Aos 22 anos, Martinho Lutero tomou uma das mais importantes da sua vida: entrou para a ordem agostiniana no Convento de Frankfurt (1505). Seguindo os ensinos e rigores da ordem, tomou a decisão do celibato para seguir as regras eclesiásticas e permaneceu celibatário até o ano de 1525, quando casou-se com a ex-freira Catharina Von Bora.
Quando afixou suas 95 teses na porta do Castelo de Wittemberg, no dia 31 de outubro de 1517, Lutero iniciou um movimento em direção à Bíblia e toda a sua teologia passaria a ter a Sagrada Escritura como seu fundamento: Sola Scriptura. Logo, Lutero começaria a lidar com todas as questões da vida, entre elas: a vida familiar.
Em 1520, Lutero escreveu um importante texto sobre a vida na Alemanha: “À Nobreza Cristã da Nação Alemã” (LUTERO, 1520). Nesta obra, Lutero defendeu o casamento como um modo de agradar a Deus e propôs que os clérigos deveriam ter a liberdade de casar-se, contrariando uma tradição que perpassou toda a medievalidade da Igreja Católica.
Essa propositura de Lutero, se tornou uma revolução do comportamento e do pensamento cristão sobre o casamento. Antes, a igreja associava a sexualidade com o pecado e sua transmissão. Para muitos, somente a vida celibatária seria capaz de produzir a santidade necessária para agradar a Deus.
Lutero, em seus sermões em Gênesis, começa a declarar que a vida familiar, em particular o matrimônio é uma das formas mais oportunas para a prática e aprendizado da santidade. Para ele, a vida em família era a primeira escola da santidade: “Pois, sem dúvida, pai e mãe são apóstolo, bispo e pastor das crianças, anunciando-lhes o Evangelho” (LUTERO, 1520). Foi esse pensamento sobre a vida familiar que mais motivou Lutero a escrever seu Catecismo Menor, destinado à educação cristã das crianças em suas casas.
A Reforma Protestante foi uma revolução do pensamento religioso no dia a dia da família. Foi na Reforma que a religião invadiu os lares e transformou a família numa pequena igreja. O casamento centrado no amor e na vida conjugal, passou a ser uma forma de culto a Deus, assim como a educação familiar e o cuidado da fé dos pequeninos no lar.
A Reforma entregou ao mundo uma família religiosa, cuja fé, não estava centrada exclusivamente na Igreja e no corpo clerical. Ao contrário, a Reforma tornou a fé, cotidiana e familiar, permitindo que o lar participasse da fé.