sábado, 27 de outubro de 2018

Antecedentes da Reforma - Os Concílios Ecumênicos


Com o crescimento numérico do Cristianismo e o aumento da complexidade da Fé Cristã, advinda das diversas lutas contra heresias e o seu desenvolvimento teológico, duas importantes mudanças se fizeram necessárias: a primeira foi a necessidade de uma organização formal do Cristianismo, que nos três primeiros séculos se construía de forma local e informal; a segunda necessidade era a de busca de uma identidade e unidade teológica.
Desde os dias dos apóstolos estas necessidades já eram vistas, como podemos identificar no livro de Atos, na controvérsia sobre a circuncisão dos não judeus: “Insurgiram-se, entretanto, alguns da seita dos fariseus que haviam crido, dizendo: é necessário circuncidá-los e determinar que observem a lei de Moisés. Então, se reuniram os apóstolos e os presbíteros para examinar a questão. Havendo grande debate...” (Atos 15.5-7). No início do IV Século, a igreja possuía uma vasta rede presente em toda a extensão do Império Romano, além dos mais diversos tipos de conceitos sobre alguns assuntos, especialmente a pessoa teantrópica de Cristo (Deus-homem).
O imperador Constantino, convertido ao Cristianismo ou ao menos dele simpatizante, percebeu a força da presença da Igreja e usou de sua influência para unir e organizar a Cristandade. Quando construiu sua capital, Constantinopla, convocou uma grande reunião de bispos, das mais variadas opiniões, para definirem a unidade teológica da igreja em torno da pessoa de Cristo. Ele custeou uma reunião na cidade de Nicéia, vizinha à Constantinopla.
Em 325, reuniram-se 318 bispos de diversas parte do Império para tratar das controversas opiniões sobre a divindade e a humanidade de Cristo. Este concílio durou seis meses e produziu várias decisões, inclusive a deposição de bispos heréticos e novas regras de ordenação do bispado. Além destas coisas, legou para história o famoso Credo Niceno, uma fórmula de fé, baseada nas Sagradas Escrituras, que até os dias de hoje, toda a Cristandade aceita, inclusive os protestantes.
O Cristianismo passou a adotar o sistema conciliar como método para dirimir suas dúvidas e conduzir a sua Igreja. Do mesmo modo como em Atos, quando a decisão precisou ser promulgada e difundida, assim o cristianismo também, por meio das decisões dos Concílios se organizava e unia a sua enorme quantidade de igrejas e fiéis.
Quatro grandes concílios são considerados comuns a toda a Cristandade: Nicéia I (325), Constantinopla (381), Éfeso (431) e Calcedônia (451). Desta forma a igreja tratava as heresias e sempre retornava aos princípios das Sagradas Escrituras. Desta forma, a Igreja Cristã mantinha e reforçava sua unidade. Assim a fé Cristã se desenvolveu ao longo de toda a Baixa Idade Média, nos seus primeiro cinco séculos de existência.


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