terça-feira, 18 de outubro de 2022

A Reforma da Piedade

Dentre todos os servos que Deus usou para trazer ao mundo a “Reforma Religiosa do Século XVI”, João Calvino é destacadamente aquele que mais colaborou com o pensamento teológico da Fé Reformada. Apesar de ser de uma segunda geração de reformadores, Calvino foi considerado o mais brilhante teólogo da Reforma.

Embora sua envergadura teológica fosse magistral, Calvino era um teólogo essencialmente prático. Ele acreditava que a teologia cristã era serva da vida cristã como um todo. Calvino propunha uma liturgia da vida cristã, onde cada crente, servia a Deus de forma ampla naquilo que fazia comumente em todos os aspectos da vida. Por isso, devemos assumir que a Reforma era um projeto de “vida piedosa”: “E assim aprendemos que o homem que mais progride na piedade é também o melhor discípulo de Cristo, e o único homem que deve ser tido na conta de genuíno teólogo é aquele que pode edificar a consciência humana no temor de Deus” (CALVINO, Pastorais, pág.300).

A vida piedosa é aquela que percebe a realidade da presença de Deus no mundo e reage a essa percepção com temor. O homem reformado, segundo Calvino, é, sobretudo, alguém que tem os seus sentidos aguçados para a viver presença gloriosa de Deus: “A única coisa que, segundo a autoridade de Paulo, realmente merece ser denominada de conhecimento é aquela que nos instrui na confiança e no temor de Deus, ou seja, na piedade” (CALVINO, Pastorais, pág 187).  

A vida piedosa é uma dádiva transformadora e o surgimento de um grupo cristão piedoso é um modo de levar uma sociedade a um novo modelo de cidadania e ética. Em muitos sentidos, a Cidade de Genebra é devedora a Calvino, por sua profunda influência moral, mas foi o conceito de piedade pessoal que Calvino estabeleceu os princípios de “frugalidade” (vida simples) que tornou Genebra um dos mais bem sucedidos empreendimentos sociais do seu tempo. Todos que vinham a Genebra, encontravam abrigo, quando sua pobreza o requeria e prosperidade para o desenvolvimento de seus labores profissionais.

A piedade é um traço distintivo do homem reformado. Este homem piedoso é capaz de cumprir os seus deveres sociais, como quem serve a Deus em tudo o que empreende. Sua excelência reside no desejo de agradar a Deus acima de tudo. Desta forma, a Reforma Protestante nos oferece um legado que vai além das paredes dos templos e das liturgias, pois entrega ao mundo, um homem que vive para Deus. 

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