João 19. 28
Autor: Bel Marcos Cleber Santos Siqueira
Quão expressivo e quão trágico o quadro pintado pelo Apóstolo João: “vendo Jesus que tudo já estava consumado, para se cumprir as Escrituras disse: Tenho sede!”
Quão expressivo e quão trágico o quadro pintado pelo Apóstolo João: “vendo Jesus que tudo já estava consumado, para se cumprir as Escrituras disse: Tenho sede!”
Que
contraste! Aquele que todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem
ele, nada do que foi feito se fez, o autor da vida, clama: Tenho sede!
Como verdadeiro Deus ele poderia ter e fazer
tudo com apenas um pensamento. Com um aceno de mão ele poderia ter feito
retornar o cuspe de seus acusadores para suas faces. Com um arquear de uma das
sobrancelhas ele poderia ter paralisado a mão do soldado que o batia. Com
apenas um gesto ele poderia beber a água mais refrescante de todo o mundo, mas
não. Ele nunca utilizou o seu poder divino para o seu conforto pessoal. Antes
ele clama, tenho sede! Este clamor não é um apelo por compaixão, nem um pedido
para que seu sofrimento seja atenuado, mas é a expressão da intensidade das
agonias que ele estava passando.
O Senhor dos senhores, O Rei da glória, O
Eterno, sente a necessidade mais básica e essencial à vida humana, ele sente
sede.
Por que ele teve de sentir sede?
Ele sentiu sede porque aquele que era
verdadeiro Deus era também verdadeiro homem.
1.
Ele
teve sede porque era homem.
Sim, ele teve sede porque era homem. Por ser ele verdadeiramente homem o
autor de Hebreus pode dizer: Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas
fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas
sem pecado. Hb 4. 15
Ele se fez homem para ser um intercessor capaz
de reconciliar o homem com Deus. O verbo se fez carne, e por isso ele pode se
compadecer das fraquezas humanas. A encarnação nos mostra que Deus não é
indiferente ao sofrimento humano, pois ele foi homem de dores que sabe o que é
sofrer. Ele não é impessoal ou indiferente a dor humana, mas antes ele se
compadece.
2.
Ele
teve sede (principalmente) para que se cumprissem as Escrituras
O Salmo 22 se cumpre. O seu vigor secou-se
como um caco de barro, a sua língua se apegou ao céu da boca.
Em sua angustiante sede lembramos do Salmo 69.
21 “Por alimento lhe deram fel e em sua sede lhe deram a beber vinagre”.
Quem é o homem crucificado na cruz que diz ter
sede? Seria mais um criminoso? Um inimigo de Roma? Um mártir apenas?
Não. Ele é o cumprimento das Escrituras, ele é
o Filho de Deus, O Messias prometido, o servo sofredor: tomando sobre si as
nossas enfermidades e dores, ele é o ferido de Deus e oprimido, traspassado
pelas nossas transgressões moído pelas nossas iniquidades, porém por todo o seu
sofrimento os seus eleitos foram sarados!
3.
Ele
teve sede para que fossemos saciados espiritualmente
Na angustiante sede, Jesus ingere uma bebida
ácida (diferentemente do vinho e mirra recusado por Jesus que tinha como
objetivo atenuar o sofrimento, o vinagre era um vinho barato bebido pelos
soldados. De acordo com os estudiosos esta bebida dava um novo animo ao
prisioneiro, a intenção não era boa, na verdade este era um modo de prolongar o
sofrimento do crucificado). Mas o gosto do vinagre, não era em nada semelhante
com o gosto do cálice da ira de Deus. Jesus bebeu um cálice muito amargo ele
disse: “Pai, se possível passa de mim este cálice, todavia seja feita a tua
vontade”. Ele sofreu o que o homem deveria sofrer, ele tomou o cálice que o
homem deveria beber, para que pudéssemos beber o cálice da salvação, o cálice
do amor de Deus, “porque Deus expressa o seu amor no fato de ter Cristo morrido
por nós sendo nós ainda pecadores”.
De modo que, aquele que padeceu sede no salmo
22, é o mesmo que nos conduz a águas tranquilas que refrigera a nossa alma no
salmo 23.
Aquele que teve sede quando levantado na cruz
é o mesmo que disse: se alguém tem sede, venha a mim e beba.
Aquele que teve sede é o mesmo que depois de
Ressurreto e glorificado em sua ascensão envia o Espírito e aquele que nele
crê, como diz as Escrituras, fluirão rios de águas vivas em seu interior!
Conclusão
Ele teve sede porque era homem – por isso pode se compadecer de nós
Ele teve sede para se cumprir as Escrituras – Ele é o Messias, o servo sofredor.
Ele teve sede para que jamais tivéssemos sede
novamente – Ele tomou sobre si a ira que
nos era destinada para nos reconciliar com Deus e nos trazer a paz.
Por
uma vida que não vivi
Por
uma morte que não morri
Na
vida de outro
Na
morte de outro
Descansará
minha alma eternamente.
(citado por Arthur W. Pink)
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