Autor: Rev. José Maurício Passos Nepomuceno
Assisti certo documentário sobre as "Pontes Vivas de Cherrapunji" e fiquei impressionado com a determinação dos indianos daquelas regiões, os construtores das tais pontes. Na verdade, trata-se de um sintonia entre humanos e natureza no objetivo de vencer os obstáculos das correntezas sinuosas e pedregosas dos rios da região.
Às margens dos rios caudalosos e mesmo dos riachos daquela região, nascem árvores, parecidas com aquelas dos mangues brasileiros, cujas raízes parecem-se muito com cipós. Os habitantes da região, há centenas de anos, descobriram que podiam usar o crescimento dessas raízes a seu favor.
Então, o que eles fazem, dia após dia, mês após mês, ano após ano, eles vão às margens e vão amarrando as pequenas raízes, procurando dar-lhes a direção que querem, visando entrelaça-las, formando um forte cordão de raízes entrelaçadas. O que desejam fazer é criar uma estrutura que ultrapasse por cima do rio.
Imagine que o resultado é o que podemos ver na foto acima, uma estrutura viva que serve de ponte natural-viva para a passagem de um lado a outro do rio. O que me espanta nessa história é que uma ponte destas, não é um trabalho de alguns dias, meses ou anos, mas um empreendimento de vidas inteiras.
Na verdade, quando um morador local começa uma ponte destas, sua família continua a sua obra, que termina em três ou quatro gerações depois. Ou seja, trezentos ou quatrocentos anos em um projeto de vida, cujo o objetivo é abençoar os que virão depois.
Essa história me impressionou muitíssimo por conta da dedicação destes construtores, seu respeito à natureza, mas principalmente, sua determinação em favor das futuras gerações e isso me levou a refletir sobre a "construção de igrejas duradouras".
Aquela trança de raízes, realizada ao longo de décadas ou centenas de anos, são como as nossas construções mais importantes, nossos valores e ideais, os quais preservamos e construímos e oferecemos como legado para os que vêem depois de nós.
Vivermos em uma sociedade extremamente consumista, que, de certa forma, incentiva um espírito depredador. Este comportamento é marcado pelo hábito de usufruir sem se envolver, sem participar, senão dos privilégios e benefícios oferecidos, para depois largar e partir para outra fonte. Assim, os vêem depois recebem apenas carcaças e construções sem vida.
Imagine se em Cherrapunji, um geração resolver que não irá mais trançar raízes! O trabalho de seus antepassados será totalmente perdido e os seus herdeiros serão mais pobres e terão mais dificuldades e, em muitos casos, sequer poderiam recomeçar.
Nossa responsabilidade é muito grande e é dupla: primeiro, devemos valorizar o trabalho de todos os que nos antecederam nessa jornada e, em segundo lugar, precisamos deixar pontes fortes para que as próximas gerações usufruam e sejam enriquecidas por nossos trabalhos.
Nossa responsabilidade é muito grande e é dupla: primeiro, devemos valorizar o trabalho de todos os que nos antecederam nessa jornada e, em segundo lugar, precisamos deixar pontes fortes para que as próximas gerações usufruam e sejam enriquecidas por nossos trabalhos.
Construir "Igrejas Duradouras" não é uma tarefa simples, que se faz em um, dois ou três meses e anos, mas é trabalho de vidas inteiras. Vidas que se deixam trançar umas às outras, corajosamente vencendo obstáculos e permitindo com que os que vierem depois busquem outros desafios ainda maiores.
Não tenho dúvidas de que as pontes vivas de Cherrapunji resistirão ao tempo e todas as maiores enchentes. Também não tenho dúvidas que Igrejas construídas com este nível de preocupação e desvelo haverão de permanecer. Sobretudo, permanecem se suas trançadas tiverem uma única raiz original: o fundamento dos apóstolos e profetas, a Sagrada Palavra de Deus, que é encarnada no Verbo Divino, Cristo Jesus.
Não tenho dúvidas de que as pontes vivas de Cherrapunji resistirão ao tempo e todas as maiores enchentes. Também não tenho dúvidas que Igrejas construídas com este nível de preocupação e desvelo haverão de permanecer. Sobretudo, permanecem se suas trançadas tiverem uma única raiz original: o fundamento dos apóstolos e profetas, a Sagrada Palavra de Deus, que é encarnada no Verbo Divino, Cristo Jesus.
Este post em especial não foi publicado no Boletim da Igreja Presbiteriana de Vila Formosa.
ResponderExcluirO comportamento 'predador' não deve ser justificado com as palavras de Jesus: "eu vos enviei para ceifar o que não semeastes". Pois o processo é contínuo e "orgânico", efetuado através de nós.
ResponderExcluirCom certeza Gabriel! A construção que somos chamados a fazer jamais será predatória, já que é baseada no amor que edifica. O que a expressão nos ensina é que o processo de ceifa ocorre porque a matéria prima foi plantado pelo próprio Deus.
ResponderExcluirAbraços