Autor: Rev. José Maurício Passos Nepomuceno
Culto, pregação, aproximação pessoal, estas foram algumas das estratégias presbiterianas para ganhar a mente dos brasileiros. O entendimento dos presbiterianos a respeito do processo de influencia sobre o povo brasileiro não parou nas ações dentro da igreja ou no âmbito do evangelismo corpo a corpo. Muito cedo, os pregadores presbiterianos voltaram os seus esforços para a literatura, em particular, o uso dos jornais.
Embora ainda haja um campo magnífico a ser explorado por pesquisadores, é muito conhecido de todos do campo de pesquisas históricas, que os primeiros protestantes brasileiros foram muito abundantes no uso do material escrito. Eles produziram atas, relatórios, publicaram folhetos, traduziram livros e escreveram muitos artigos para jornais.
O Rev. Simonton, em 1863, escreveu uma carta para a Junta de Missões Estrangeiras falando sobre a oportunidade de pregar o Evangelho por meio do uso dos jornais que circulavam no Império: “Uma imprensa livre oferece vantagens para a disseminação da verdade evangélica que deve ser muitíssimo apreciada. Livros e tratados protestantes podem ser publicados sem necessidade de licença do governo; mesmo os jornais das grandes cidades prontamente aceitam inserir um artigo religioso cobrando as mesmas taxas de um artigo comum. A despesa de uso dos jornais é considerável, mas como vários deles circulam por todo o império, a verdade salvadora é, dessa forma, espalhada por um vasto campo”. Essa percepção estratégica foi fundamental para que em 5 de novembro de 1864, o primeiro periódico protestante fosse impresso na cidade do Rio de Janeiro: “Imprensa Evangélica”, que foi publicado até 1892.
O jornal “Imprensa Evangélica”, inicialmente, dirigido pelo próprio Simonton, publicava sermões, trechos de obras literárias protestantes, divulgava os trabalhos e endereços das igrejas, além de colunas específicas de apologia sobre os erros do catolicismo romano etc. Mas um dos seus focos mais interessantes era a ideia de que poderia servir como um manual de devoção pessoal para as famílias presbiterianas do país.
Fazer o brasileiro ler e usar esta leitura como mecanismo de conquista dos corações foi um dos mais bem sucedidos projetos presbiterianos no intuito de espalhar o Reino de Cristo no Brasil. A Imprensa Evangélica foi só o começo de uma vastidão de publicações, o que levaria os presbiterianos a outro grande empreendimento: a educação.