Para o catolicismo romano, afirmar que a Igreja Cristã tornou-se a Igreja Católica Romana soa como uma afirmação herética. Segundo o seu modo de pensar, a Igreja de Cristo sempre foi o que é hoje, por meio de sua comunhão com os apóstolos, por isso, a denominação Igreja Católica Apostólica Romana.
Já o protestantismo analisa a história da Igreja de Cristo e tem uma percepção de que o Cristianismo não se constrói apenas em uma ligação de tradição com a pessoa dos apóstolos, mas com o ensino dos mesmos. Desta forma, os protestantes compreendem que a Igreja Cristã foi perdendo, no decorrer da Idade Média, sua solidez na doutrina dos apóstolos e, portanto, assumindo uma outra identidade, menos cristã.
Até Agostinho, os movimentos teológicos da Igreja eram sempre de retorno ao ensino dos apóstolos. Portanto, os Concílios Ecumênicos, que citamos na última mensagem e o desenvolvimento da Teologia dos Pais da Igreja, eram sempre esforços de banir as heresias, especialmente aquelas sobre a pessoa e obra de Cristo e levar a Igreja de volta às Escrituras e à doutrina dos apóstolos.
Após a morte de Agostinho, surgiram tendências teológicas conflitantes e em 529dC, na França, reuniu-se um Sínodo de Orange, que definiu uma posição diferenciada da até então considerada ortodoxa, sobre o livre-arbítrio e a graça.
Neste período a teologia da Igreja ficou conhecida como “semi-pelagiana”, ficando entre a posição monergista de Agostinho, que afirmava que a salvação era exclusivamente pela graça e que o pecado tirara o livre-arbítrio humano, e a posição de Pelágio, que afirmava que a salvação era por obras, sendo o homem livre para escolher a Deus.
Essa posição intermediária, que afirmava que a salvação era pela graça sim, mas que exigia as obras humanas como fator decisivo, abriu portas para um crescimento da busca de determinadas práticas dos fiéis na intenção de cooperarem com a graça para a sua salvação.
A Para fortalecer essa teologia que se afastava da pregação dos apóstolos, a Igreja começou a desenvolver uma teologia de tradição baseada nas afirmações papais. Portanto, a teologia da Igreja passava a ser mais “romana” que “apostólica”. Esse período de fortalecimento do papado iniciou-se com o Papa Gregório I, o Gregório o Grande. Com a finalidade de manter unida a Igreja, o Papa adotou o modelo de aproximar a teologia da Igreja das práticas pagãs locais e surgiu o movimento de veneração de “santos” locais e universais.
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