem segundo a carne se inclinam para as coisas da carne (Rm 8.5) - o discipulado cristão é a busca de uma ferramenta de ajuda para redirecionar o coração do discipulando na direção de Deus. Fazendo com que sua visão da vida se foque no propósito de existir para a Presença de Deus. Neste sentido, devemos nos conscientizar que esse é um processo de amadurecimento da nossa relação com a vida e com tudo o que nos cerca, o que implica em reconhecer dificuldades e erros no processo.

Uma vez identificados dificuldade e ou erros, precisamos lidar com as ferramentas de ajustes, como a oração, o arrependimento, a confissão e a consagração. Portanto, aquele que discipula outrem, tem compromisso com uma nova vida e não pode concordar com o erro e ou desvio. Discipular é ajudar o outro a viver na direção de Deus, para o seu inteiro agrado.

Primeiramente, pense em você, sobre o quanto você já acertou o caminho da espiritualidade. Em segundo lugar, pense naqueles que estáo sob os seus cuidados discipulares, eles já sabem o caminho, ou ainda estão vivendo longe da presença de Deus?

domingo, 2 de fevereiro de 2025

Uma Igreja Discipuladora - Parte 4

A Natureza Pedagógica do Discipulador

“Voz do que clama no deserto: Preparem o caminho do SENHOR, endireitem as suas veredas” (Lc 2.4b).

João Batista foi o precursor de Jesus Cristo. Ele abriu caminho para o início do ministério glorioso do SENHOR. De certa maneira, por conta deste papel preparador do caminho do Senhor, podemos dizer que João Batista exemplifica o ministério de um discipulador.

O discipulador, antes de qualquer outra intenção, deseja levar pessoas a Cristo Jesus. João Batista exerceu esse papel, seguindo alguns princípios magistrais podemos levantar no texto de Lucas 6.1-6.

A palavra de Deus veio a João, filho de Zacarias, no deserto - a realidade a partir da qual João estava pregando aos homens é de uma terra desértica. Claro que, literalmente ele pregava no deserto da Judeia, mas esse fato tinha um propósito pedagógico divino de fazer os homens, que desejam se aproximar de Deus, perceberem a condição caótica de suas vidas.

Discipular é, entre tantas coisas, também levar o homem a encarar a si mesmo e sua condição de total perdição diante de Deus. Isso significa levar o homem à consciência do deserto de sua alma. As roupas de João, sua comida, seu lugar, tudo isto apontava para o deserto da alma.

Batismo de arrependimento para remissão de pecados - João não anunciou uma graça barata; um tipo de relacionamento com Deus que nada exige. Ao contrário, por conta da consciência do deserto de nossa alma, a reação de tristeza pelo pecado é o passo seguinte do discipulado de João Batista.

Ou seja, no discipulado de João o homem é levado a rejeitar sua vida de pecado. O batismo simbolizava essa nova consciência e um compromisso com o abandono do modo fútil e pecaminoso de vida, para uma aliança de santidade com o Senhor. Arrependimento e perdão, são as palavras que simbolizam esse compromisso, feito no batismo, como fruto de uma nova consciência do discípulo.

Transformação e salvação que vem de Deus - na parte final deste trecho, João mostra que a aproximação do Senhor, anuncia um tempo de renovação, liberdade e transformação. O discipulado é a condução do homem ao convívio com uma nova vida, a salvação que transforma o deserto em um lugar habitável.

O desejo de tornar a sua existência em um lugar cheio de verdadeira vida é o resultado de um processo de discipulado, cuja finalidade é levar o homem a conhecer Jesus, a fonte da vida! Eu sou o caminho, a verdade e a vida (Jo 14.6).

João cumpre este papel de “pedagogo”, aquele que nos toma pela mão e nos conduz para mais próximo de Cristo, uma vez, que, primeiramente, ele nos leva a perceber que precisamos de Cristo. Uma igreja discipuladora prepara o caminho do Senhor para que os mortos, encontrem vida!

domingo, 26 de janeiro de 2025

Uma Igreja Discipuladora - Parte 3

Ame o seu próximo como vc ama a si mesmo (Lc 10.33) – ao mencionar um exemplo prático como a doutrina pode ser vivida, quero partir de um fato que envolve a todos nós, mas em especial, os irmãos e suas famílias em condição imigrante na América.

Novo Governo Trump e a Oportunidade Para Discipular

Até onde venho acompanhando, sei que há imigrantes brasileiros e de outras nacionalidades em condições diferentes vivendo na América. Em geral, em nossas igrejas, o que temos são pessoas trabalhadoras, que buscam, no famoso “sonho americano”, condições de vida digna para si e suas famílias. Também, devemos lembrar que os Estados Unidos da América, ganham muito com a força de trabalho destes homens e mulheres trabalhadores e honestos que pagam suas taxas e contribuem para o crescimento e o bem dessa sociedade.

Mudanças provocadas pelo início do segundo mandato de Donald Trump, à frente da Casa Branca, provocaram oportunidades, dadas por Deus, para vivermos de um modo que Deus seja glorificado. Eu, particularmente, acredito que esse é o nosso dever! Penso que este tempo pode mudar nossa fé.

Irmãos mais experientes, que moram com vocês na América, com os quais conversei nestes dias, me tranquilizam dizendo que tudo é muito novo, precisam esperar o governo chegar e se acomodar. Mas como uma tempestade, tal como essa, pode modelar a nossa fé?

Considerando que existem diferentes condições em que irmãos vivem na América, os que estão mais tranquilos e seguros devem servir os demais abrindo-lhes seu coração em amor, oferecendo a ajuda que precisam para que suas vidas sigam a paz.

Essa tempestade, pode nos fazer mais solidários em amor ao próximo: “Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; portanto, também nós devemos dar a nossa vida pelos irmãos” (1Jo 3.16).

Perceber o sofrimento do irmão e socorrê-lo em suas fraquezas é mais que um ato de generosidade. Na verdade, isso faz discípulos! Pois essa é uma maneira vivencial de praticar a doutrina e imitar Cristo, que deixou tudo para nos socorrer.

Como podemos perceber e aplicar a partir deste exemplo, as oportunidades de vivenciar aquilo que aprendemos no ensino discipular doutrinal segundo a Palavra, sempre será um desafio de tornar real, prático e concretos os valores da nossa fé.

Todas as circunstâncias, e o novo governo Trump e suas decisões não são diferentes, sempre nos oferecerão a oportunidade de vivermos de forma discipular no cuidado do outro e no seu acolhimento.

sábado, 18 de janeiro de 2025

Uma Igreja Discipuladora - Parte 2

Ensinando-os a guardar todas as coisas que tenho ordenado a vocês" (Mateus 28.20) O texto da grande comissão deixa claro que a nossa relação interpessoal discipular tem uma natureza pedagógica. Portanto, servimos, uns aos outros como instrumentos do ensino da Palavra.

Primeiramente, pensemos sobre o que é o ensino que a Bíblia apresenta no contexto desta passagem. E o primeiro ponto é fazer uma distinção, entre o ensino doutrinal e o ensino vivencial. Eles caminham juntos e um não se sobrepõe ao outro, mas se complementam.

O ensino doutrinal é aquele que me leva ao conhecimento da doutrina e do plano de Deus para a humanidade. O ensino vivencial é aquele que me ajuda a aplicar o primeiro, de forma prática, materializando o que o meu coração aprende na doutrina.

Por exemplo, pensemos na lição que Jesus nos deu ao resumir a lei em dois mandamentos: Jesus respondeu: "Ame o Senhor, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma, com todas as suas forças e todo o seu entendimento." E: "Ame o seu próximo como você ama a si mesmo." (Lc 10.33) - Jesus tem uma intenção doutrinal, ao estabelecer claramente como o decálogo deve ser compreendido. Mas, logo a seguir, ele conta a famosa parábola do Samaritano, que aplica de modo prático esse conhecimento doutrinal.

A Igreja é um corpo de discípulos em constante transformação e crescimento. Esses fenômenos da vida cristã acontecem por meio de um processo pedagógico, estabelecido em dois polos: a doutrina e a vida.

Nossa Igreja deve desenvolver, cada vez mais, o seu gosto e anseio pelo conhecimento da Palavra. A doutrina deve ocupar lugar especial em nossa maneira de viver o Cristianismo, como sei que muito já se tem empreendido neste sentido em Fall River.

Por outro lado, esse conhecimento tem de se materializar em nossas ações de comunhão uns com os outros na família e na Igreja, mas também com os de fora, que ainda não conhecem a Cristo. Portanto o convívio também deve ser um componente importante da nossa condição de Igreja de imigrantes.

Rev. José Maurício Passos Nepomuceno

(continua no próximo...)

 

 

sábado, 11 de janeiro de 2025

Uma Igreja Discipuladora - Parte 1

 Amados irmãos, Deus tem nos motivado a pensar em uma jornada de fé em Fall River e, cada vez mais, sinto-me convencido da necessidade de vivermos um tempo de aprendizado discipular.

Depois de 24 anos de ministério pastoral, vivenciando muitos desafios e lidando com as dinâmicas de igrejas, concluo que há algumas coisas imprescindíveis para qualquer projeto ministerial e, uma destas coisas é o "desenvolvimento de uma cultura eclesial de crescimento, por meio do discipulado".

Nosso projeto de trabalho pastoral, nestes primeiros cinco anos de ministério na CTK-FR, com a graça e permissão de Deus, será focado no desenvolvimento deste ambiente discipular.

Desejamos iniciar esse movimento discipulador com os oficiais da Igreja, passando por diversas outras lideranças, grupos de famílias, faixas etárias, especialmente, jovens, adoles- centes e crianças, além do discipulado geral para o trabalho e o serviço da igreja na sociedade.

Jesus nos disse: "Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações" (Mateus 28.19) - Essa ordem de fazer discípulos implica em uma ação intencional de construir uma relação interpessoal de crescimento e estímulo ao convívio. Entendemos que a Igreja, enquanto segue a sua jornada neste mundo, precisa aprender a se tornar um lugar de convivência, visando o compar-tilhamento de fé e maturidade cristã. Nenhum crente é uma ilha e nenhum é menos importante. Somos como um arquipélago, isto é, somos conhecidos por nomes individuais, mas também por nossa unidade coletiva.

"Batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo" (Mateus 28.19b) - Jesus também enfatiza que, essa relação interpessoal e intencional de crescimento, deve ter um foco institucional, visando a nossa unidade eclesial e força da nossa comunidade de fé.

Devemos fortalecer a nossa relação como o povo de Cristo, interagindo com o seu senhorio sobre nossa vida, de maneira orgânica e organizacional. Isso está presente na fórmula do batismo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (continua na próxima semana).

Rev. J. Mauricio P. Nepomuceno