Entre as lições mais necessárias do Evangelho está a necessidade de superação diferenças para a vida comum na graça e o chamado do apóstolo Paulo é um dos bom exemplos bíblicos.
Primeiramente, o próprio Paulo precisou enfrentar a si mesmo e sua visão de mundo, porque era um fariseu dedicado na sua fé e, precisou renunciar suas certezas quando encontrou-se verdadeiramente com Cristo: “Porque ouvistes qual foi o meu procedimento outrora no judaísmo,como sobremaneira perseguia eu a Igreja de Deus e a devastava” (Gl 1.13). Renunciar a si mesmo e abandonar certezas pessoais diante da verdade de Cristo foram atitudes de coragem e limpeza moral que somente a graça pode operar no ego humano.
Quando ele se tornou um pregador da fé que perseguia, foi a vez da igreja ter de renunciar a si mesma. Eles precisaram receber seu novo irmão sem ódio ou animosidade no coração: “Ouviam somente dizer: aquele que, antes, nos perseguia, agora, prega a fé que, outrora, procurava destruir. E glorificavam a Deus a meu respeito” (Gl 1.23-24). Esse quebrantamento e congraçamento entre perseguidor e perseguidos foi um resultado singular da obra da graça no seio da comunidade da fé.
Por fim, agora, andando juntos, gentios e judeus, precisaram receber-se mutuamente como irmãos. Os judeus, em particular, raiz primeira da igreja, precisaram esforçar-se por compreender que sua fé e seus ritos foram superados pela obra da graça operada por Deus e a circuncisão, uma das marcas mais profundas da relação da nação judaica com Deus, um dos seus símbolos identitários mais preciosos deveria ser superado, porque a graça de Deus os chamou para uma fé mais ampla e universal. Naquele momento, eles precisaram renunciar a si mesmos: “(...)quando conheceram a graça que me foi dada, Tiago, Cefas e João, que eram reputados colunas, me estenderam, a mim e a Barnabé, a destra de comunhão, a fim de que nós fôssemos para os gentios, e eles, para a circuncisão” (Gl 2.9).
Aqui estão apenas algumas das lições da graça sobre como Deus deseja que aprendamos a viver em comunhão, superando diferenças, por causa da verdade de Cristo. O orgulho, baseado somente em nós mesmos, não é um modo sábio de conservar a fé. Ele precisa se iluminado pela clareza da verdade de Cristo que produz sabedoria e verdadeira nova vida.
O Evangelho prospera em nós quando nos capacita a superar dificuldades e diferenças para servir a Cristo. Precisamos lutar pessoalmente para ver o outro a partir de Cristo, recebê-lo como servo do Senhor e dispor-nos para andar juntos, por que Cristo anda conosco. A igreja ganha quando nós aprendemos perder para servir a Cristo e nós ganhamos irmãos.