terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Um Novo Ano Novo Para Você!!

Autor: Rev. José Mauricio Passos Nepomuceno

Tudo bem, posso entender se você achar redundante desejar um “Novo Ano Novo” para alguém. Na verdade eu apenas quero dizer que algumas, ou muitas, vezes para começar “de novo” um “ano novo”,  é preciso fazer isto de um "jeito novo”.
Em Efésios 5.15 a 17, o  apóstolo Paulo nos provoca ao despertamento e à reflexão quando diz: “Vede prudentemente como andais”. Fazer qualquer caminho não é um jeito certo de trilhar mais um ano de vida, mas é preciso pensar mais, refletir mais e ouvir mais antes de escolher alguma direção.
Faremos algumas escolhas erradas, afinal somos somente seres humanos, que nada sabem sobre o futuro e nem sempre conseguimos prever as consequências. O que não é certo é cairmos de novo no erro de fazer escolhas como fruto da nossa impaciência, ansiedade ou simples loucura, como completa o apóstolo: “...não como néscios, mas sim como sábios” (Ef 5.15).
“Remindo o tempo por que os dias são maus” (Ef 5.16) - Não somos senhores do tempo, ele passa tão rápido que nem sequer percebemos. De repente, o hoje vira ontem, anteontem, mês passado, ano passado... Remir, nesta palavra do apóstolo tem o sentido de “salvar”, isto é, fazer o melhor uso possívelÉ comum que terminemos os dias do  ano, com algumas lembranças ruins de como deixamos o  tempo passar à toa. 
Quem sabe escolher bem o que fazer a cada oportunidade, consegue viver melhor em dias maus. Gastar nosso tempo com qualidade, em coisas que constroem e organizam a vida e o futuro é sempre o melhor jeito de ver as coisas passarem para o ontem. 
O conselho do apóstolo se encerra afirmando que o mais importante é compreender que nosso maior trabalho não simplesmente fazer novas escolhas, mas deixar com que nossas escolhas sejam frutos da nossa consciência de quais escolhas estão mais de acordo com a vontade de Deus: “procurai compreender qual a vontade do Senhor” (Ef 5.17).
Com certeza, nos cansamos de começar ano e terminá-lo olhando para trás carregando tantas frustrações. Ainda que tenhamos vivido coisas boas e felizes, temos de conviver com falhas, omissões, precipitações que nos acompanham. 
Ter um “Novo Ano Novo” pode significar uma nova visão de como trilhar a estrada 2016. Ouvir mais, pensar mais e cuidar mais de cada maneira como usaremos o  nosso tempo. Conhecer mais a "novidade de vida" que a vontade de Deus tem preparada para nós, nos dará uma condição maior de fazer "Tudo Novo neste Ano Novo”. 

Um Novo Feliz Ano Novo Para Você!! 


domingo, 27 de dezembro de 2015

Cristo todos os dias!

Autor: Rev. José Mauricio Passos Nepomuceno
A leitura bíblica nos oferece um conhecimento riquíssimo sobre a pessoa e obra de Jesus como nosso único  e suficiente Salvador. Seu  nascimento virginal, sua vida impecável, ensino cativante, milagres impressionantes, a paz de suas ações e, por fim, sua morte injusta, mas necessária, tudo isto nos conduz à fé e ao quebrantamento de coração.
De muitas maneiras a Palavra de Deus nos conduz a uma sensação de segurança e paz espiritual. Por isso, nos sentimos consolados quanto a toda a boa obra que Jesus fez no passado e o modo como demonstrou o seu poder. Também, quanto ao nosso futuro, podemos descansar, crendo que ele voltará para nos resgatar e nos dará a vida eterna.
No entanto, por algumas razões, todo este farto conhecimento sobre Cristo, muitas vezes falha em nos trazer consolo, força e sabedoria para lidar com a situação presente. Por isso, precisamos continuamente de Cristo como o Salvador de todo o dia e não será diferente em cada dia  do ano de 2016.
Eis que estarei convosco todos os dias - As palavras de Jesus aos seus discípulos, ditas no momento de sua ascensão, devem nos conduzir a pensar em Cristo e o papel que ele deve exercer  nas mais concretas circunstâncias da nossa vida. Devemos pensar que precisamos Cristo hoje.
Primeiramente, precisamos nos lembrar de que somos pecadores e capazes de estragar tudo ao nosso redor com um gesto ou apenas uma palavra. Na verdade, somos autodestrutivos (Rm 7.18-24) e precisamos que Jesus nos ensine a vencer esse poder destruidor do nosso coração pecador, nos santificando e aconselhando a cada passo (Rm 8.10) .
Em 2016, precisaremos realizar o que é bom, fazendo escolhas certas e, pelas razões mencionadas antes, carecemos que Jesus os guie. Temos inclinações à precipitação, ansiedade, vanglória, egoísmo etc. Todas estas coisas nos empurram a escolher mal (Ef 5.15) e precisamos meditar sobre como Jesus agiria, o que priorizaria e imitá-lo em tudo (1Co 11.1).
Por fim, precisamos viver para Deus e buscar outros para o caminho certo. Se desejamos um 2016 diferente de todos os já ficaram para trás, temos de viver mais fortemente nossa fé e comunhão com Cristo (Mt 11.29). Sua presença em nossa vida deve se tornar a marca de nosso caráter (Gl 2.20).
Cristo vive em mim hoje! É necessário que eu e todos os que me cercam possam perceber isto. A verdadeira vida cristã consiste em ter mais e mais de Cristo a cada dia, trazendo para o “hoje” o poder do passado e a glória do futuro. Um próspero Ano Novo, no mais pleno significado deste termo, deve ser um Ano Com Cristo!



terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Um Presente Para Jesus

Autor: Rev. José Mauricio Passos Nepomuceno

Entre as cenas mais conhecidas do Natal temos aquela em que os magos do oriente se prostram diante de Jesus e lhes entregam o ouro, o incenso e a mirra (Mt 2.11). Estes presentes representavam toda a expectativa e reconhecimento que tinham para com Jesus, como seu Rei.
O Natal é em nossa cultura uma época para a troca de presentes. Uma pequena lembrança, um presente caro, ou ainda um simples gesto de consideração e, mesmo sem custo financeiro, são maneiras de se comemorar e viver o Natal. E acredito que essa ideia de presentear no Natal tenha a ver com aqueles sábios do oriente e sua atitude.
No entanto, seguindo mais de perto o exemplo daqueles magos, deveríamos refletir sobre o presente que precisamos dar a Jesus. Afinal, o Natal é o dia de Jesus. O que será que Jesus gostaria de receber neste Natal?
Podemos imaginar algum significado para o outro, o incenso e a mirra que aqueles homens entregaram a Jesus. O Evangelista Mateus apenas nos informa que eles ofertaram os seus tesouros: “Entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se, adoraram; e, abrindo os seus tesouros, entregaram-lhe suas ofertas; ouro, incenso e mirra (Mt 2.11).
Não acredito que o principal desta cena esteja no valor ou significado destes três presentes, mas no fato de serem tesouros pessoais. Suas ofertas eram parte da vida daqueles homens.  Este é um ponto importante.
Mateus foi o escritor do Novo Testamento que mais usou a palavra grega “Thesaurous”. Ele, ligou a ideia de tesouro ao conceito de “coração”: “Porque onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Mt 6.21). Da mesma forma, Lucas também uniu estes dois conceitos: “O homem bom do bom tesouro do coração tira o bem” (Lc 6.45).
“Filho meu, dá-me o teu coração” (Pv 23.6) - este é o presente que precisamos entregar  para Jesus. No Natal e em todos os outros dias, nosso coração deve ser entregue a Ele. Na verdade, quando nosso coração for totalmente dEle, Ele será o nosso grande tesouro.
Quem serão os sábios deste Natal? Os sábios serão aqueles que oferecerem a Cristo sua vida, como sua maior preciosidade, seu tesouro. Estes poderão colher o melhor desta data e realmente descobrir o que é e como se vive um “Feliz Natal”. Estes são, para todos, os nossos votos de um Feliz Natal para todos!


sábado, 12 de dezembro de 2015

Imagens do Messias - O Servo Sofredor

Autor: Rev. José Mauricio Passos Nepomuceno


Filme Nárnia - Cena: A Morte de ASLAN
Na profecia de Isaías, podemos identificar algumas imagens do Messias:  o Filho da Virgem, o  Governante Real e o Servo Sofredor. A imagem de “Servo Sofredor” é particularmente trabalhada na parte final do livro (capítulos 42 a 53),, onde  encontramos vários textos sobre o “Servo de Jehovah” (42.1-7; 49.1-6;;50.4-9; 52.13; 53.12).
A Bíblia, de forma especial, usa o termo “servo”, para designar indivíduos que desenvolveram um relacionamento com Deus de verdadeira piedade e desempenharam papéis específicos na obra de Redenção. Alguns dos mais destacados exemplos deste tipo são: Moisés (Nm 12.7) e Davi (1Cr 17.17).
A partir do capítulo 42 de Isaías, o termo servo é empregada para designar alguém específico, uma pessoa pactual que viveria incondicionalmente para Jehovah e daria sua  vida para cumprir o propósito de levar a termo a sua obra. Sem medir as consequências para si, este homem, escolhido e acreditado pelo próprio Jehovah, viveria apenas para servir.
Esta figura messiânica, que agiria na força de Deus em favor do povo da aliança, seria o promulgador de uma nova maneira de viver, baseada na justiça e no amor de Deus. Mas ele não forçaria Israel a seguir o seu caminho. Antes, o conquistaria para Deus e  a atratividade do seu caráter seria a marca do mundo novo que Deus prometia implementar para o seu povo amado.
No capítulo 65, a partir do verso 17, o próprio Deus  descreve esse mundo novo: “Pois eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, jamais haverá memória delas. Mas vós folgareis e exultareis perpetuamente no que eu crio; porque eis que crio para Jerusalém alegria e para o meu povo regozijo (Is 65.17-18).  Mas essa visão gloriosa do novo mundo de Deus para o seu povo é antecedida pela obra pesada do “Servo de Jehovah”, o “Servo Sofredor”: “Todavia, ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a sua vida alma como oferta pelo pecado (...). Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu servo, o Justo, com o seu conhecimento justificará a muitos, porque as iniquidades deles levará sobre si (Is 53.10-11).
Certamente, a figura do “Servo Sofredor” é uma das mais explicativas sobre o ministério e obra de Jesus Cristo, o Messias. Se desejamos entender Cristo é preciso passar pela imagem do “Servo Sofredor”, o qual sofre por amor e se regozija em servir para salvar vidas. Assim também, devemos entender o papel da igreja, pois ela é “igreja sofredora”.
A igreja não é “sofredora” apenas por causa do martírio, resultante da maldade dos homens (como é possível ver em nossos dias, em muitos lugares do  mundo). Somos verdadeiros “servos sofredores” na medida em que aprendermos a amar os perdidos e encontrar razão de existir no modelo de vida que se realiza e alegra quando vive para restaurar vidas. Portanto, este sofrimento é  caracterizado por dar a vida para servir a Deus no propósito redentivo para o qual Ele nos enviou a este mundo, como representantes daquele “Servo Sofredor”, Jesus Cristo, a quem servimos e para quem vivemos.

sábado, 5 de dezembro de 2015

Imagens do Messias - Um Sacerdote, Segundo a Ordem de Melquisedeque

Autor: Rev. José Mauricio Passos Nepomuceno

Pouco se sabe sobre o homem chamado “Melquisedeque”, citado em três textos das Escrituras (Gn 14; Sl 110; Hb 5-7).  Ele apareceu a Abrão, quando este ia ao encontro do exército do Rei de Sodoma para guerrear. Melquisedeque, descrito como Rei de Salém e Sacerdote do Altíssimo, trazendo consigo “pão e vinho”, abençoou a Abrão afirmando a vitória do patriarca (Gn 14.18-20).
O Rei Davi escreveu um salmo no qual afirma que o Messias, portador do cetro de Deus, traria consigo um juramento: “tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque” (Sl 110.4). Essa expressão foi tomada pelo escritor aos Hebreus e aplicada claramente a Jesus Cristo (Hb 5. 5-6).
Essa descrição bíblica do Messias aponta para valores muitíssimo importantes do nosso Senhor. Ter entendimento destes valores poderá modificar alguns aspectos do modo como nos relacionamos com Jesus e esperamos nEle. Um texto de grande importância para este entendimento é Hebreus 7.1-4.
Rei de Justiça - Neste texto, o autor aos Hebreus toma o nome “Melquisedeque”, que tem como raiz as palavras “Maleq” e “tsadique” (Hebraico - rei/justo), e descreve o caráter justo de Cristo e do seu sacrifício por nós. Da mesma forma, ele fala do caráter de Cristo chamando a atenção para a expressão: “Rei de Salém”.
Rei de Salém - a descrição “Rei de Salém” ou “Rei da Paz” está diretamente ligada à pessoa obra do Salvador no que diz respeito ao resultado da justiça que ele oferece no seu sacrifício. Ou seja, toda a obra de Cristo tem como razão final nos oferecer paz.
Estes dois destaques feitos pela carta aos Hebreus apontam para um “Rei”. Entretanto, em todos estes textos destacasse este rei como um sacerdote. Ao falar de Melquisedeque, o escritor bíblico ressalta que não há uma descrição genealógica dele e afirma que semelhantemente Cristo também é eterno. Assim sendo, a obra de perdão operada no sacrifício de Cristo também dura para sempre.
Concluímos, portanto, que a justiça que emana do sacrifício de Cristo não é duvidosa, passageira ou momentânea, mas eterna e segura. Ela produz o fruto da paz! Como nosso rei-sacerdote ele, por meio de sua morte, satisfez a justiça e nos trouxe a mais preciosa paz que se deve esperar neste mundo: ter comunhão com Deus.
Ao nos ensinar Cristo como um Sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque, as Escrituras nos conduzem a um estado de confiança e segurança que nos faz repousar seguros nEle. O “pão e vinho” são símbolos desta justiça e paz eternas que nos são oferecidas em Cristo. Nosso rei-sacerdote é poderoso para nos oferecer sua eternidade e perdão como ofertas de seu amor.
Abraão deu o dízimo - Não se trata de compra do favor, mas de reconhecimento e gratidão. É muito importante que o cristão aprenda a celebrar sua vida com Cristo com o gesto da entrega e da rendição (Hb 7.4). Quando aprendermos a entregar o melhor para Deus, estaremos um pouquinho mais perto de ter compreendido quem Ele é. 
Este é o ponto central de toda a história: quem Ele é! É a partir daqui que tudo muda e tudo se transforma em nós. Quando nos aproximamos deste verdeiro Cristo, tudo fica pequeno e pouco importante, porque nos sentimos seguros, livres e em paz. Conhecê-lo é o que mais precisamos agora.

sábado, 28 de novembro de 2015

Imagens do Messias - Um Rei, Filho de Davi

Autor: Rev. José Mauricio Passos Nepomuceno

Jesus, Filho de Davi - As imagens bíblicas  que apontam para Jesus, são uma maneira didática para nos ensinar a respeito do Nosso Senhor. Entre elas, encontramos a figura “Filho de Davi”. Mas o que isso explica sobre a pessoa e obra do Nosso Salvador?
A primeira frase do Novo Testamento apresenta Jesus Cristo da seguinte forma: “Livro da Genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão” (Mt 1.1).  As genealogias tinham um importante lugar na cultura dos judeus. Elas apontavam para a grande promessa dada a Adão (Gn 3.15), que fala que “o descendente” da mulher haveria de esmagar a cabeça da serpente. Desde então, as famílias de Israel passaram a esperar por este “filho”.
Abraão foi um destes agraciados pela promessa de um descendente (Gn 17.19). Dele, nasceu Isaque, o filho da promessa. Os anos se passaram, a família de Isaque cresceu e depois dos dias de Jacó, seu filho, um grande povo saiu do Egito, rumo à terra de Canaã. Os hebreus, agora, israelitas, se tornaram uma nação organizada.
Já na terra, escolheram um rei. O primeiro foi Saul, mas este não fez o que era reto perante o Senhor. Por isso, Deus tirou-lhe o trono, provendo para si um Rei, segundo o seu coração, Davi, o filho de Jessé. A Davi, Deus fez uma promessa a Davi: “Quando teus dias se cumprirem e descansares com teus pais, então, farei levantar depois de ti o teu descendente, que procederá de ti, e estabelecerei o seu reino. Este edificará a mim uma casa ao meu nome, e eu estabelecerei para sempre o trono do seu reino (2Sm 7.12-13). Nestas palavras, podemos aprender importantes lições sobre o Messias. Destacamos aqui o fato de que Jesus veio ao mundo para reinar. 
Estabelecerei o seu reino - Deus deixa claro que a conquista realizada por Jesus, o Filho de Davi, não é o simples resultado do poder humano, mas do grande poder de Deus. Paulo diz que este poder foi exercido em Cristo e o colocou acima de todos os principados e potestades (Ef 1.19-21).
Edificará uma casa - Essa promessa é uma referência ao  templo, que seria construído por Salomão. As Escrituras nos falam de uma “Casa” ainda maior, o verdadeiro Templo do Senhor, feito de “pedras vivas”, a Igreja. Cristo, em seu ofício real, trabalha para edificar a Igreja, que é também chamada de “O  Corpo de Cristo” (Ef 1.23).
O Eterno Trono do Seu Reino - Juntos, o Rei e seu povo, o Cabeça e o Corpo, Cristo e a Igreja podem desfrutar da promessa de uma vida eterna de harmonia, de justiça e comunhão. Este reino eterno é o lugar dito nas  Escrituras: “...para mostrar, nos séculos vindouros a suprema riqueza da sua graça e bondade para conosco” (Ef 2.7).
Um Reino de Luz que se levanta sobre a vida daqueles que clamam ao “Filho de Davi” que lhes socorra e lhes abra os olhos para que possam ver (Lc 18.41). A este mesmo Jesus, Rei pelo poder de Deus, construtor da nossa casa espiritual e eterno Rei, você também pode clamar: “Jesus, Filho de Davi, eu quero ver”. 

sábado, 14 de novembro de 2015

Imagens do Messias - O Filho de Abraão

Autor: Rev. José Mauricio Passos Nepomuceno

“Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão” (Mt 1.1). O Evangelho de Mateus apresenta a pessoa de Cristo e pontua especialmente sobre o fato de que era “filho de Abraão”. Mas o que isso quer dizer? De que maneira isso é importante para um cristão do século I? E para nós, do século XXI, qual o  valor desta informação?
A profecia mãe, Gênesis 3.15, anunciava a vitória sobre o pecado vindo de um descendente de Eva. As Escrituras trabalharão com a imagem do descendente messiânico durante todo o trajeto da História da Redenção. Quando este relato chega no capítulo 11 de Gênesis, depois da torre de Babel, as Escrituras se voltam para a história de um homem, Abraão.
Abraão se tornou uma das mais importantes personagens da história do povo de Deus. Não somente por ter sido o pai do povo hebreu, mas principalmente, por ter confiado em Deus e vir a se tornar o “pai dá fé” (Rm 4.11). Ele qualificou-se como modelo de esperança, no sentido de ter vivido neste mundo na busca de viver e trabalhar para que Deus, através de sua vida, cumprisse o grande propósito de redimir e abençoar pessoas do mundo inteiro: “Abraão, esperando contra a esperança, creu, para vir a ser pai de muitas nações, segundo lhe fora dito: assim será a tua descendência” (Rm 4.18).
Jesus Cristo, filho de Abraão, é um sinal do governo de Deus sobre toda a história e da fidelidade de Jehovah que cumpre suas promessas. Jesus, é o filho da promessa e a esperança de Abraão. Foi por este filho, que Abraão lutou, sofreu e venceu suas batalhas pessoais, suas lutas contra poderosos inimigos e principalmente, os embates contra o seu próprio coração que precisava continuar crendo e confiando.
Judeus do primeiro século deveriam se sentir em paz pela realização das promessas de redenção e do poderoso plano de amor salvífico da parte de Deus. Quando Mateus anunciou Jesus Cristo como o filho de Abraão, falou da consumação da esperança do povo de Deus. Mas, o que isto significa para nós, brasileiros do Século XXI?
O apóstolo Paulo, que foi incumbido por Deus de anunciar o evangelho aos não judeus, disse o seguinte: “Ora, tendo a Escritura previsto que Deus justificaria pela fé os gentios, preanunciou o evangelho à Abraão: em ti, serão abençoados todos os povos da terra” (Gl 3.8). Portanto, para nós, Jesus Cristo representa o mesmo plano de salvação que não nos excluiu, mas tornou-nos “filhos de Deus”.
Jesus Cristo, o filho de Abraão, é a nossa carta de adoção na família de Deus e também é a nossa esperança, a certeza do amor incondicional do Pai Celestial. As palavras de Mateus não consolam apenas os judeus dos dias de Jesus, mas produz fé também sobre todos os que crêem, porque Deus tem só um povo, aqueles que em Cristo são chamados, pela fé, “filhos de Abraão”.
Jesus Cristo, o filho de Abraão, é uma imagem que representa a nossa caminhada de fé, rumo às promessas de Deus. Ela nos conduz à extrema confiança na luta por ideais de fé que se realizam na nossa vida, quando apreendemos a crer, mesmo que seja contra a esperança e quando aprendemos a caminhar na direção certa, segundo a Palavra de Deus.



sexta-feira, 15 de maio de 2015

A Ascensão de Cristo e a Missão da Igreja

Autor: Rev. José Maurício Passos Nepomuceno

A ascensão de Cristo tem implicações que vão além da cena espetacular do Monte das Oliveiras. Trata-se de um dos mais importantes acontecimentos redentivos da história. Todo aquele período histórico, do nascimento, morte e ressurreição do Senhor,  culmina com a ascensão do Senhor para assentar-se à destra de Deus (At 2.32-33), assumir toda autoridade (Mt 28.18) e governar as nações com cetro de ferro (Ap 12.5).
A mensagem bíblica ligada à ascensão de Cristo estabelece uma profunda interligação entre a subida do Senhor ao céu e a vida da Igreja na terra. Dentre os tantos elementos desta ligação entre o Reino e a igreja, precisamos destacar dois: o desenvolvimento da missão da Igreja e a esperança do retorno do próprio Cristo.
Os Evangelhos, tanto quanto o livro de Atos, inserem o envio e responsabilização da igreja como agência anunciadora do Evangelho no contexto da sua ascensão: “De fato, Jesus, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu e assentou-se à destra de Deus. E eles, tendo partido, pregaram em toda parte, cooperando com eles o Senhor e confirmando a palavra por meio de sinais (Mc 16.19-20).
A percepção clara e concreta de que agora eram embaixadores do Reino Glorioso de Cristo neste mundo deu aos apóstolos e a toda a igreja cristã a força e a coragem necessária para se tornarem transformadores do mundo (At 17.6). Nada os deteve porque sabiam que sua mensagem era verdadeira e necessária: “(...) e nos mandou pregar ao povo e testificar que é quem foi constituído por Deus e Juiz de vivos e mortos” (At 10.42).
A missão da igreja se desenvolvia corajosamente em meio ao ódio do mundo pela igreja (Jo 17.14), mas a igreja se mantinha firme, porque cria que todo este esforço teria recompensa quando Cristo voltasse para instalar visivelmente o seu reinado eterno (Jo 16.33; Ap 22.12). A nossa esperança reside no fato de que o Cristo Vivo e Verdadeiro voltará e completará definitivamente a obra do seu Reino: “(...)Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu virá do modo como o vistes subir” (At 1.11).
Ser igreja de Cristo neste mundo exige coragem para vencer todos os que se opõem, mas ela acontece sob o maravilhoso olhar de um Rei atento, disposto a cuidar dos seus súditos. A ascensão e entronização de Cristo é a garantia desta esperança bendita e diária, mas que também aponta para um momento futuro e final do qual revelará o poder de Cristo e glória de Sua Igreja.

Cristo assentado no Trono de Sua Glória é o fato da vida que mais poderá fazê-lo seguir adiante. Isso deve motivá-lo a enfrentar todas as coisas do  seu dia a dia com esperança e fé. Portanto, não se deixe esmorecer, quando as coisas não funcionarem do jeito que você espera, mas olhe para o alto e deixe seu coração ser inundado da certeza da vida que flui do Trono da Glória!

sábado, 11 de abril de 2015

Mente Ressurreta Igual à Vida Ressurreta

Autor: Rev. José Mauricio Passos Nepomuceno

A presente era da História da Redenção é a “era da ressurreição”. Afinal, depois da ressurreição de Jesus, a ressurreição de todos os filhos de Deus passou a ser uma certeza vindoura, mas também presente. Paulo lidou com esta dupla realidade da vida ressurreta.
O apóstolo trabalhou com a questão da certeza de que no “último dia” desta era ocorrerá a ressurreição dos filhos de Deus, baseando sua afirmação na própria ressurreição de Jesus Cristo: “Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo. Cada um, porém, por sua própria ordem: Cristo, as primícias; depois, os que são de Cristo, na sua vinda” (1 Cor. 15.22-23). 
Paulo, também baseado na ressurreição de Cristo, exortou os crentes a manterem um comportamento diário correspondente com essa condição de quem morre e ressurge com Cristo. Ou seja, afirmou que a ressurreição não se trata apenas de um evento futuro, mas de uma necessidade da vida presente: “Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões; nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado, como instrumentos da iniquidade; mas oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a Deus, como instrumentos de justiça” (Rm. 6.12-13). 
Essa visão de vida ressurreta perpassa todo o Novo Testamento, que conclama a Igreja para um comprometimento contínuo com esse novo padrão  espiritual.  Deus deseja que desenvolvamos uma “mentalidade ressurreta”, que consiste em orientar o nosso viver por padrões elevados, segundo as Escrituras. 
Os versos de Romanos citados apontam a importância de mudarmos o princípio orientador da nossa vida e abandonarmos o modelo comandado por paixões próprias do pecado. Eles também indicam a atitude de “oferecimento da nossa vida a Deus”, implicando em uma disposição mental de entrega e negação de si mesmo. Por fim, o resultado disto é a justiça, ou o viver reto, como o alvo diário para cada um de nós.
Desenvolva um modo de pensar que rejeite o  pecado como estrada, que escolha o viver para Deus e a busca da justiça como alvo diário. Isso lhe dará uma vida ressurreta! Não existe maneira melhor para quem aguarda a ressurreição do último dia. Podemos, inclusive, dizer que a vida diária ressurreta é uma antecipação da vida ressurreta do futuro.

sexta-feira, 27 de março de 2015

As Razões de Um Choro - Mensagem Pastoral do Domingo de Ramos 2015

Autor: Rev. José Maurício Passos Nepomuceno
Chorar é uma das reações mais impressionantes da psique humana. Choramos quando estamos tristes e também quando estamos alegres; como desabafo ou pedido de socorro; por questões pessoais e por causa de outras pessoas. Enfim, o choro é uma reação complexa e há vários motivos pelos quais somos levados a chorar.
“Quando ia chegando, vendo a cidade chorou” (Lucas 19.41) - neste registro bíblico, tomamos ciência de que Jesus chorou ao  aproximar-se de Jerusalém, para aquela que seria a mais marcante de todas as semanas de sua vida humana, a semana da crucificação. Por que Jesus chorou? Que sentimentos se aprofundaram na alma de Jesus que levaram-no ao pranto por causa de Jerusalém?
O texto nos oferece uma possível resposta: “te arrazarão e aos teus filhos dentro de ti... Porque não reconheceste a oportunidade  da tua visitação” (Lucas 19.44). O choro de Jesus tinha como motivação: o  fracasso da fé do seu povo e os seus decorrentes sofrimentos. 
Toda a história da salvação está ligada à tristeza do coração de Deus, porque nós o rejeitamos e deixamos o seu caminho (Gn 6.5-6). Por isso, da mesma forma, Jesus chora diante da poderosa incredulidade do ser humano. Na esteira do mesmo sentimento, o salmista também chora  copiosamente pela falta de amor ao caminho de Deus e à sua Lei: “Torrentes de água nascem dos meus olhos porque os homens não guardam a tua lei” (Salmo 119.136). E quanto a você, o que lhe faz chorar? Seria capaz de chorar porque o povo de Deus está sendo consumido pela incredulidade?
Os textos bíblicos estão repletos de ensinos sobre os resultados desastrosos do pecado e a triste condição daqueles que vivem segundo a obstinação de seu coração rebelde. Contudo, muitas vezes, a atitude daqueles que são chamados para a vida com Cristo não parece refletir esse entendimento.
Jesus não chorou por causa dos infortúnios que o esperavam em Jerusalém. Ele pranteou em favor da vida do seu povo. Pois a morte se fazia presente ali, mas sua Cruz era a porta da vida que seria aberta em Jerusalém. A Cruz de Cristo nos leva ao choro. Mas diante dela, não pensemos apenas nos infortúnios de nosso Mestre, mas no amplo alcance da vida que ele nos deu, em sua chorosa cruz.
Nesta semana da crucificação, deve haver espaço para o choro daqueles que veem, na salvação dos perdidos, uma razão para viver.  

sexta-feira, 20 de março de 2015

Com Foco na Vida

Autor: Rev. José Mauricio Passos Nepomuceno

Dias atrás, li no Facebook a mensagem de uma jovem que dizia: “o importante é viver, estou focada na minha vida”. Eu a conheci, quando sua vida estava ligada à fé em Cristo Jesus, mas, depois de algum tempo, tornou-se mais inclinada a buscar sua auto realização, desenvolvendo-se no trabalho e no envolvimento com a sociedade humana em geral.
Não sejamos hipócritas, todos nós, em uma certa medida e cada um na sua, também temos expectativas de auto realização neste mundo. Desejamos ter melhores condições de vida material, ser respeitados na sociedade, reconhecidos de forma positiva entre as pessoas do nosso círculo de relacionamentos etc.  Tudo isso reflete o impulso natural de manter o foco na própria vida.
Jesus Cristo também manteve o foco na vida. A diferença significativa entre Ele e nós é que Ele focava não na “própria vida”, mas na “nossa”. Certa feita, passando por Samaria, os samaritanos se recusaram a lhe oferecer pousada, porque viram, em seu semblante, que estava decidido ir à Jerusalém (Lc 9.51-53). 
Pelo modo como Lucas relata esse episódio, inserindo a nota explicativa “ao se completarem os dias em que devia ele ser assunto ao céu”, podemos inferir que, para o evangelista, toda a caminhada de Jesus tinha como objetivo completar sua missão de nos salvar, pela morte da cruz em Jerusalém. 
Algumas das ênfases do Evangelho de Lucas recaem sobre o fato de que os homens, até mesmo os cristãos, perdem o discernimento de que a vida deve ser medida de uma maneira mais elevada do que apenas a temporalidade ou a materialidade da presente existência: “...porque a vida de um homem não consiste na abundância de bens que ele possui” (Lc 12.15b). Por isso, Jesus insistia em que o seu discípulo deveria ter uma visão correta sobre vida e fazer escolhas superiores: “Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo” (Lc 14.33).

Nestes dias que antecedem a Páscoa, ou a Cruz de Cristo, somos chamados a falar com Deus sobre a nossa própria vida. Ninguém pode passar e olhar para Cruz com segurança eterna, se não tiver realmente foco na verdadeira vida, que implica em aprender a morrer para viver (Lc 17.33). Quem não consegue sentir prazer em morrer para si mesmo e receber a vida de Cristo, vive  pequeno, projeta para si mesmo uma curta alegria e não tem foco na vida!

sexta-feira, 6 de março de 2015

A Solução é Voltar Para Casa.

Autor: Rev. José Maurício Passos Nepomuceno

Noticiários do Brasil dão conta de que uma lista, contendo nomes de vários políticos, foi apresentada ao Supremo Tribunal Federal ensejando que sejam realizadas investigações de casos de corrupção, do famoso escândalo da Petrobrás. Em outro caso, tomamos conhecimento de um juiz, responsável por julgar os crimes do mais famoso empresário brasileiro das últimas décadas, Eike Batista.

Eike é investigado por crimes contra o sistema financeiro, cometidos quando percebeu que suas multi-empresas estraram em colapso, puxado pela quebra da sua petroleira OGX. O juiz, responsável por julgar este caso, após determinação de apreensão de bens de Eike, foi flagrado usufruindo dos seus bens, ao ser visto dando uma “voltinha” em um carro Porsche de propriedade do investigado.

Políticos, juízes, policiais, líderes religiosos, compradores de CDs, DVDs ou programas de computadores pirateados, propinas, gatos elétricos, manipulação de planilhas de imposto de renda etc.. Estes são exemplos que conhecemos muito bem e que estão presentes no cotidiano da sociedade brasileira. Mas o que fazer? Será que somos uma sociedade “endemicamente” (natural de um povo) corrupta?

Talvez, nossos avôs e avós diriam: estes moços não tiveram educação? Creio que este é um ponto muito importante para a nossa reflexão. O que estamos perdendo são os valores básicos que poderiam nos oferecer resultados melhores. Por isso é que eu digo que  “a solução é voltar para casa”. Como na parábola da dracma perdida, eu diria que nossos valores se perderam dentro de nossas casas e é lá que iremos reencontrá-los.

Dizem que o problema da criminalidade será resolvido por uma escola melhor. Mas não existe escola melhor se não houver famílias melhores. Crime, corrupção, falhas morais são males que prescindem de lares construtores de valores.

Noutra parábola, a do rico e Lázaro, Jesus discute sobre os valores que nortearam a vida do rico e de sua família. O Mestre afirma que a solução para a reestruturação dos valores de sua família é: “Eles têm Moisés e os profetas; ouçam-nos” (Lucas 16.29). O rico retrucou, mas Jesus lhe disse duramente que nada mais poderia lhes mudar o coração. Precisamos reativar o poder dos bons lares cristãos, construídos sobre a Rocha, calcados e alicerçados nos valores eternos do Reino. As casas cristãs são importantes para a restauração da sociedade brasileira, precisamos lembrar disto.




 
 

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Quando o fraco é forte?

Autor: Rev. José Maurício Passos Nepomuceno

Quando o apóstoloPaulo falou sobre a força presente na fraqueza, estava instruindo a igreja a admitir suas limitações, quer as de ordem imposta pela força e poder de Satanás, agindo pela instrumentalidade dos ímpios, quer as que surgem de nossas distorções pessoais, afinal, nem sempre fazemos o que é bom, como desejamos (2Co 12.10).
No núcleo da mensagem do Evangelho encontramos o arrependimento, que é uma das mais maravilhosas obras da graça (2Co 7.10). Afinal, o verdadeiro arrependimento nasce de uma tristeza, que se origina na percepção da tristeza de Deus com nossas atitudes (Sl 51.4). O arrependimento é o primeiro sinal positivo da força que nasce na fraqueza. Pois, somente aqueles que reconhecem a fragilidade e inconstância de sua fé é que estão realmente preparados para serem fortalecidos no homem interior (Ef 3.16).
Este processo de crescimento é um projeto de Deus para a nossa vida (1Ts 4.3) e acontece, em geral, pela via da luta pessoal contra a própria inclinação pecaminosa (1Ts 4.4-5; Gl5.16-17). Nossa natureza transformada é testada por meio de muitas tentações desta vida e, por isso, devemos constantemente reequilibrar nossa relação com Deus, por meio da oração e meditação da Palavra (Mt 26.41).
Embora as Escrituras pontuem constantemente sobre a fragilidade da nossa fé e inclinação para o pecado (Sl 51.5; Rm 7.15-25), uma realidade ainda maior deve manter a nossa  fé viva. Trata-se do fato de que Deus é o nosso socorro na hora da tribulação, tanto quanto em meio à tentação (Sl 46.1-3; 1Co 10.13).
O socorro de Deus para todos os seus filhos, primeiramente se manifestou em Cristo,  quando ele venceu toda a tentação, abrindo a porta para socorrer todos os que são tentados (Hb 2.18). Portanto, Jesus Cristo é o instrumento de salvação que eu e você precisamos para que nossa fé não esmoreça. Nele reside toda a nossa força (Fp 4.12-13).
Para que possamos nos valer deste auxílio, precisamos primeiramente compreender que que, sem ele, nada é possível fazer a respeito da nossa salvação (Jo 15.5). Somente quando reconhecemos nossa necessidade e fraqueza é que alcançamos a força para nos levantar e prosseguir rumo ao alvo da nossa vida (Fp 3.12-14).
A vitória de Cristo é nossa única garantia de sucesso. Não se trata do que fazemos, mas de confiarmos no que ele fez. Portanto, o fraco é forte, quando Cristo é sua força!


terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

O Verdadeiro Arrependimento

Autor: Rev. José Maurício Passos Nepomuceno

O Arrependimento é um dos mais significativos sinais da obra do Espírito Santo no coração de uma pessoa. Entretanto, precisamos considerar o que realmente é um verdadeiro arrependimento. 
Arrepender-se, como os textos bíblicos indicam, é sofrer uma profunda alteração no modo de pensar e agir (Os 14.1-2). Esta alteração acontece em virtude de uma convicção acentuada do pecado e de como isto interfere na nossa relação com Deus (Is 59.2).
O Espírito Santo produz esta nova mentalidade e nos conduz a um sentimento de tristeza acentuada, provocada pela consciência do pecado e da necessidade de mudança. Paulo nos ensinou que essa tristeza é operada segundo Deus, isto é, pela ação sobrenatural da divindade.
Entretanto, o próprio apóstolo alerta para um tipo de tristeza que não é segundo Deus, a qual não pode produzir o verdadeiro arrependimento: “Porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação, que a ninguém traz pesar; mas a tristeza do mundo produz morte” (2Co 7.11).
Esta tristeza segundo o mundo não  nasce de uma obra do Espírito, despertando a consciência do pecado. Ela apenas gera uma profunda decepção, uma auto frustração que nos leva a um pesar pelo fracasso pessoal e não pela ofensa que cometemos contra Deus.
Ou seja, a tristeza segundo o mundo não produz o verdadeiro arrependimento que consiste em sentir o amargo de ofender a Deus. Ela é apenas um desconforto egocentrado, uma tristeza pessoal por não atingirmos algum padrão. Trata-se de uma auto censura, mas não de uma mudança de rumo na vida. Geralmente chamamos esta tristeza de remorso.
O Novo Testamento usa a palavra “metanóia” para definir o arrependimento. “Metanóia” ou “mudança de mente” é uma reestruturação do modo de ver o mundo e exige atitudes coerentes. João Batista, quando recebia os homens no deserto e os batizava, indicava-lhes o caminho de uma atitude transformada: “Produzi, pois, frutos dignos do arrependimento” (Lc 3.8).
Eis o ponto importante do arrependimento na sua vida. Não basta estar triste consigo mesmo por um erro, mas é necessário que sejamos conduzidos a uma reconstrução da nossa mente  para caminhos novos. Um novo modo de encarar as coisas, uma forma santa, que honre a Deus. Que este nosso grande desafio, provar a nossa fé e arrependimento com atitudes.


terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Quando lentilhas superam Deus


Autor: Rev. José Mauricio Passos Nepomuceno
O episódio ocorrido entre Esaú e Jacó, envolvendo um bocado de pão e um cozido de lentilhas é bem conhecido da maior parte dos cristãos. Contudo, apesar de conhece-lo e suas desastrosas consequências para Esaú, muitos, daqueles que professam amar a Deus sobre todas as coisas, ainda se vendem ou vendem sua lealdade a Deus e o desfrutar de sua herança, para receberem um bocado de pão e um prato de lentilhas.
Depois de um longo dia de caçadas e muito cansado, Esaú só conseguia pensar em um modo de superar a fome que sentia. Qualquer coisa seria um banquete. De repente, chegando em casa, viu seu irmão Jacó a preparar um guisado de lentilhas. Nem chegava a ser a um grande banquete, mas estava ali, prontinho para satisfazer-lhe os desejos e necessidades sentidas.
“Peço-te que me deixes comer um pouco desse cozinhado vermelho, pois estou esmorecido” (Gn 25.30). Esaú, dominado pela fome, desejando satisfazer imediatamente o desconforto, negociou com Jacó: o direito à primogenitura e com ele o direito à herança e a bênção de seu pai Isaque, por um bocado de pão e o guisado vermelho (Gn 25.33). O escritor bíblico, conclui o relato do episódio com o seguinte comentário: “Assim, desprezou Esaú o seu direito de primogenitura” (Gn 25.34).
Esta pode parecer apenas uma distante história, dos dias em que as coisas de família seguiam uma lei patriarcal. No entanto, não raro, trocamos tesouros, por lixo, especialmente quando estamos pressionados por necessidades egocentradas da nossa natureza humana.
Infelizmente, no que diz respeito ao bom relacionamento com Deus e o progresso da nossa fé, minutos de oração verdadeira e o precioso espaço da meditação bíblica, são deixados de lado em troca de futebol, conversa tola, ócio improdutivo e outras escolhas. Nem sempre se trata de coisas superficiais, é verdade, mas as lentilhas podem se transformar em trabalho, estudos, relacionamentos etc.
A questão não deve ser vista pelo lado do prato que Esaú escolheu comer, mas daquilo que ele desprezou. Na verdade, estava abandonando um projeto de vida que tinha a ver com o “ser o líder da família consagrada a  Deus”. Da mesma forma, podemos pecar escolhendo deixar de lado a busca de uma vida consagrada a Deus para servirmos a nós mesmos e nossos interesses.
Quando lentilhas superam Deus em nossos interesses, um alerta vermelho (sem trocadilhos com a cor do prato servido por Jacó) deve se acender em nosso coração. Neste momento precisamos fazer uma revisão imediata de nossa relação com Deus e buscar uma mudança de rota de interesses. Uma renovação do nosso interesse na vida com Deus é mais importante que o crescimento em qualquer outra área da vida. Jamais permitam que lentilhas superem Deus no seu coração.

domingo, 25 de janeiro de 2015

Uma Pergunta Sobre os 56 anos da Igreja Presbiteriana de Vila Formosa

Autor: Rev. José Mauricio Passos Nepomuceno

Muitas e muitas vezes, somos surpreendidos pelo tempo. Uma criança cresceu, não  é mais um bebê, de repente, nos assustamos com a simples constatação de que 10, 15 ou 20 anos se passaram. Moisés nos ensinou a pedir sabedoria para contar os dias, pois os anos se vão como um breve pensamento (Sl 90.9 e 12).
As Escrituras deixam claro que Deus é o único para quem os anos não produzem efeito, pois o tempo não o controla, mas lhe pertence. As profecias apontam sempre para o tempo de Deus, em especial aquelas que indicavam a chegada da salvação em Cristo. A este momento, as Escrituras chamaram de “a plenitude do tempo” (Gl 4.4).
O tempo do amadurecimento da fé é aquele em que uma pessoa passa da ideia comum de apenas conhecer e crer em algo, para viver sua fé como um padrão de existência. Para o apóstolo Paulo, Cristo representava mais que uma crença, era a sua vida: “Para mim, o viver é Cristo”(Fp 1.21). Isso também acontece com igrejas que amadurecem, quando o tempo forja em seu caráter marcas da face de Cristo e o desejo de viver para Deus (Gl 6.17).
“Como estes 56 anos de Igreja Presbiteriana de Vila Formosa moldaram nosso compromisso com Deus?”
As Escrituras dizem que o tempo deve produzir amadurecimento, o contrário sinaliza problemas (Hb 5.12). Não obstante, as mesmas Escrituras reconheciam que há aqueles que em pouco tempo surpreendem pela segurança de sua fé e comprometimento (1Ts 1.6-7). Assim, voltamos a dizer que “o tempo de Deus não é o nosso” e “Ele tem os seus planos a nosso respeito” (Jr 29.10-11).
Considerando, portanto, estas coisas, podemos responder à pergunta dizendo que, para saber o que tempo de Deus produziu em nós, precisamos verificar o que esperamos do futuro. Em outras palavras, o modo como aguardamos o que Deus fará, diz muito sobre tudo o que realmente Deus colocou em  nosso coração, porque a fé em Cristo é sempre dinâmica e nunca estagna no presente.
Uma igreja madura, desejará sempre ser melhor e mais útil no futuro. É desta forma que nossa geração vê seu chamado como Igreja Presbiteriana de Vila Formosa. Esperamos que os anos de vitória, tenham esculpidos em nosso caráter o anseio de fazer a vontade de Deus cada vez mais e melhor. Você precisa deste padrão, o padrão de Cristo. Deixe o que passou e busque o futuro, o alvo (Fp 3.12-14).