sábado, 26 de abril de 2014

O Alcance da Ressurreição de Jesus

Autor: Rev. José Maurício Passos Nepomuceno

Os discípulos tiveram enorme dificuldade para crer e compreender tudo o que estava envolvido na “ressurreição de Jesus”. A incredulidade marca todos os relatos dos dias que se sucederam à ressurreição. Mas Jesus continuou a persistir em alcançar os seus corações: “A estes também [aos apóstolos], depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas provas incontestáveis, aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando das coisas concernentes ao reino de Deus” (Atos 1.3).
Após a sua ressurreição, Jesus estava focado em mudar o entendimento dos seus discípulos. Ele se dedicou a quebrar a incredulidade deles e colocá-los novamente sob a premissa de que o Reino dos Céus estava entre eles, por que a morte fora vencida pelo poder da ressurreição. As palavras de Tomé nos falam sobre essa mudança que Jesus buscou: “Senhor meu e Deus meu!” (João 20.28).
O incrédulo Tomé tivera o seu coração transformado pelas marcas da ressurreição. E o próprio Mestre mostrou que essa fé produz a verdadeira bem-aventurança, porque o poder da ressurreição não alcançou apenas quem o pôde tocar: “Bem aventurados os que não viram e creram” (João 20.29).  
Assim, a ressurreição de Cristo revela um elevado poder de alcance. Estendendo os seus efeitos muito além daqueles primeiros apóstolos e transformando vidas em todos os lugares.
Os chefes da religião judaica perseguiram os apóstolos e prenderam João e Pedro porque falavam a todos a respeito da ressurreição: “Falavam eles ainda ao povo [João e Pedro] quando sobrevieram os sacerdotes, o capitão do templo e os saduceus, ressentidos por ensinarem eles o povo e anunciarem, em Jesus, a ressurreição dentre os mortos” (Atos 4.1-2).
O Novo Testamento nos mostra uma Igreja confiante em Deus e no seu poder. A Ressurreição era o tema do seu testemunho e assim espalhavam a certeza do Reino de Deus entre os homens: “Com grande poder, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça (Atos 4.33).
À semelhança dos apóstolos a ressurreição precisa alcançar e impactar a igreja em nossos dias.  Falta-nos poder da mensagem, porque falta-nos a verdadeira fé no fato de que servimos a um Cristo Vivo, vitorioso e glorioso, que está assentado no Trono. Falta-nos uma visão concentrada na vida que estamos recebendo e um compromisso com a vida ressurreta: “...mas oferecei-vos a Deus como ressurretos dentre os mortos e os vossos membros como instrumentos de justiça”(Romanos 6.13). Que a ressurreição alcance o seu coração com poder!  


sábado, 19 de abril de 2014

O silêncio do sepulcro

Autor: Rev. José Maurício Passos Nepomuceno

José de Arimatéia pediu a Pilatos que lhe permitisse tirar o corpo da cruz e juntamente com Nicodemus prepararam o corpo de Jesus e o envolveram em um lençol e o puseram em um sepulcro ainda não usado, que ficava perto do local onde fora crucificado, assim evitariam violar o sábado (Jo 19.38-42).
PIlatos, por sua vez, incitado pelos líderes religiosos, mandou guardas romanos vigiarem o túmulo para evitar que o corpo fosse levado pelos discípulos. Eles selaram o túmulo com uma pedra (Mt 27.62-66). 
As mulheres, em particular Maria, mãe de Jesus, observavam todas as coisas em silêncio. Viram-no ser colocado no túmulo (Lc 23.55; Mc 15.47) e se retiraram para o preparo de aromas e bálsamo para depois oferecerem os seus cuidados ao corpo de Jesus, e no dia de sábado, descansaram (Lc 23.56). 
Um sábado de silêncio! Não se ouvia nas ruas de Jerusalém ou nas cidades da Galiléia, tampouco nos arredores de Samaria a voz de nenhum profeta. Não havia quem desse vista aos cegos, ou alguém anunciando o Reino de Deus no templo. Tudo parecia seguir a sua rotina e o mundo parecia ter adormecido em um sono profundo, depois de um intenso sonho de três anos.
Mais tarde, os discípulos do caminho de Emaús haveriam de dar voz à frustração de muitos ao dizer: "Ora, nós esperávamos que fosse ele quem havia de redimir a Israel; mas, depois de tudo isto, é já este o terceiro dia desde que tais coisas sucederam" (Lc 24.21). O silêncio da frustração tomou conta daqueles que ousaram crer que Jesus era o Messias e, naquele sábado, o dia se fez preenchido pela tristeza.
Os discípulos, as mulheres, os líderes religiosos judaicos, os oficiais e guardas romanos, todos concebiam em seu coração que a morte havia vencido Jesus. Imaginavam que ele tinha sido, de uma vez por todas, silenciado e que agora era somente necessário traçar os caminhos para que o curso da história tomasse outros rumos. Para eles, um ponto final na última página do livro da história de Jesus tinha sido colocado. 
No silêncio da morte, o Cristo completava a sua obra de redenção. Seu espírito havia sido entregue a Deus nas palavras: "Pai, nas tuas mãos, entrego o meu espírito" (Jo 23.46); e, portanto, de fato havia chegado ao paraíso, conforme prometera ao ladrão: "Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso" (Lc 23.43). 
O corpo, no entanto, descia à sepultura, porém, sem ver a corrupção (At 2.31) e aguardava, neste estado, a promessa da ressurreição. Ele seria o primeiro dos homens a celebrar a vida após a vitória sobre a morte. Assim conduziria também muitos à vida!
Este sábado de silêncio entre os homens é um dia para celebrar a profunda esperança nas promessas da ressurreição. Este dia é o dia em que a nossa fé se concentra no fato de que tudo o que precisamos é crer. Estas foram as exortações do Cristo ressurreto a todos os que duvidaram: "Ó néscios e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura, não convinha que o Cristo padecesse e entrasse na sua glória?" (Lc 24.25-26). 
A fé cristã é sobretudo baseada na esperança de que a vitória de Cristo se completará na vida de cada um daqueles que ousarem confiar nele. Assim como ele venceu também venceremos e assim como ele ressuscitou também ressuscitaremos. Do modo como ele é incorruptível também o seremos. Um dia, não somente veremos um mundo melhor, mas o veremos perfeito, onde a morte não terá mais lugar.
Este é um dia para resignadamente nos colocarmos na expectativa final da ressurreição de todos aqueles que crêem em Jesus, ainda que esta vitória final pareça ocorrer no silêncio sepulcral de um mundo tão corrompido. 
Cristo está trabalhando para que a vida venha sobre nós definitivamente.  

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Tenho Sede

João 19. 28


Autor: Bel Marcos Cleber Santos Siqueira

Quão expressivo e quão trágico o quadro pintado pelo Apóstolo João: “vendo Jesus que tudo já estava consumado, para se cumprir as Escrituras disse: Tenho sede!”
Que contraste! Aquele que todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez, o autor da vida, clama: Tenho sede!
Como verdadeiro Deus ele poderia ter e fazer tudo com apenas um pensamento. Com um aceno de mão ele poderia ter feito retornar o cuspe de seus acusadores para suas faces. Com um arquear de uma das sobrancelhas ele poderia ter paralisado a mão do soldado que o batia. Com apenas um gesto ele poderia beber a água mais refrescante de todo o mundo, mas não. Ele nunca utilizou o seu poder divino para o seu conforto pessoal. Antes ele clama, tenho sede! Este clamor não é um apelo por compaixão, nem um pedido para que seu sofrimento seja atenuado, mas é a expressão da intensidade das agonias que ele estava passando.
O Senhor dos senhores, O Rei da glória, O Eterno, sente a necessidade mais básica e essencial à vida humana, ele sente sede.

Por que ele teve de sentir sede?

Ele sentiu sede porque aquele que era verdadeiro Deus era também verdadeiro homem.

1.    Ele teve sede porque era homem.
Sim, ele teve sede porque era homem. Por ser ele verdadeiramente homem o autor de Hebreus pode dizer: Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado. Hb 4. 15
Ele se fez homem para ser um intercessor capaz de reconciliar o homem com Deus. O verbo se fez carne, e por isso ele pode se compadecer das fraquezas humanas. A encarnação nos mostra que Deus não é indiferente ao sofrimento humano, pois ele foi homem de dores que sabe o que é sofrer. Ele não é impessoal ou indiferente a dor humana, mas antes ele se compadece.

2.    Ele teve sede (principalmente) para que se cumprissem as Escrituras
O Salmo 22 se cumpre. O seu vigor secou-se como um caco de barro, a sua língua se apegou ao céu da boca.
Em sua angustiante sede lembramos do Salmo 69. 21 “Por alimento lhe deram fel e em sua sede lhe deram a beber vinagre”.
Quem é o homem crucificado na cruz que diz ter sede? Seria mais um criminoso? Um inimigo de Roma? Um mártir apenas?
Não. Ele é o cumprimento das Escrituras, ele é o Filho de Deus, O Messias prometido, o servo sofredor: tomando sobre si as nossas enfermidades e dores, ele é o ferido de Deus e oprimido, traspassado pelas nossas transgressões moído pelas nossas iniquidades, porém por todo o seu sofrimento os seus eleitos foram sarados!

3.    Ele teve sede para que fossemos saciados espiritualmente
Na angustiante sede, Jesus ingere uma bebida ácida (diferentemente do vinho e mirra recusado por Jesus que tinha como objetivo atenuar o sofrimento, o vinagre era um vinho barato bebido pelos soldados. De acordo com os estudiosos esta bebida dava um novo animo ao prisioneiro, a intenção não era boa, na verdade este era um modo de prolongar o sofrimento do crucificado). Mas o gosto do vinagre, não era em nada semelhante com o gosto do cálice da ira de Deus. Jesus bebeu um cálice muito amargo ele disse: “Pai, se possível passa de mim este cálice, todavia seja feita a tua vontade”. Ele sofreu o que o homem deveria sofrer, ele tomou o cálice que o homem deveria beber, para que pudéssemos beber o cálice da salvação, o cálice do amor de Deus, “porque Deus expressa o seu amor no fato de ter Cristo morrido por nós sendo nós ainda pecadores”.

De modo que, aquele que padeceu sede no salmo 22, é o mesmo que nos conduz a águas tranquilas que refrigera a nossa alma no salmo 23.
Aquele que teve sede quando levantado na cruz é o mesmo que disse: se alguém tem sede, venha a mim e beba.
Aquele que teve sede é o mesmo que depois de Ressurreto e glorificado em sua ascensão envia o Espírito e aquele que nele crê, como diz as Escrituras, fluirão rios de águas vivas em seu interior!

Conclusão
Ele teve sede porque era homem – por isso pode se compadecer de nós
Ele teve sede para se cumprir as Escrituras – Ele é o Messias, o servo sofredor.
Ele teve sede para que jamais tivéssemos sede novamente – Ele tomou sobre si a ira que nos era destinada para nos reconciliar com Deus e nos trazer a paz.

Por uma vida que não vivi
Por uma morte que não morri
Na vida de outro
Na morte de outro

Descansará minha alma eternamente. 
(citado por Arthur W. Pink)

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Um Templo Precisa de Verdadeiros Adoradores

Autor: Rev. José Maurício Passos Nepomuceno
Uma rápida consideração sobre o culto prestado pelo povo de Deus, nos dias do profeta Isaías, nos mostrará que um dos erros de Israel era adorar a Deus de maneira meramente formal e exterior, sem um coração quebrantado e entregue verdadeiramente ao Senhor (Is. 1.12-17; 29.13).
O resultado desta adoração desprovida de temor foi o cativeiro babilônico,  ocasião em que o Senhor destruiu o templo, bem como a arrogância e autoconfiança dos homens (Jr 7.1-15). 
Tempos depois, nos dias de Esdras, Neemias e Zorobabel, o templo foi reconstruído. Deus usou Ciro, rei persa, e seus sucessores, para trazer de volta o seu povo à terra e levantar novamente os muros da Cidade de Jerusalém e o templo. Mas, infelizmente, a adoração hipócrita continuou a ser oferecida pelos homens e mulheres de Israel. Eles desprezavam Deus e o adoravam sem amor (Ml 1.6-14).
Como resultado, novamente Deus levantou juízo contra o seu povo. O grego Antíoco Epifânio, um rei selêucida, no intuito de conquista e imposição da cultura grega, profanou o Templo de Israel com sacrifícios de porcos e a instalação de estátuas de seus deuses. Sacerdotes fiéis foram depostos e outros, infiéis, colocados no lugar. 
Já nos dias de Jesus, o templo foi reformado, tornado novamente imponente, pelo trabalho de Herodes, o Grande. Beleza, grandiosidade e riqueza eram encontradas neste templo reformado. Contudo, o povo continuava a desprezar Deus e lhe oferecer sacrifícios vazios de amor. Eles haviam transformado a Casa de Deus em covil de salteadores (Mc 11.17).
Mais uma vez, no ano 70 d.C, o templo foi destruído e o povo da aliança perseguido, desta vez por Nero, o louco Imperador Romano. Jesus havia anunciado esta destruição quando disse: “Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada” (Mt 24.2). Quando o templo não tem verdadeiros adoradores ele corre o risco da destruição. Isto é o que a História nos ensina.  Deus deseja que seu povo o ame acima de tudo e lhe preste adoração viva, cheia de temor, pelo que Ele é e fez por nós.
A Bíblia fala de um novo templo, construído não com pedras e ouro, mas com corações quebrantados, habitados pelo Espírito Santo (1Co 6.19-20). Este templo não pode ser destruído por terremotos ou pelas mãos humanas. Mas também, não pode ser construído por estas. Este templo só existe, quando verdadeiros adoradores se apresentam diante de Deus em Espírito e em Verdade, os quais Ele busca para si (Jo 4.23).



sexta-feira, 4 de abril de 2014

Ele verá o fruto e ficará satisfeito

Autor: Rev. José Maurício Passos Nepomuceno

Cerca de 750 anos antes, Isaías anunciou a vinda do Messias, dando-nos conta de que seria o resgatador do povo da aliança, anunciando-nos um novo tempo (Is 9.1-7). Esmerou-se em nos apresentar o grande poder do Espírito de Deus que agiria através do Messias, conferindo-lhe graça e sabedoria para conduzir os seus filhos pelo caminho seguro da paz (Is 11.2-5; 61.1-3).

Dentre as tantas e importantes menções proféticas ao Messias, uma se destaca pela descrição da grande dor que o Escolhido de Deus sofreria. Trata-se do capítulo 53 da profecia, que apresenta os sofrimentos do Messias: “Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer” (Is 53.3a). Diante destas descrições tão detalhadas e do seu cumprimento nos dias da vida de Jesus Cristo de Nazaré, resta-nos fazer uma pergunta: “O que movia Jesus de Nazaré a enfrentar caminho tão amargo?”
Parte da resposta podemos extrair do texto: “Todavia, ao SENHOR agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a sua  vida alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do Senhor prosperará nas suas mãos. Ele verá o fruto do penoso trabalho da sua alma e ficará satisfeito; o meu servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniquidades deles levará sobre si” (Is 53.10-11).
Destaco dois aspectos da motivação de Jesus para seguir até a cruz, o seu amargo destino. Primeiro, Ele sabia que cumpria a vontade de Deus: “A vontade do Senhor prosperará nas suas mãos”. Não lhe importava que a vontade de Deus incluía o fato de ser transpassado pelas transgressões dos homens e moído em sua alma. Cumprir a vontade de seu Pai era razão suficiente para seguir em frente.
Mas Ele também tinha uma percepção clara de que sua vida era instrumento para a salvação dos pecadores: “Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma”. Jesus caminhou sem vacilar na direção do Gólgota, porque sabia que o fruto do seu trabalho traria graça sobre a nossa vida. Em resumo, amar a Deus, a você e a mim o motivou a trilhar o mais escuro caminho de dor.
Estas mesmas coisas motivam você? O fruto da sua vida está atrelado a quais fatores? O que realmente concita você a agir no Reino de Cristo?  Um amor maior e mais elevado deve agir em seu coração para que ele verdadeiramente frutifique.