domingo, 30 de março de 2014

Quem entregou Jesus para ser crucificado?

Autor: Rev. José Maurício Passos Nepomuceno

Algumas vezes, Jesus aproximou-se dos discípulos e lhes falou acerca da sua morte. Em Marcos, temos três destes registros: Mc 8.31-33; 9.30-32 e 10.32-34. Nessas ocasiões em que Marcos registra Jesus anunciando a sua morte, o texto que segue essas declarações aborda um dos mais importantes problemas da natureza humana na sua relação com Deus: o egocentrismo.

No capítulo 8, após repreender Pedro, Jesus faz o belo discursos sobre “o discípulo, negar-se a si mesmo, tomar a cruz e segui-lo” (8.34-35). No 9, após o anúncio da morte, Marcos registra a conversa secreta dos discípulos sobre “qual deles o maior” (9.33-34). Por fim, no capítulo 10, note que o texto que segue é uma discussão egocentrada dos discípulos, que pedem a Jesus que sejam colocados um à direita e outro à esquerda dele no seu reino (ver 10.35-37).
Jesus, ao predizer a sua morte, por duas vez pontuou a seguinte palavra: “O Filho do homem será entregue...” (Mc 9.31, 10.33). O Evangelho de Mateus é ainda mais direto ao dizer: “O Filho do Homem será entregue para ser crucificado” (Mt 26.2). A pergunta que fazemos é: “Quem entregou Jesus?”
Várias podem ser as respostas: Judas, o entregou por dinheiro; as autoridades judaicas, por inveja; o povo, por omissão, ou medo etc.. Estas respostas podem representar parte da verdade. Mas, acho que, a partir do que vemos construído no texto, podemos dizer que Jesus foi entregue pelo “egoísmo dos homens”.
Muitas vezes, até mesmos nós, discípulos de Jesus, lidamos com as coisas de Deus como se o que realmente importasse fosse a nossa vontade. Assim, como Pedro, ou Tiago e João, as principais lideranças da religião judaica, ou até mesmo os romanos, crucificamos Jesus para a nossa vida e o deixamos lá, fora dos muros e voltamos a viver nosso padrão, baseado somente no que desejamos.
Esse é o ponto! Reveja suas atitudes e visite o seu próprio coração. Olhe para si mesmo e perceba se seu egoísmo não está, mais uma vez, entregando Jesus para ser crucificado. Mas, como toda história tem dois lados, essa não é diferente. Jesus se entregou por você, para romper o poder egocentrista do pecado e lhe dar uma vida centrada em Deus.
A cruz é o mais elevado exemplo de entrega e de vida não egoísta. Ele não veio para ser servido, mas para servir. Deixou a sua glória e tornou-se homem, morrendo na cruz por nós, para que pudéssemos ser livres do domínio de nosso próprio pecado egoísta.


domingo, 16 de março de 2014

Não na mão dos homens, mas nas de Deus!

Autor: Rev. José Mauricio Passos Nepomuceno

Marcos, ao longo do seu evangelho, conectou duas ênfases: o segredo messiânico (aquelas passagens em que Jesus insiste em não buscar a popularidade - Mc 3.12; 5.43; 7.36) e o ensino da necessidade da Cruz (8.30-31 e 9.30-32).
Essas duas últimas enfatizam a rejeição de Jesus por grupos diferentes, as autoridades judaicas e os romanos. Pedro, no seu sermão do Dia de Pentecostes disse: “Varões israelitas, atendei a estas palavras: Jesus, o Nazareno, varão aprovado por Deus diante de vós como milagres, prodígios e sinais (...) vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos” (At 2.22-23). E como podemos ver, mais uma vez é estabelecida a  conexão da cruz com a maldade de judeus e romanos (ou gentios).  
Em Marcos 9.30-32 estão conectados: o segredo messiânico, a necessidade da cruz e a falta de entendimento dos discípulos. E destas conexões tiramos algumas lições.
“Os Planos de Deus são superiores aos nossos” - Os judeus intencionaram silenciar Jesus através da mão dos romanos. Eles o traíram e ardilosamente o entregaram para a crucificação. Mas, a Cruz não o silenciou, antes tornou-se a sua mensagem e sinal mais significativos.
“Os Planos de Deus são vitoriosos” - Os romanos imaginaram que seu poder decisivo acabaria com toda a história de Jesus. Mas toda a arrogância do poder romano, que pretendia ser reafirmado na crucificação de Jesus, foi esvaziada pela sua ressurreição: “Tragada foi a morte pela vitória. Onde está, ó morte, a tua vitória (...), onde está o teu aguilhão?” (1Co 15.54-55).
“Os Planos de Deus revelam nossa impotência” - Os discípulos não compreendiam por que tinha de ser daquela forma. Eles tinham suas opiniões e, achavam que sabiam o que era melhor. Se dependesse dos discípulos, talvez Jesus nunca tivesse ido à Cruz. Mas, eu e você sabemos que isso sim é que seria uma terrível derrota.
Às vezes, pensamos que somos capazes de construir nosso próprio caminho e fazer o que é melhor. Marcos, está nos ensinando a deixar Deus guiar a nossa história, mesmo quando não compreendermos bem aonde ele quer chegar.
Precisamos nos humilhar (1Pe 5.6) e nos inclinar à vontade de Deus. Com certeza, o maior desafio do crer é viver segundo essa fé, descansando nas mãos de Deus e não na mão dos homens. Escolha viver segundo o caminho de Deus e terá escolhido um caminho superior, a vitória e o verdadeiro descanso para o seu coração.


sábado, 8 de março de 2014

Cristo foi rejeitado, mas não nos rejeitou!

Autor: Rev. José Mauricio Passos Nepomuceno

Que motivos os líderes religiosos de Israel tinham para rejeitar Jesus e a sua pregação? Por que tiveram tanta dificuldade em aceitar a sua figura messiânica? Seriam os mesmos motivos que ainda hoje se manifestam em muitos corações que simplesmente nada querem saber de Jesus?
Os embates entre Jesus e os líderes religiosos de sua época foram bem intensos e constantes (Mc 3.22). Ficaram tão irados contra Jesus que sempre planejavam um modo de pegá-lo em alguma falha ou até mesmo matá-lo (Mc 11.18). Mas, o que os motivava?
Muitas coisas moviam o coração da elite religiosa de Israel contra Jesus. No entanto, devemos considerar que o principal problema estava no seu coração egocentrado. Eles não estavam dispostos a dizer não para si mesmos: “Então, convocando a multidão e juntamente os seus discípulos, disse-lhes: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me” (Mc 8.34).
A autonegação está entre as coisas mais difíceis da vida cristã. Sempre que dizemos sim para nós mesmos e não para Jesus, estamos repetindo o erro dos escribas e fariseus. A regra de Cristo é simples, primeiro perder para depois ganhar: “Quem quiser, pois, salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a vida por causa de mim e do evangelho, salvá-la-á” (Mc 8.35).
Aqueles homens estavam presos a preferências que os afastam de Cristo, fazendo-os rejeitá-lo.  Há sempre muitas formas de rejeitarmos Jesus. Podemos trocá-lo por um namorado novo, um carro novo, um programa de televisão, ou simplesmente por causa de dinheiro e honra pessoal. Às vezes, apenas o trocamos por nós mesmos.
Mas, é muito fácil olhar para os escribas e fariseus e denunciar a sua loucura. Mas, quando olharos para nós mesmos, temos coragem de encarar Jesus diretamente? Sobra ousadia em nosso coração para enfrentar o próprio pecado diante de Jesus?
O grande apelo do Evangelho é que nos arrependamos. Quando Pedro denunciou a rejeição e o pecado do povo de Israel em seu sermão no dia de Pentecostes, aqueles homens, perguntaram: “Que faremos irmãos?” (At 2.37). O apóstolo proferiu a sentença de alívio e perdão: “Arrependei-vos...” (At 2.38).

Este é o ponto! Somos chamados a dispor o coração ao quebrantamento e arrependimento. Hoje, ainda, podemos refletir sobre nós mesmos e clamar pelo perdão do nosso Cristo. Ele, embora, rejeitado pelos homens, aprovado por Deus, não nos rejeitou, mas amou.