Autor: Rev. José Maurício Passos Nepomuceno
Chorar
é uma das reações mais impressionantes da psique humana. Choramos quando
estamos tristes e também quando estamos alegres; como desabafo ou pedido de
socorro; por questões pessoais e por causa de outras pessoas. Enfim, o choro é
uma reação complexa e há vários motivos pelos quais somos levados a chorar.
“Quando
ia chegando, vendo a cidade chorou” (Lucas 19.41) - neste registro
bíblico, tomamos ciência de que Jesus chorou ao aproximar-se de
Jerusalém, para aquela que seria a mais marcante de todas as semanas de sua
vida humana, a semana da crucificação. Por que Jesus chorou? Que sentimentos se
aprofundaram na alma de Jesus que levaram-no ao pranto por causa de Jerusalém?
O
texto nos oferece uma possível resposta: “te arrazarão e aos teus filhos dentro de ti... Porque não reconheceste
a oportunidade da tua visitação” (Lucas 19.44). O choro de Jesus tinha como
motivação: o fracasso da fé do seu povo e os seus decorrentes
sofrimentos.
Toda
a história da salvação está ligada à tristeza do coração de Deus, porque nós o
rejeitamos e deixamos o seu caminho (Gn 6.5-6). Por isso, da mesma forma, Jesus
chora diante da poderosa incredulidade do ser humano. Na esteira do mesmo
sentimento, o salmista também chora copiosamente pela falta de amor ao
caminho de Deus e à sua Lei: “Torrentes de água nascem dos meus olhos porque os homens não
guardam a tua lei” (Salmo 119.136). E quanto a você, o que lhe faz chorar? Seria capaz de chorar
porque o povo de Deus está sendo consumido pela incredulidade?
Os
textos bíblicos estão repletos de ensinos sobre os resultados desastrosos do
pecado e a triste condição daqueles que vivem segundo a obstinação de seu
coração rebelde. Contudo, muitas vezes, a atitude daqueles que são chamados
para a vida com Cristo não parece refletir esse entendimento.
Jesus
não chorou por causa dos infortúnios que o esperavam em Jerusalém. Ele pranteou
em favor da vida do seu povo. Pois a morte se fazia presente ali, mas sua Cruz
era a porta da vida que seria aberta em Jerusalém. A Cruz de Cristo nos leva ao
choro. Mas diante dela, não pensemos apenas nos infortúnios de nosso Mestre,
mas no amplo alcance da vida que ele nos deu, em sua chorosa cruz.
Nesta semana da crucificação,
deve haver espaço para o choro daqueles que veem, na salvação dos perdidos, uma
razão para viver.
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